Capítulo 3

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LEONARDO SAVÓIA

— E como foi a missão? — Capô Bonnato pergunta, com a voz grave e séria, enquanto acende um charuto.

— Um sucesso. Capturamos Bruce e ele já está em uma das celas, aguardando julgamento. — Meu irmão responde com calma, mas o ambiente está carregado de tensão.

— Julgamento? — Capô Collalto se intromete, cruzando os braços e me encarando com desdém. — Vocês deviam ter acabado com ele ali mesmo. Mate-o agora. É a decisão mais lógica.

Ele é sempre assim, um imbecil arrogante que acha que pode dar ordens. Respiro fundo para não perder a paciência, mas não vou deixar isso passar.

— Eu sou o chefe aqui. Eu decido quem vive ou morre. Ele vai esperar pela sentença, e se você está com tanta pressa, Capô, talvez tenha algo a esconder. — Meu olhar se fixa nele como uma lâmina. — Tem algo que queira compartilhar conosco?

O silêncio pesa na sala. Collalto franze a testa, visivelmente incomodado.

— Está insinuando algo, senhor Savóia? — Sua voz vacila, e eu sei que o incomodei. Ele tenta se impor, mas não comigo. — Você será meu genro. Me deve respeito.

Sorrio de lado, mas minha paciência já acabou. Levanto-me devagar, ajustando o terno, enquanto meus conselheiros me observam atentamente.

— Você está enganado. Não sou seu genro. E nunca serei. O maldito noivado foi anulado. Pode procurar outro marido para sua filha, porque eu não quero.

Os olhos de Collalto quase saltam da cabeça. Ele abre e fecha a boca várias vezes, mas nenhum som sai. Um espetáculo patético.

— Isso é um absurdo! Como ousa? O que motivou essa decisão?

Antes que eu possa responder, meu primo Eurico, sempre direto, decide intervir:

— O noivado acabou. Não precisamos justificar nada a você. Entendeu ou quer que eu desenhe?

— Vocês não podem fazer isso. Vai prejudicar a aliança entre nossas famílias. Exijo uma explicação!

— Se quer uma explicação, enfie a cabeça no rabo e procure lá. — Respondo seco, arrancando risadas baixas de Dante e Enrico, que estão ao meu lado.

Sem esperar por mais questionamentos, saio da sala de reuniões, deixando Collalto estupefato e os outros conselheiros murmurando entre si. Dante e Enrico me seguem, rindo baixo enquanto caminhamos até o elevador.

— Esse cara é um lixo. Quem mandou tentar te controlar? — Dante comenta, ainda rindo.

— Ele achou que podia mandar em mim. Agora sabe que não pode. — Respondo, sentindo o peso da tensão se dissipar.

Nós três somos como irmãos. Crescemos juntos e sempre estivemos lado a lado, seja nos momentos de glória ou nos de caos. Não há espaço para traições entre nós. Por isso, confio cegamente neles.

Na garagem, entramos em nossas Mercedes pretas e seguimos para minha casa. Dante e Enrico provavelmente irão para suas casas antes de irem até a minha mais tarde. Hoje é um dia importante. Preciso apresentar Zamara à minha família.

Quando chego em casa, a visão me faz suspirar de alívio. Minha mansão é imponente, com uma fachada de mármore, uma escadaria frontal e um jardim cuidadosamente cuidado. No centro, uma fonte luxuosa dá um ar de realeza ao lugar. Mas é quando vejo Zamara que meu humor muda.

Ela está sentada sob uma árvore no jardim, olhando para as flores ao seu redor. Meu peito se aperta em raiva. Eu dei ordens claras para que ela não saísse do quarto. Quem a deixou sair?

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto enquanto me aproximo. Minha voz sai mais dura do que planejei, e ela levanta o olhar, apenas para revirar os olhos com desdém.

— Não sou obrigada a lhe dar explicações.

Meu sangue ferve, mas me abaixo, ficando em sua altura, para deixar claro quem está no controle.

— Ah, mas você é sim. Será minha noiva oficialmente em breve. Você responde a mim e faz o que eu mando.

Ela desvia o olhar, nervosa, mas não responde. Finalmente, sussurra:

— Desculpe. Eu pedi à governanta para me deixar ver o jardim. Do quarto, eu consigo vê-lo, mas queria tocar nas flores, sentir a natureza. Não vai acontecer de novo.

Há algo em sua voz que me desarma. Um arrependimento genuíno que faz minha raiva murchar. Seguro sua mão, e vejo como ela estremece ao meu toque.

— Você não é uma prisioneira aqui, Zamara. É dona da casa. Pode ir aonde quiser, só avise antes.

Ela me encara, surpresa, mas assente.

— Obrigada.

— Hoje à noite, minha família virá para um jantar. Vou apresentá-la a eles. Quero que esteja pronta. Um estilista virá para ajudá-la.

Ela hesita por um momento.

— O senhor quer que eu limpe a casa ou algo assim?

Minha risada ecoa pelo jardim, pegando-a de surpresa.

— Limpar? Não, Zamara. Você não é empregada, é a dona desta casa. E pare de me chamar de "senhor". Sou seu futuro marido, não seu chefe.

Ela parece aliviada e, pela primeira vez, me lança um sorriso genuíno. Um sorriso lindo, que faz algo em mim despertar. Mas antes que eu possa dizer qualquer coisa, ela se levanta e corre para dentro da casa, seus cabelos balançando atrás dela como uma visão.

Apenas observo, encantado. Ela é inocente, pura. Uma combinação perigosa que me faz querer possuí-la completamente. Mas sei que não posso apressar as coisas. Ela

IL SEGRETO DELLA MÁFIA - 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora