Um fio de esperança, um fio de loucura

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Eu já não tinha chão, eu não tinha mais certezas e não conseguia mais distinguir a realidade dos meus sonhos. Noção de tempo e de lugares era ainda a mesma coisa, um escuro quarto que me privava das noções mais básicas da vida.

Se fora sonho ou verdade, talvez não importasse mais — pelo menos não nessa situação. Era como se eu tivesse começado a fazer parte do quarto, parte da mobília escondida pela falta de luz.

Acordei a poucos minutos e meus lençóis estavam esticados, os travesseiros em seus lugares. Até mesmo a camisola estava devidamente arrumada em meu corpo e um cobertor fino cobria minhas pernas.

Sozinha novamente, sem a certeza do que seria a partir de agora. Sem nem mesmo saber quanto tempo eu tinha dormido, era um fardo.

A falta que eu sentia de Kakashi aumentava gradativamente e meu peito doía por não ter tido nenhuma notícia dele, e pior, de me sentir tão minúscula aqui.

Talvez eu estivesse a muito tempo presa nesse quarto para saber se essas coisas realmente aconteceram, se fui realmente cortada e quase morta por causas das facas de Hidan. Se realmente morreria nas mãos de Pain, ou se me derreti completamente nos braços de Obito.

Eu não podia ver os cortes na minha perna tanto pela falta de luz quanto pela coberta que me deixava um pouco mais confortável do que das outras vezes — se elas sequer existiram.

No entanto, era calmaria que eu sentia no meu corpo. Uma calmaria e até mesmo poderia dizer que era um misto de satisfação. Embora eu desejasse muito que tudo tivesse sido um sonho, minha intimidade me explicava o contrário.

Como das outras vezes, eu conseguia apenas puxar as pernas para perto do peito já que meus braços estavam mais esticados e presos as pontas da cama. Dessa vez uma boa quantidade de travesseiros estavam em minhas costas e isso podia explicar como eu podia ter dormido demasiadamente bem.

Mas o que ainda pairava no ar ao redor de mim era culpa, um terror que aos poucos se instalou no meu coração e o abraçou um pouco mais a cada dia que eu era vencida pela minha própria pele. Levada ao limite e fraca para conseguir resistir a ele, talvez eu não merecesse Kakashi e ele deveria saber disso por não ter tentado me achar onde quer que eu estivesse.

Provavelmente meu coração seria partido outra vez e eu sabia disso, mesmo assim decidi me arriscar nos braços dele. Culpa minha.

Consegui descansar a cabeça nas pontas dos joelhos, segurar a força das lágrimas estava sendo demais para mim.

— A senhorita não deveria estar chorando. — eu também não deveria estar ali. — Não acredito que tenha perdido a única certeza que tinha quando chegou.

Eu não levantei a cabeça, não me importava se ele estava ou não sendo gentil.

— Vá embora.

O barulho de talheres fez meu estômago resmungar e o cheiro subiu logo depois, mais uma pausa para comer antes de Obito me interrogar como se eu soubesse algo sobre Kakashi, talvez ele tenha mentido sobre tudo.

— Se tiver mais um pouquinho de paciência, até mesmo esperança...

— VÁ EMBORA!

O som de passos ecoou e em seguida a porta bateu. Talvez fosse o melhor a fazer.

Dessa vez eu não podia deixar me entregar, eu não podia deixar que a força dele fosse maior que a minha. Mesmo que eu perdesse novamente, não diria seu nome, não pediria por ele...

A cama moveu e eu já sabia o que era.

— Não deveria falar assim com ele.

— Me deixe ir embora... por favor... — funguei, não precisava mostrar que eu estava fazendo... o som era nítido.

Por Ele - KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora