02 - Campeonato

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Espero que gostem :3
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— HAYAN!! — me sobressaltei sobre o estofado da cama, sentando rapidamente em meio aos lençóis. Arregalei meus olhos e procurei ao redor, a procura de algo que nem ao menos sei o que é. A porta se abriu com brutalidade e minha mãe entrou irradiando fúria, batendo os pés contra o assoalho do chão — O que você fez? Onde está?

— Que horas são? — franzi minhas sobrancelhas e passei as mãos nos olhos, sentindo-os arder com a claridade que adentrava pela porta do quarto. Tateei a cama à procura do meu celular, encontrando-o embaixo de algumas camadas de coberta.

— Responda! — minha mãe ordenou, puxando os lençóis da cama com certa força. Imediatamente me enfureci — Onde você colocou?

— Do que 'caralhos você tá falando, afinal? — eu tinha total consciência do que ela estava falando, mas não daria o braço a torcer.

— Os comprimidos. — ela explicou, impaciente. A mais velha cruzou seus braços perante os seios e suspirou pesadamente, torcendo seus lábios em uma mania clara de desgosto.

Eu não respondi de imediato, apenas lhe encarei e aguardei que ela aceitasse meu silêncio como uma resposta. Não funcionou.

— Hayan-... — não lhe permiti continuar.

— Já era. Eu joguei fora. — respondi, desviando os olhos. Levantei da cama com toda calma possível, evitando seus olhos e principalmente sua reação. Ela iria me matar.

— O-O que...? — dividida entra a crença e a dúvida, minha mãe piscou diversas vezes antes de retomar a raciocinar normalmente — Não estou no clima para brincadeiras, Hayan, então diga logo onde escondeu!

— Mãe... — com toda paciência que eu pude buscar, dei um passo em sua direção, tentando contactá-la de forma que me entendesse. Ela deu um passo para trás — Eu não quero que fique tomando merda.

— Você não tinha o direito de pegar! — ela elevou o tom de voz e me acusou com seu dedo indicador, enojando suas expressões faciais — Sabe quanto aquilo custou?! Eu nem paguei, ainda!

— Você gasta dinheiro com droga mas não guarda um tostão 'pra nos sustentar?! — descrente, eu apontei para nós duas, franzindo o cenho — Puta merda... — abri um sorriso irônico e lambi o beiço, passando as mãos no cabelo.

— O dinheiro é meu, eu gasto com o que eu bem entender! — ela bateu algumas vezes com a palma da sua mão sobre o próprio peitoral, quase cuspindo ao proferir suas palavras — Roubar toda a pensão que o seu pai nos dá já não é o suficiente 'pra você?

— Roubar, mãe? Roubar?! — repeti, totalmente indignada com sua escolha de palavras — É graças a esse dinheiro que a gente ainda tem um teto. Eu não uso a porcaria dessa grana só comigo, eu uso com a gente! — me exaltei — Enquanto você se preocupa com a porra da sua droga, eu tenho que guardar dinheiro 'pra pôr comida na geladeira!

Cuspi as palavras, furiosa. Minha mãe se manteve brava, levando em consideração as expressões do seu rosto. Por outro lado, ela não teve o que falar.

— Sinta-se contente que eu ainda 'tô aqui, porque eu não vou aguentar suas merdas 'pra sempre. — encerrei, não deixando intervalo e nem espaço para que ela dissesse mais alguma coisa. Saí do quarto, retomando a paciência.

Que belo começo de manhã...









Os primeiros períodos de aula passaram voando, talvez porque eu não prestava muita atenção, ou as horas passavam mais rápidas do que o normal. Eu saí da sala com a Shelly na hora do intervalo, ouvindo sobre uma das suas incríveis viagens e o quanto ela aproveitou as férias de verão. Eu não queria decepcioná-la ao dizer que pouco me importava com sua história.

𝗛𝗢𝗟𝗘 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗧𝗥𝗔𝗖𝗞ᅠᵂᴵᴺᴰ ᴮᴿᴱᴬᴷᴱᴿOnde histórias criam vida. Descubra agora