Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ɪɪ

290 34 88
                                    

* Hope is just a ray of what everyone should see. Lone is the street where you found me, scared of what's behind you and scared of what's in front. Live with what you have now and make the best of what's to come


Pᴇᴘᴘᴇʀ Pᴏᴛᴛs

— Onde você estava? -Pergunto assim que a porta da sala de descanso se abre. São 16:47 e acabo de assinar a liberação do corpo de uma paciente que sequer deveria ter sido minha.

— Precisei dar uma volta. -A resposta é simples e seca.

— Uma volta? É a droga do seu plantão, você não tem porquê ir dar uma volta. -Já nem me esforço para soar educada.

— Tudo bem, mamãe. -Disse ele passando por mim. O sorrisinho debochado o acompanha enquanto vai em direção ao pequeno banheiro que fica no final do corredor.

— Você bebeu? -Vou atrás dele. — Cohen, você está cheirando a bebida. -O acuso.

Ele ignora minha presença e passa a tirar a roupa. Primeiro a blusa, os sapatos, as meias e o cinto. Suas mãos estão sobre a braguilha da calça quando minha presença parece significar algo.

— Se vai ficar, sugiro que participe. Pode começar tirando o vestido.

— Você só pode estar de brincadeira. -Dou dois passos para trás. — A sua paciente morreu, sabia? Eu tive que vir fazer a sua cirurgia de emergência porque ninguém conseguia entrar em contato com você.

— Eu estava bem aqui.

— Enchendo a cara ao invés de ficar disponível, pelo que posso ver.

— Não é como se eu tivesse matado alguém.

— Não, você só ignorou completamente sua função.

— Foi apenas uma vez.

— Uma vez que não deveria ter acontecido. Você não viu como esse hospital estava cheio? Não passou pela sua cabeça que as pessoas poderiam precisar de você? Você sequer atendeu um telefonema.

— Claro, como se você nunca tivesse operado com álcool no sangue.

— Você é um grande sem noção. -Digo de forma rude. — Babaca!

Toda a minha paciência já foi pelo espaço, então o empurro. Mas acontece que Cohen é mais rápido, ele segura meus braços e antes que eu consiga entender o que está acontecendo sinto a parede contra minhas costas.

— Nunca mais fale comigo desse jeito. -Rosna ele. — Você está aqui fazendo a boa moça, mas somos mais parecidos do que quer admitir.

Sua respiração aquece meu rosto, mas não é de um jeito bom. O seu hálito me deixa tonta e tenho a sensação de que posso vomitar.

— Ei, cara, solta ela. -Escutamos uma voz masculina diante de nós, me trazendo de volta à realidade.

— Não se mete. -Cohen fala, mas se afasta. Não sem antes analisar nosso espectador dos pés às cabeça.

— Se não quer que eu me meta, saia de perto dela.  -O loiro avisa mais uma vez. — E com isso eu quero dizer agora. O hospital inteiro já está sabendo do seu sumiço. Não vai ser nada bom para você se eles souberem que além de bêbado você estava agredindo a pessoa que salvou sua pele.

— Eu não estava agredindo ninguém. Estávamos apenas conversando.

— Uau, então talvez devesse conversar assim com alguém do seu tamanho.

Before You Say GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora