Capítulo 31 - Motivos da floresta ser proibida

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11 de Maio de 1992

"Motivos da floresta ser proibida"


Sem saber sobre toda a confusão que seus meninos estavam se metendo, na surdina, Faw entrava na comunal vazia e silenciosa da grifinória. Era de madrugada e o fogo da lareira já tinha queimado até virar cinzas frias de carvão. Andava devagar e sem muita pressa, já sabia onde deveria ir.

Ele entreabriu a porta do dormitório número oito e espiou dentro, tentando não acordar ninguém. Fred dormia em uma posição não muito confortável em sua cama, Thomas dormia todo enrolado como um rolinho, Nick Eisner murmurava algo durante o sono e George dormia de lado com o cobertor somente até metade do corpo e com um braço estirado para fora dos limites da cama.

Ele foi até lá e tentou deitar na cama sem o acordar. Não deu tão certo. George piscou os olhos, tentando focar na pessoa que estava em sua cama.

— Oi Call – Ele falou com a voz falha e bocejando, abrindo mais espaço para Faw na cama — Me dá cinco minutos e eu acordo – Ele murmurou meio lento enquanto Faw se aconchegava ao lado dele, se cobrindo com o lençol quentinho.

— Não precisa acordar – Ele sussurrou — Só precisava um pouco disso.

George pareceu acordar no mesmo instante.

— O que aconteceu?

Faw estava todo coberto, não tinha a necessidade de abaixar as mangas longas de seu pijama, mas ele fez mesmo assim, por puro reflexo.

Ele abaixou mais a voz, chegando um pouquinho mais perto.

— Eu... fiz de novo – Disse em um suspiro, sentindo um aperto ruim em sua garganta por estar segurando o choro por um tempo. George o puxou para um abraço desajeitado, fazendo um carinho em sua cabeça. Faw começou a tremer, se agarrando a ele — Desculpa – Ele soluçou.

— Shh – George murmurou, carinhoso — Não precisa pedir desculpas.

— Eu não devia te meter nisso – Disse em meio a soluços entrecortados abafados. Tinha medo de acordar algum dos meninos.

— Já disse que não tem que aguentar tudo sozinho – Respondeu — Divida comigo quando o peso do mundo estiver demais para carregar.

Faw se afastou, fungando.

— Tirou isso de um livro, não foi?

— Sabe que sim – Disse com ar de riso — Mas é nossa frase. O que importa de onde veio?

Call percebeu sua visão embaçando. Suas bochechas estavam molhadas e George tentou as secar com a pontinha dos dedos.

— Deus – Faw murmurou, choroso — Eu não mereço você.

— Merece sim, cala a boca – Foi rude de brincadeira, fazendo Faw soltar uma curta risada — Quer conversar sobre isso? – Perguntou hesitante, porque eles nunca conversavam sobre os motivos, apenas sobre tentar parar. George tateou o pequeno espaço entre eles tentando achar as mãos de Faw — Eu vou te ouvir.

— Não quero falar sobre isso...- Call puxou os braços para si mesmo, escondendo os pulsos o máximo que conseguia — Me sinto fraco... mas eu... não consigo parar.

— Abraço? – Arriscou, levantando um dos braços para Faw se encaixar.

Por favor

Call se agarrou nele, enroscando desleixadamente suas pernas por baixo do edredom. George o abraçou apertado, tentando juntar seus caquinhos e respirou fundo.

Full Moons - Primeiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora