06 - Chuva

518 71 16
                                    

Boa leitura e espero que gostem :3
__________________________________

A chuva não parou em momento algum, e nós, por outro lado, permanecemos embaixo desta. Eu ergui meu queixo e fechei os olhos para sentir as gotas caírem sobre meu rosto, esquecendo tudo ao meu redor por apenas um segundo. Eu sentia frio, mas as gotículas me faziam sentir tranquila, embora geladas. Estava perdida em pensamentos até o momento em que ouvi a voz de Mia, retomando a consciência.

— Y-Yuna... q-quem exatamente é o Dom? — a de óculos tocou seus próprios lábios e observou o cabeludo e os homens engravatados, totalmente confusa. Era estranho, de fato, terem aparecido e nos defendido, quando ninguém mais o fez. Dom parecia familiarizado com os homens, visto que até mesmo lhes dava ordens.

— Veja por si própria... — franzi as sobrancelhas ao ouvir a resposta da ruiva, que olhou para baixo e abriu um guarda-chuva. Os engravatados devem ter lhe dado.

— O que nós devemos fazer com esses dois? — um dos homens desconhecidos agarrou a gola das camisas de Minu e Jay e se aproximou de Dom, questionando ao garoto.

— Eles são meus amigos da escola. Deixem eles. — bastou apenas uma ordem do cabeludo para que o homem largasse os garotos, pedindo perdão em sequência de uma reverência.

— Dom, quem são esses caras? — Minu questionou verdadeiramente curioso, observando cada engravatado que pôde — Você é algum tipo de chefe da máfia?

— Ah... esses caras trabalham 'pro meu pai. — ele respondeu, nitidamente desconfortável. Um dos homens abriu um guarda-chuva em cima da sua cabeça, impedindo que o garoto continuasse a se molhar.

Estava na cara que o pai de Dom mexia com coisas erradas, mas ninguém ousou falar mais nada sobre o assunto. Eu tremi e abracei meu próprio corpo, percebendo que não havia espaço para mim debaixo do guarda-chuva de Mia e Yuna. Porém, imediatamente os pingos deixaram de tocar em meu corpo, e eu notei que Dom segurava um guarda-chuva sobre mim. Ele abriu um sorriso pequeno e entregou em minhas mãos, se afastando novamente.
Caminhei até Minu e Jay, que levantavam suas bicicletas do chão e se preparavam para ir embora. Foi aí, que percebi estar sem minha bike.

— Minha bicicleta... — murmurei baixinho, virando-me para a esquina.

Caminhei rapidamente até a entrada da escola e encontrei-a estirada no chão, totalmente encharcada. Levantei-a com a mão esquerda e retornei para onde estava antes, chamando a atenção dos garotos.

— Para onde vão, agora? — perguntei, notando suas expressões confusas.

— 'Pra casa. — Minu respondeu, encarando Jay por alguns segundos.

— Eu acho que... se forem 'pra casa, podem ter problemas. — deixei minha bicicleta apoiada no meu próprio quadril apenas para apontar para os seus rostos, fazendo-os se lembrar dos hematomas. O moreno encarou seus tênis.

— Ah... — o ruivo passou a mão na sua nuca e desviou o olhar, tentando pensar em algo.

— Não tem ninguém lá em casa, se quiserem ficar lá... — comentei receosa, não querendo passar a mensagem errada. Eles se entre-olharam e notei o mesmo sentimento em seus olhos, tentando despreocupá-los — Tem dois sofás e um kit de primeiros socorros.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até Minu direcionar-se para Jay.

— Você acha que sua mãe deixa você dormir fora? — o ruivo questionou o amigo e recebeu um aceno de cabeça como resposta, sorrindo pequeno.









Nós subimos o apartamento pelas escadas, uma vez que as bicicletas não cabiam no elevador. Ficamos em silêncio por todo percurso, com excessão das vezes em que Minu reclamava do peso da sua bike. Abri a porta de casa e chamei por minha mãe, ouvindo apenas o silêncio. Tiramos os tênis antes de entrar e deixamos as bicicletas apoiadas na parede e as mochilas no chão, fazendo poças de água no assoalho.

𝗛𝗢𝗟𝗘 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗧𝗥𝗔𝗖𝗞ᅠᵂᴵᴺᴰ ᴮᴿᴱᴬᴷᴱᴿOnde histórias criam vida. Descubra agora