Capítulo 35 - O homem de duas caras

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15 de Maio de 1992

"O homem de duas caras"


— Sempre achei que iria ser uma pedra no meu sapato, Potter – Quirrell anunciou, soltando uma risada seca. Ele estalou os dedos e cordas grossas surgiram no ar, mesmo que Harry tentasse se debater, elas o envolveram tão forte quanto os Visgos do diabo — Você e seus amiguinhos metidos.

— Me solta, porra! – Harry mandou, bravo. Quirrell fez um aceno com a mão e uma das cordas se amarrou no rosto de Harry, o amordaçando.

— Quieto – Ordenou — Sempre tão inconveniente. Todos vocês. Sabe quantas vezes tentei o matar? Muitas! Mas sempre tem alguém protegendo você! Granger me empurrou quando estava quase lhe derrubando da vassoura na sua partida de quadribol, Snape tentou um contrafeitiço para me impedir – Harry arregalou os olhos em surpresa e Quirrell percebeu — Surpreso? Claro! Snape faz o tipo vilão, parecendo um morcego gigante andando pelo castelo, perto dele eu não passava de uma formiguinha que ninguém notava – Explicou, orgulhoso — E tudo isso para que? Para nada! Você vai morrer hoje, de todo modo.

Harry se debateu, tentando desatar as cordas que o prendiam. A corda o amordaçando estava machucando sua boca e sua cicatriz na testa doía como nunca.

— Se seu amigo não tivesse resolvido bancar o herói no dia das bruxas, eu teria conseguido. E Snape, aquele escroto, me impediu de chegar no terceiro andar!

Harry sempre achou que os vilões contarem os planos para os mocinhos era algo dos filmes, mas teve a infeliz constatação de que não. Já estava começando a ficar entediado.

— Apesar das coisas terem dado errado no caminho, tudo valeu a pena! – Ele sorriu, extasiado, olhando admirado para o majestoso espelho de Ojesed — Este espelho é a chave para encontrar a pedra – Quirrell murmurou, fascinado, batendo de leve em cada canto da moldura — Ideia de Dumbledore, claramente.

Quirrell deu a volta no espelho, chegando perto e batendo em todos os lugares para ver se tinha um lugar escondido.

— Snape desconfiou de mim desde sempre – Continuou a falar. Harry queria o azarar — Tentou me assustar, o morcegão – Ele riu de uma piada que só ele escutou e Harry revirou os olhos — Nunca que ele conseguiria, não quando eu tenho meu lorde ao meu lado.

Harry sentiu um arrepio ruim em sua nuca e começou a morder e repuxar a corda que o impedia de falar. Ele tinha caninos afiados o suficiente.

Quirrell saiu de trás do espelho e olhou para o seu reflexo como um maníaco.

— Estou a vendo – Disse, quase querendo entrar dentro do espelho — Estou entregando a meu amado mestre, mas onde ela estaria?

Harry conseguiu rasgar a corda e respirou fundo pela boca, sentia uma ardência ruim em sua bochecha, como se a corda tivesse realmente o machucado.

— Por que Snape me defenderia? – Ele perguntou, apenas porque precisava fazer o professor se distrair e não se concentrar em resolver o mistério do espelho — Ele parece me odiar.

— Odeia mesmo – disse simples, rodando o espelho mais uma vez — Odeia muito. Ele estudou com o seu pai, não sabia? Os dois se odiavam – Quirrell olhou ameaçador para Harry, se perguntando como exatamente ele tinha se livrado da corda — Mas o morcegão nunca quis o ver morto. Tentou me ameaçar. Mesmo que eu seja fraco, meu lorde é poderoso! Nunca que eu poderia me rebaixar.

— Ele estava com você antes?

— Ele sempre está comigo – Disse sorrindo. Definitivamente parecia um maníaco — O conheci quando estava viajando pelo mundo! Eu era tão tolo e cheio de ideias ridículas sobre o bem e o mal. Lorde Voldemort me mostrou que não existe o bem nem o mal, apenas o poder!

Full Moons - Primeiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora