Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ɪ

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* Are there choices around me? Or am I stuck on a one way road? These questions need answers. Are we alone? Are we in control? Can we choose to play a different role? Can we change the grave that was dug for us? Or is this the only path to take?


Pᴇᴘᴘᴇʀ Pᴏᴛᴛs

Caminho apressada pelos corredores do hospital enquanto meu pager informa um novo acidente. São exatas 06:26 da manhã, o que significa que não durmo há pouco mais de 27 horas.

Acabei de sair de uma cirurgia de sucesso e só tive tempo de beber metade de um copo de café, extremamente ralo e com mais açúcar do que um ser humano deveria ingerir em uma única refeição.

Duas ambulâncias estacionam na emergência cantando pneus. Duas equipes de médicos cirurgiões e residentes já esperam do lado de fora a postos para levá-los às salas de cirurgia.

— Homem, 26 anos, um tiro no peito. Houve perfuração do pulmão. Tentamos conter a perda de sangue ao máximo. Está inconsciente. -Um dos paramédicos informa.

— Certo, movam-se, rápido! -Diz o atendente Sanders, liderando sua equipe.

— Mulher, 30 anos, acidente de carro. Perdeu muito sangue e precisa receber pelo menos quatro bolsas. Está inconsciente desde que foi resgatada. Teve uma parada cardiorrespiratória no caminho. Ela está grávida de 7 meses.

— Obrigada, assumimos daqui. -Digo empurrando a maca pelos corredores.

A tensão em um ambiente de emergência de um hospital mexe com os nervos de qualquer um. Mesmo com aqueles treinados para conviver nesse caos todos os dias. Sempre há um caso perdido não superado, uma fatalidade mal resolvida. Vítimas que chegam bem e saem da sala de cirurgia direto para o necrotério. Claro que também há vitórias, os chamados milagres, nascimentos e sorrisos de entes queridos ao receberem notícias positivas de seus familiares.

Cirurgiões são tachados como frios, calculistas. No fim do dia, contudo, nós torcemos para celebrarmos mais vitórias do que derrotas. E é assim que entro na sala de cirurgia antes das sete horas da manhã. Querendo executar um milagre.

— O que aconteceu com ela? -Pergunto examinando minuciosamente o corpo da mulher na minha frente.

— Testemunhas disseram que ela invadiu o sinal vermelho. O ônibus não conseguiu frear a tempo.

— Ela devia estar em alta velocidade. Os danos são inúmeros.

— Pneumotórax no pulmão esquerdo, rompimento do fígado, perfuração no baço, pelo menos três costelas quebradas.

— Onde está a cirurgiã neonatal? Precisamos monitorar o feto. Bipem ela de novo, digam que é urgente.

— Há muito sangue.

— É, estou vendo. -Respondo ao mesmo tempo que peço mais gaze. — Quantas bolsas ela já tomou?

— Essa é a segunda.

— Precisamos controlar o sangramento antes de entrarmos com a terceira.

Enquanto uso a sucção para ter uma melhor visão dos ferimentos, escutamos o bipe vindo do monitor.

— Uma nova parada cardíaca.

— Não podemos desistir, acione o cardiologista de plantão. Enquanto isso dê outra dose de epinefrina. Use o carrinho, agora! Afastem-se!

— Carregando para 100.

— Droga! Por que essa parada cardíaca agora? -O monitor continua mostrando uma linha reta verde, sem reação.

Before You Say GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora