23 de setembro de 1991
"Lua cheia"
Harry tinha evitado ao máximo falar com Fawley, Draco, Ron e Hermione o máximo que podia. Com Fawley era difícil por ele aparentar gostar muito de ficar com o Harry mesmo eles não fazendo absolutamente nada; evitar Draco era complicado porque eles estavam constantemente juntos, mesmo que Harry não quisesse contato social, Draco dava um jeito de ficar perto dele; Ficar longe de Ron era uma tarefa mais fácil, já que eles eram de casas diferentes e eram separados por aulas de distância, por mais que Weasley sempre acabava esbarrando em Harry pelos corredores e nas aulas particulares (que Harry evitou fazer também); Já Hermione era a mais fácil de não encontrar, já que ela constantemente ficava sozinha e não insistia para falar com Harry, principalmente quando estava tão focada em ignorar Ronald.
Evitar as pessoas fazia parte de uma tática que ele tinha aprendido durante os anos com os Dursley e em Crunchen Hall. Normalmente se ficasse o mais longe possível, as pessoas não o procuravam e não queriam o conhecer melhor e tudo que ele fazia acabava escapando dos olhos das pessoas. Ele acabou esquecendo um pouco disso enquanto estava atolado de coisas que ele deveria fazer e por se distrair com Fawley e Malfoy.
Essa técnica funcionava em Crunchen Hall, e o máximo que acontecia era ele levar algum soco dos garotos mais velhos ou ser empurrado contra a parede depois de revidar as provocações. Mas a maioria o evitava por conta da sua doença e dos boatos que ele participava de uma gangue de delinquentes. Harry não sabia quando isso tinha começado, mas fazia os garotos ficarem longe dele e aquilo era ótimo.
No fim da tarde do dia vinte e três, Harry andava pelo castelo em direção a sala da professora Minerva e temia o que ia acontecer com ele. Teve milhões de pensamentos sobre como eles tratariam seu problema e onde ele ia ser posto para passar suas luas cheias. Ele sabia que era um monstro e era fácil admitir isso para si mesmo, mas odiava a forma que era tratado no mundo trouxa. Odiava as jaulas, odiava as correntes, odiava o quarto minúsculo que ele vivia, odiava ficar preso, odiava a prata que o queimava sem parar. Odiava tudo aquilo. Odiava ser aquilo.
Professora Mcgonagall estava sentada atrás de sua mesa com pilhas e pilhas de pergaminhos organizados em cima, alguns flutuavam e se reajustavam em lugares melhores sem ela ter que fazer nada. Harry bateu três vezes na porta e entrou. A professora levantou a cabeça, tirando a atenção do que quer que estivesse fazendo.
— Olá senhor Potter – Ela cumprimentou, pondo a pena no suporte. Harry trocou o peso de sua perna, olhando um pouco incomodado para ela — Muito pontual – ela elogiou, se levantando. O barulho da cadeira arrastando contra o chão fez Harry fechar os olhos com força — Essa é a madame Pomfrey. Ela cuida da ala hospitalar de Hogwarts, acho que já ouviu falar dela.
Harry abriu os olhos, vendo uma mulher alta e de feições rígidas sentada em uma poltrona acolchoada que ficava perto de onde Minerva estava. Ela tinha cabelos brancos e olhos escuros que a analisavam de longe com um certo tipo de carinho.
— Olá Harry – Madame Pomfrey cumprimentou simpaticamente — Eu vou lhe ajudar depois de todas as suas transformações.
Harry simplesmente acenou com a cabeça, concordando. Não tinha muito o que dizer ou fazer além de aceitar o que quer que fosse. Ele tinha aprendido durante o tempo que era difícil argumentar com adultos e era mais fácil fazer o que eles queriam enquanto os xingava de todas as maneiras que conhecia mentalmente.
— É melhor irmos logo, antes que escureça de verdade – Minerva sugeriu e Madame Pomfrey se levantou, passando as mãos na roupa para desamassá-la — Pode nos seguir, Harry?
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Full Moons - Primeiro Livro
FanficMonstro. Harry se habituou a ser chamado assim, ouviu tantas vezes que era até fácil assumir que ele realmente era um. Sanguinário, monstro, desprezível, e asqueroso. Algo sobre a força que aquelas palavras tão ásperas, e que já não tinham o efeito...