Por Ele - Kakashi

Me Enfrente

- Kakashi

Ela era uma mulher que trazia mais desejos que eu podia suportar, normalmente eu era um homem controlado ao ponto de fazer apenas o que me aprazia. No entanto, desde aquele dia em que ela entrou perdidamente tímida dentro do meu tribunal, já não tenho controle nem mesmo dos meus pensamentos.

Havia diversos motivos para que eu deixasse de ir atrás dela, embora não fosse fazer diferença nenhuma, talvez fosse o melhor para ela. Mas não seria possível, tanto para mim quanto para ela. Eu mesmo estava completamente perdido, havia anos que eu não sentia tal atração e isso estava me deixando incomodado a ponto de me preocupar com a sanidade mental dela.

Eu sempre tive limites e não seria a primeira vez que acabaria tendo que me preocupar não somente com ela, se eu acabar deixando ela entrar ainda mais na minha vida, temo que será um perigo para nós dois. O problema que me toma a mente nesse momento tem nome e esta deitada completamente nua na minha cama, talvez nós dois já estivéssemos correndo esse tamanho perigo.

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Meu corpo latejava. Mesmo depois de horas em casa eu podia sentir cada uma das minhas células reclamarem pelo esforço que eu havia feito no dia passado.

Minha loja estava fechada e durante esses dias eu sequer me lembrei dela, Kakashi tinha tomado conta da minha mente de um jeito que eu jamais pensei que um homem faria. Sim, eu e minha mente teimosa sabíamos que isso seria uma coisa possível, mesmo tendo minha vida completamente estruturada e sozinha, eu acabaria uma hora ou outra caindo nas garras de alguém. Eu só não sabia que seria tão intenso assim.

Kakashi me trouxe em casa logo pela manhã, durante a semana eu gosto de abrir a loja cedo e sob protestos dele não querer que eu saísse da cama e dos braços dele, decidi que precisava voltar a minha rotina. Não era uma grande coisa a minha vida, mas eu gostava de saber que ainda vivia por mim mesma.

Minha casa estava da mesma forma que a deixei quando saí naquela noite, então foi fácil pegar as roupas que eu precisava, tomar um banho rápido e descer com as chaves da loja na mão. Era nesses momentos que eu agradecia por ela ser próxima o suficiente da minha casa para que eu pudesse ir apenas andando.

Passei pela banca e peguei o jornal de sempre, dessa vez eu não me importei com as caras e bocas daquele senhor que já devia estar cansado de me ver por ali. Paguei e caminhei tranquilamente para abrir minha pequena loja.

No entanto, havia algo me incomodando. Hora ou outra eu me sentia estranha e parecia que algo não estava certo. Sempre confiei em meus instintos e nada me fazia pensar o contrario quando eu tinha algo na cabeça, mas dessa vez decidi ignorar.

Atravessei a rua pronta para virar a esquina e tentando ser o mais prática possível, caminhei tentando pegar as chaves que haviam se perdido caindo no fundo da minha bolsa.

— Inferno! — praguejei, eu milagrosamente tinha conseguido fazer com que a ponta da maldita chave entrasse entre meu dedo e a unha.

Peguei a chave mesmo assim e continuei caminhando já posicionando a chave na altura da fechadura, mas não havia nada para abrir.

As portas já estavam abertas e quase trombei com um dos clientes, a senhora me cumprimentou e seguiu com a sacola da loja cheia para o outro lado da rua.

Demorou para que a informação chegasse ao meu cérebro lento — culpa do esforço que Kakashi tinha me feito fazer no dia anterior. Olhei em volta tentando buscar mais informação para complementar aquilo que eu estava vendo e ainda assim continuei parada na porta do meu próprio estabelecimento olhando como se extraterrestres tivessem descido a terra.