Capítulo 2

3K 189 20
                                    

ZAMARA ANDONI

Abro os olhos com dificuldade. A claridade intensa me faz apertá-los novamente, mas algo está errado. O teto que vejo não é o do meu quarto. Meu coração acelera, e as memórias começam a se formar em pedaços desconexos. Onde estou? Tento sentar, mas meu corpo ainda está pesado.

Olho ao redor do quarto. É enorme e luxuoso, decorado com tons claros e móveis impecáveis. Definitivamente, não estou em casa. Será que estou mesmo na Itália? Meu Deus.

— Finalmente, acordou. — Uma voz grave ecoa pelo quarto, me fazendo congelar.

Viro a cabeça rapidamente e vejo um homem sentado em uma poltrona no canto do quarto, suas pernas cruzadas de forma descontraída. Ele me observa com um sorriso que parece ao mesmo tempo calmo e calculado.

— Bom dia, principessa.

Meu coração dispara ainda mais. Quem é ele? E por que está me chamando assim?

— Onde eu estou? Quem é você? Por que estou aqui? Isso é algum tipo de piada? — As perguntas saem como uma enxurrada, sem que eu consiga me controlar.

Ele se levanta devagar, seus movimentos são precisos, quase felinos. Ele caminha até parar diante da cama onde estou sentada. Seu olhar é intenso, e quando ele sorri, preciso me lembrar de respirar. Controle-se, Zamara.

— Não é piada. Meu nome é Leonardo. E você? — Sua voz é calma, mas há algo autoritário nela, como se não estivesse acostumado a ser desobedecido.

Por um momento, fico em silêncio. Ele não me conhece. Será que isso é um alívio ou um problema maior?

— Unë jam Zamara, — respondo, sorrindo ao perceber que ele franze a testa, completamente perdido. Não sei como sei falar albanês, mas sei.

— Que língua é essa? Árabe? — Sua expressão confusa me faz rir.

— Albanês.

Ele me encara por um segundo e, para minha surpresa, sorri novamente.

— Seu sorriso é lindo. Devia sorrir mais.

Minha risada desaparece. Quem ele pensa que é para falar assim comigo?

— E o que você sabe sobre mim, Leonardo?

— Nada. Mas pretendo saber. Afinal, iremos nos casar.

A naturalidade de sua resposta me paralisa. Casar?

Tento processar o que ele acabou de dizer. Isso só pode ser um pesadelo ou uma brincadeira cruel. A última coisa que lembro é de estar voltando da feira. Como passei de uma vida comum para isso?

— Isso só pode ser piada. Meu irmão deve ter armado isso, não é? — Tento me levantar, mas meu corpo ainda está fraco. — Que merda de vida.

Ele ergue uma sobrancelha, curioso.

— Você tem irmãos?

— Sim, um. Oliver. Ele é um amor de... — Minha frase para no meio. O pensamento me atinge como um soco no estômago. — Isso é um sequestro. Eu fui sequestrada!

Leonardo apenas observa, como se estivesse esperando minha reação.

— Você tem oscilações de humor. Isso é normal?

— Sim, até demais. Acostume-se. E eu falo sozinha também, cuidado. — Minha tentativa de sarcasmo o faz rir, e isso me irrita ainda mais.

— Agora, me diga. Por que realmente estou aqui?

Ele cruza os braços, ainda me observando como se fosse um cientista estudando uma nova espécie.

— Já disse. Vamos nos casar. Sua antiga vida acabou. Agora, você será uma Savóia, a Primeira-Dama.

— Como a rainha da Inglaterra? — Pergunto, com uma pitada de ironia. Ele apenas ri da minha tentativa de zombar da situação.

— Não. Mas você pode fingir que é, se quiser.

— Isso não faz sentido nenhum.

Ele dá um passo mais perto, o olhar dele se torna mais sério.
— Eu sou chefe de uma organização criminosa. Sou um mafioso, principessa. E, a partir de agora, você é minha.

Minha mente trava. Cada palavra dele soa como uma sentença. Mafioso? Organização criminosa? Sinto meu corpo entrar em estado de alerta. Preciso sair daqui.

Em um impulso, corro para a porta, mas antes que eu consiga alcançá-la, ele me segura. Suas mãos são firmes, mas gentis, e o calor de seu toque me faz congelar por um instante.

— Me deixe ir. Por favor. — Minha voz sai em um sussurro desesperado, mas ele apenas balança a cabeça, seu olhar fixo no meu.

— Você terá duas semanas para se acostumar com isso. Depois, trarei roupas para você, e começará a conhecer minha família. Até lá, descanse.

Ele me solta e caminha em direção à porta. Antes de sair, ele olha por cima do ombro, com um sorriso frio.

— Bem-vinda à sua nova vida, Zamara.

Ouço o clique da porta sendo trancada, e o som ecoa no quarto vazio como uma sentença de prisão. Minhas pernas cedem, e caio no chão diante da porta. Lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, quentes e salgadas, enquanto a realidade do que acabou de acontecer me atinge.

— Por quê? O que eu fiz para merecer isso?

Minha voz ecoa no silêncio, mas não há ninguém para responder.

IL SEGRETO DELLA MÁFIA - 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora