29 - Medo

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Perdoem a demora :3
Boa leitura!  
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Nós não poderíamos estar mais contentes com a segunda chance que nos foi concebida. Não consegui retirar o sorriso do rosto e tampouco me importei em fazer isso quando senti a mesma vibração irradiar para fora dos meus amigos, que pareciam tão felizes quanto eu. No entanto, a falta da presença de Dom em um momento como esse não deixou de passar em minha cabeça, fazendo certa angustia me preencher embora a felicidade eminente. Estava feliz, estávamos todos felizes, mas seria ainda melhor se pudéssemos fazer isso juntos. Todos juntos.

   Com o chamado repentino do diretor, nós nos direcionamos à sua sala para enfim saber o que o grisalho queria, permanecendo sorridentes pelos corredores da instituição. O braço de Minu abraçou meus ombros durante todo o caminho, gritando e chamando a atenção desnecessária dos demais estudantes. O que desencadeou uma repreensão do homem que nos chamara, assim que adentramos na direção. Perante sua mesa amadeirada e lotada de papéis, nós nos enfileiramos organizadamente, ansiosos.

   — O comitê decidiu dar mais uma chance às equipes que perderam. — o mais velho cruzou seus braços recostando nas costas da sua cadeira rotatória e escondeu seus olhos por detrás dos óculos escuros, não esboçando reação alguma ao nos dar a notícia que já estávamos sabendo. Eu segurei minhas mãos na frente do corpo e tentei conter minha animação, dando valor à seriedade do diretor — Pensem nisso como sua última chance e deem o seu melhor, para que não tenham arrependimentos no futuro.

   — Senhor... se nós acabarmos enfrentando a Monster de novo... — June umedeceu seus lábios e abaixou sua cabeça, fugindo dos olhos curiosos do grisalho — Eu não tenho certeza se conseguiremos vencer... nós ainda não somos páreos 'pra eles...

    — O quê? Vocês estão com esse pessimismo todo só porque perderam uma vez? — o homem pareceu indignado e no mesmo segundo se pôs de pé, apoiando suas mãos sobre a tampa da mesa. Seus olhos pareceram observar cada um de nós e ele nem deixou intervalo para que pudéssemos lhe responder, retornando a falar — Se é com essa atitude que vocês vão correr, então reconsiderem a ideia de voltarem para as pistas! Vocês tem alguma noção da diferença de experiência que vocês e a Monster tem? — novamente, ele não nos permitiu dizer algo — Se vocês pretendem derrotá-los, tornem-se monstros também. Se vocês não tem essa convicção, então é melhor desistirem agora mesmo.

   O cômodo ficou em silêncio por um curto período de tempo, até o ranger da porta nos chamar a atenção e revelar quem esperávamos ver. Dom adentrou a sala carregando sua mochila em um dos ombros, com as expressões faciais mais sérias do que normalmente estão. Meus olhos subiram para sua testa e sentiram falta da cabeleira que lhe cobria o rosto, fazendo a surpresa transformar minhas expressões quando notei que seu cabelo havia sumido. Dom raspou sua cabeleira.

   — Lá se vai o apelido de cabeludo... — murmurei baixo, apenas para que eu e mais ninguém pudesse ouvir, segurando a vontade de rir ao analisar melhor seu corte completo. O garoto mantéu a seriedade nas feições do rosto, e foi aí que eu percebi que poderia não se tratar apenas de um surto.











   Os prédios e casas foram ficando para trás conforme o ônibus se movimentava sobre a pista, deixando lugar para as árvores e para uma paisagem mais rural. O sol brilhava como nunca e aquecia o clima gélido da manhã de sábado, quando resolvemos acordar cedo e partir para as montanhas. Mário Nam nos aconselhou a visitar o templo, onde poderíamos conseguir ajuda e melhorar nossas capacidades. Estava quase caindo no sono recostada no janelão do automóvel, admirando a paisagem e ainda pensando em nossa última derrota. Agora, com a cabeça mais limpa, conseguia admitir que a derrota era necessária, quando tudo insistia em nos levar até ela. Não adiantaria ficar me remoendo, no final.

𝗛𝗢𝗟𝗘 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗧𝗥𝗔𝗖𝗞ᅠᵂᴵᴺᴰ ᴮᴿᴱᴬᴷᴱᴿOnde histórias criam vida. Descubra agora