Por Ele - Kakashi

Um Novo Mundo

Eu estava estática. Vendo meu corpo de pé na frente do espelho que se estendia pelas portas do meu guarda roupa.

Eu não era essa mulher.

E o reflexo me olhava de volta me dando ainda mais certeza de que nada daquilo era real, afinal, como poderia? Eu sentia meus ossos baterem uns contra os outros e nada daquilo me fazia algum sentido.

A mulher do reflexo tinha um notável brilho louco nos olhos e mesmo assim, eu podia ver o tamanho do medo que ela levava dentro de si. No entanto, o vestido que moldava o corpo dela era de diversas formas atraente, nada que eu estivesse acostumada a ver. Tão diferente de mim e tão eu mesma perdida naquela fantasia.

Os olhos negros e curiosos estavam em mim, eu podia sentir isso. Também podia sentir aquele olhar acariciar a minha pele enquanto eu terminava de juntar os fios grossos do meu cabelo no alto da minha cabeça.

— Não precisa se preocupar, é apenas um jantar.

Podia até ser, mas meu corpo tremia em um quase arrependimento por ter aceitado aquela proposta. Aceitar sair com um homem que sabia mais de mim que os meus próprios pais, era inquietante.

Depois de ter aceitado aquela maldita proposta, ele sorriu tão indecentemente que os pelos da minha nuca se arrepiaram a ponto de fazer a minha pele arder. Mas não era ruim, meu corpo esquentou como se ansiasse por isso a muito e muito tempo.

Ele me aguardava escorado no batente da porta do meu quarto, me observando atentamente enquanto eu terminava de encaixar os grampos nos fios grossos e negros.

Eu queria fugir.

Pular pela janela do meu apartamento e parar de sofrer ansiosamente sabe-se lá pelo que.

Eu não sei porque tinha aceitado isso, agora eu estava terminando de me arrumar para jantarmos fora, mesmo ele tendo trago o jantar. Mesmo não precisando mexer um músculo sequer para nós nos conhecermos.

— Isso... isso é realmente necessário? — não custava nada perguntar a ele, já que tudo estava indo rápido demais.

Ele sorriu docemente e invadiu o espaço pessoal do meu quarto, caminhou com lentidão até parar a centímetros das minhas costas. Perto o suficiente para que eu pudesse sentir o calor que seu corpo emanava.

— Nada pode acontecer sem que você aceite, lembre-se disso, Ume.

Ele não tocou em mim, não foi necessário. Minhas pernas cederam como se aquele homem atrás de mim tivesse tocado em cada centímetro do meu corpo e descoberto cada um dos meus segredos. Mas ele não tinha dito nada demais.

Ele não precisava dizer nada para que meu corpo entrasse em algum tipo de torpor, um transe que eu jamais imaginei que pudesse existir.

— Seria egoísmo meu dizer que preciso que venha comigo, mas deixarei que você decida. Afinal, não posso obrigar uma mulher adulta, cheia de beleza e completamente dona de si me acompanhe num jantar.

Ele tinha razão, mas aquele jeito de falar, me dando todos os motivos para recusar aquela oferta e ainda assim me fazendo querer ir para qualquer lugar que ele quisesse me levar também.

— Não devíamos fazer isso, não nos conhecemos e... — resmunguei e ele se moveu tão suave como o ar entrando em meus pulmões.

— Essa é a intenção, Ume. — ele sussurrou ao fechar meus lábios com a ponta dos dedos. — conhecer você e fazer você descobrir como pode ser bom encontrar um mundo novo.

Eu já estava pronta, não mentalmente, mas fisicamente e ele não me tocou além dos lábios e na palma da mão enquanto me puxava lentamente para fora do quarto.