15 - Mentiras

402 62 12
                                    

Boa leitura e espero que gostem :3
_____________________________

   Resmunguei baixinho e franzi as sobrancelhas ao sentir uma claridade incomum contra meu rosto, apertando os olhos – que já estavam fechados – a fim de diminuir o incômodo. Me virei de bruços embaixo dos lençóis e tentei dormir novamente, falhando miseravelmente ao sentir a mesma claridade, outra vez.

— Mas que merda... — rosnei e ergui minha cabeça do travesseiro, abrindo os olhos com dificuldade para descobrir o que tanto me atazanava.

Estranhei a claridade em meu quarto e me virei para a janela, notando as cortinas totalmente abertas. Tentei me lembrar do momento em que as fechei ontem, antes de dormir, mas não haviam memórias sobre isso.
Procurei pelo meu celular embaixo do travesseiro e franzi as sobrancelhas ao perceber que estava desligado, deduzindo que a bateria havia acabado durante a madrugada. Preguiçosamente sentei na beirada da cama e encostei meus pés no chão, esticando meus braços e gemendo sonolenta, bocejando em seguida. Fiquei imóvel enquanto meus pensamentos começavam a se organizar, deixando-me com o sentimento de falta. Arregalei os meus olhos ao me dar de conta que o celular não havia despertado, por motivos óbvios, e corri até os eletrodomésticos na cozinha. Fitei o visor do microondas e me apavorei ao notar que estava atrasada para a escola, correndo, novamente, para retornar ao meu quarto. Retirei meu pijama de forma desengonçada e joguei as peças de roupa sobre a cama, nem me importando com a bagunça. Vesti as peças do uniforme e joguei a gravata ao redor do pescoço, deixando para amarrar quando estivesse indo para a escola. Rumei até o banheiro e escovei os meus dentes rapidamente, esquecendo até mesmo de escovar os cabelos. Peguei a mochila no quarto e me apressei para ir até a saída, calçando meus tênis sem nem ao menos amarrar os cadarços. Saí dos apartamentos e parei bruscamente do lado de fora, erguendo meus olhos para o céu e notando a chuva rala descer pelas nuvens. Murmurei algum palavreado qualquer e suspirei irritada, começando a correr para a parada de ônibus, esperançosa em pegar o transporte público. Não havia condições de pedalar nessa chuva.
Após correr por alguns segundos, parei de repente e apoiei minhas mãos em meus joelhos, respirando com dificuldade. Senti meu peito arder e ergui minha cabeça para enxergar a parada de ônibus ao longe, retornando a correr quando percebi que o transporte não demoraria a partir. Haviam poucos estudantes restantes para subir e eu me apressei mais, soltando um suspiro de alívio ao me juntar a fila. Retirei os fios úmidos do meu rosto e sorri para o motorista ao finalmente subir no ônibus, pagando minha passagem e tentando arrumar espaço dentre tantos estudantes. Haviam muitos rostos familiares.

— Hayan...? — olhei por cima do ombro e ergui minhas sobrancelhas ao reconhecer Minu e Jay, que estavam espremidos em frente as janelas. Eu iria cumprimenta-los, mas quase caí ao sentir o ônibus dar partida. Estiquei meu braço para pegar no suporte do teto e resmunguei ao descobrir que mal conseguia, esbarrando em alguns corpos — Vem aqui, fica entre nós.

Batalhei para chegar até os meninos e eles abriram espaço para me deixar passar, deixando-me dentre seus corpos e os bancos ocupados. Me segurei em um dos bancos, sorrindo agradecida.

— Cara... é uma guerra de verdade conseguir um assento no ônibus... o pessoal se amontoa feito zumbis... — o ruivo resmungou e olhou por cima do seu ombro, fechando sua cara ao ser empurrado. Seu peitoral esbarrou em minha cabeça e eu me espremi mais ao banco, tentando lhe dar mais espaço — Se você tivesse ficado lá no meio, teria sido pisoteada.

— Não duvido. — concordei, erguendo meu queixo para encarar seus olhos. Seu rosto estava tão próximo do meu que eu instintivamente virei o meu para o lado oposto, sentindo sua respiração colidir contra minha bochecha.

— Mas, voltando ao assunto. O que você quer dizer com não vai mais andar de bicicleta? — Minu olhou para o amigo ao seu lado e aguardou uma resposta, franzindo suas sobrancelhas. Eu automaticamente fiz o mesmo, erguendo meus olhos para o garoto de óculos. Essa me pegou de surpresa — Para de enrolar e fala o que é.

𝗛𝗢𝗟𝗘 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗧𝗥𝗔𝗖𝗞ᅠᵂᴵᴺᴰ ᴮᴿᴱᴬᴷᴱᴿOnde histórias criam vida. Descubra agora