Boa leitura e espero que gostem :)
_____________________________Sentada em meio as águas rasas, sentindo meu corpo relutar contra a correnteza constante, totalmente encharcado e dolorido, observei fixamente a luva enrolada desde a metade do meu antebraço até o início dos meus dedos da mão, completamente devastada com a tamanha fragilidade que aquilo trouxe para mim. Devaneio inteiramente desencadeado pelo primeiro minuto após a queda. A água sobre mim e minhas vestes serviu como um banho de realidade, em meu subconsciente. O tombo me fez pensar que, ultimamente, coisas ruins acontecem depois de coisas boas marcarem território, e nada tira da minha cabeça que se trata de uma maré de azar. Talvez eu seja a azarada do grupo, e Dom esteja sofrendo as consequências por estar do meu lado; literalmente.
Nunca fui uma pessoa muito pessimista, mas como qualquer outro ser humano, estava ciente de que coisas boas não aconteciam o tempo inteiro. Sempre tive muita fé em mim e na minha capacidade, não costumava contar muito com a sorte em dias como este. Meu pai dizia que muitas pessoas podem se esforçar para alcançar algo, mas poucas são persistentes o bastante. Por isso, cresci ouvindo histórias e mais histórias sobre o quanto a sua autoconfiança lhe favoreceu, enquanto seus oponentes contavam com a sorte para lhe vencer. No final, não era totalmente culpa minha ser tão convincente sobre mim mesma. Antes eu tinha total e completa certeza da vitória, mas agora, hoje, aqui nesse riacho, comecei a temer a derrota.— Seus malditos! — achando pouca a água que impregnava em minhas roupas, Dom se ergueu em um movimento rápido e brusco, totalmente enfurecido, jorrando mais água em minha direção. Suas mãos apalparam seu próprio corpo e ele pareceu descrente do que havia lhe acontecido, torcendo seu casaco o tanto que pôde, a fim de deixá-lo úmido ao invés de encharcado. Meus glóbulos oculares subiram por sua silhueta pelo canto dos olhos e eu não precisei dizer nada para que ele diminuísse a intensidade de seus movimentos, finalmente percebendo que sua inquietude me prejudicava — Opa...!
— 'Tão vivos? — o sorriso presunçoso que Minu relutava para não deixar evidente veio acompanhado por uma pergunta totalmente retórica, fazendo-me encará-lo intensamente quando o mesmo ruivo não se aguentou e se acabou de rir. Retirei os fios de cabelo que grudaram em meu rosto e com muito esforço me levantei, sentindo a água bater na altura dos meus joelhos. Com a roupa completamente encharcada e pesada, me senti sufocada.
Por mais que a vontade de subir novamente naquela esteira fosse quase inexistente, eu e o careca nos forçamos a reposicionar as bikes e tentar mais uma vez, visto que o monge não daria o braço a torcer por uma simples queda. Tive que, novamente, me equilibrar sobre a esteira e reconquistar um bom ritmo, mas o peso das roupas pareceu ter aumentado. De repente, pedalar se tornou um pesadelo. Minhas pernas trabalhavam em uma lentidão estúpida, coisa que me inflou os nervos por parecer que meu corpo não respondia corretamente aos meus comandos.
— Ei, não parece que a gente 'tá aqui há horas? Há quanto tempo a gente 'tá aqui? — soltando suspiros de exaustão, o mais baixo dos ruivos respirava com dificuldade, cansado demais para sequer olhar para àquele a quem ele direcionava a pergunta — Minhas pernas 'tão tremendo tanto, que parece que eu vou morrer...
— Meu corpo parece ficar cada vez mais pesado, desde que eu caí na água... — com a revelação de Dom, observei-o pelo canto dos olhos, notando que dividíamos da mesma dificuldade.
— Tem alguma coisa errada... — comentei baixinho, soltando uma das mãos do guidão para retirar apressada os fios de cabelo que atrapalhavam minha visão, já irritada com aquela sensação incômoda.
— Eu pus uma camada extra de algodão na roupa de vocês, 'pra que elas pudessem ficar o mais encharcadas possível. — o senhor, deitado preguiçosamente debaixo das folhas da árvore, explicou sem muita pretensão aquilo que nos perguntávamos, deixando-nos enfurecidos. Minhas mãos apertaram com certa força o guidão da minha bicicleta e eu rangi os meus dentes, odiando aquele velhote — Vocês ficam sensíveis mesmo à menor alteração de peso se está lhes faltando força.
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𝗛𝗢𝗟𝗘 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗧𝗥𝗔𝗖𝗞ᅠᵂᴵᴺᴰ ᴮᴿᴱᴬᴷᴱᴿ
FanfictionNessa adaptação do Webtoon de "Wind Breaker" leremos sobre a vida de Hayan Lee Herman, uma ciclista em ascensão que busca por conhecimento. Filha de um dos ciclistas mais famosos e habilidosos de todo o mundo, a adolescente lida com os fardos da car...