Roubada

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Eu estava completa, não podia negar. Tudo em mim vibrava, mesmo que dolorido, de excitação. Não por querê-lo na cama a todo momento, mas por saber que eu era muito mais que seu brinquedo, que sua escolha para ter prazer.

Era bom, mesmo que eu sequer conseguisse abrir os olhos agora e meu corpo choramingasse por um pouco mais de descanso. Kakashi tirou de mim todo o medo que ainda restava para me entregar. No entanto, minha vida precisava continuar e minha loja precisava de mim mesmo que por algumas poucas horas.

Meu corpo dolorido se recusou a obedecer os diversos comandos que eu dei para levantar, ou mesmo abrir os olhos. Parecia que nada em mim poderia me ajudar a sair daquela dormência das minhas ações, me sentia presa em mim mesma.

Uma tentativa após a outra e nada. Tudo o que eu sentia além dos meus pulmões trabalhando era um enjoo continuo no fundo do meu âmago que crescia e subia para o meu estômago.

Meus lábios não pronunciavam nada, nem mesmo conseguia dizer o nome dele. Na noite anterior Kakashi me fez adormecer em seus braços, como uma criança embalada e coberta de carinhos. Foi assim que me senti.

Mas agora tudo parecia ser um grande e completo vazio, não existia nada além do ecoar frio da minha própria voz no fundo da minha mente.

— Leve-a logo para cima, antes que o vejam. — era fraco, mas eu podia ouvir sussurros vindos de longe. — E ponham a porra de uma roupa nela, ter ela aqui já é a merda de um problema e sem roupas, o chefe vai arrancar sua cabeça.

Depois disso o enjoo voltou a me tomar e nada, nenhum dos barulhos que eu ouvia parecia vir dele. Da casa ou até mesmo das pessoas que trabalhavam em sua casa, além disso, Kakashi jamais faria algo a mim sem que me perguntasse antes.

Então senti finalmente algo, minhas costas foram colocadas em algo macio, algo que não me balançava a ponto de me trazer enjoos desnecessários. Eu demorei para entender que eu já não estava sobre os cuidados dele e quando isso finalmente tocou algo dentro de mim um frio percorreu meu corpo e então gelou a minha espinha.

— Não esqueça de prendê-la a cama, o chefe chegará em algumas horas e pelo telefone ele não parecia estar de bom humor.

— Ah, merda.

Por longos minutos eu desejei estar completamente inconsciente ou simplesmente me debater até que eles me achassem louca o suficiente para não me prenderem onde quer que fosse. Eu nunca senti tanto medo em toda a minha vida, sem conseguir me mover e sem conseguir abrir os olhos para poder descobrir o que estava acontecendo.

— Fale baixo, ela não pode acordar antes de termos certeza que pegamos a mulher certa.

— Não seja idiota! — O som estalado soou próximo a mim e eu agradeci mentalmente por não conseguir me mover por causa do susto. — Não seria a certa se não tivéssemos pego ela nua na cama dele, imbecil.

Eu queria sumir, por medo ou vergonha, no momento não importava. Tudo o que eu mais queria era poder me esconder debaixo dos lençóis macios que Kakashi sempre usava em sua cama.

— Eu não tinha pensado nisso.

— Claro que não, idiota.

Os sons foram sumindo aos poucos e enfim o silencio tomou conta do quarto, eu estava sozinha. Com os braços ainda dormentes inutilmente tentei mexê-los, mesmo que não desse certo eu queria ao menos ter o controle de cada um dos membros do meu corpo.

O frio ainda passeava pela minha espinha e não era como se eu pudesse evitar, minha vida sempre foi o mais calma possível. Era sempre monótona e previsível, algo que eu adorava e não me tirava grandes suspiros. Mas desde que precisei entrar naquela sala e lidar com acusações que eu não tinha culpa alguma tudo mudou, mais do que eu previa na verdade.

Por Ele - KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora