01 de Setembro de 1991
"Plataforma nove e meia"
Dois dias passaram muito devagar.
Harry teve que ter uma longa conversa com o Senhor Hades sobre deixar Crunchem Hall e ficar longe de problemas em Hogwarts, porque Harry não tinha responsáveis legalmente para dar um sermão sobre ele ser um tremendo irresponsável. Harry teve que desviar de todos os meninos que estavam curiosos sobre Hagrid – afinal, Rúbeo chamava muita atenção – e que queriam saber mais sobre ele e o que ele tinha vindo falar com Harry, os garotos ficaram bravos por não terem sido respondidos e, como eles sabiam que Potter sempre ia comer quinze minutos depois deles, combinaram com vários grupinhos para comerem mais do que poderiam aguentar.
Harry teve que se virar na cozinha, junto do pessoal que cuidava da alimentação deles. Não foi tão insuportável quanto Harry achou que seria, todos eram bem simpáticos e o ajudaram a fazer sanduíches e café.
Potter teria ficado com raiva dos garotos mas – para seu divertimento pessoal —, a maioria teve indigestão e passou mal depois de comer mais do que deveria. Harry frequentemente ouviu passos apressados nos quartos de cima, e passos descendo as escadas em direção a enfermaria. Ele se divertiu com isso enquanto olhava pela brecha da porta. Se sentiu meio mal depois, afinal não era muito legal se divertir com outras pessoas "sofrendo".
Mas quem poderia culpá-lo? Teria passado fome se dependesse dos outros garotos.
Sua diversão se esvaiu quando checou o calendário de setembro, todas as datas de lua cheia dos próximos meses estavam marcadas com um círculo vermelho – Senhor Hades que fez – Dia vinte três de setembro seria sua próxima transformação e um calafrio ruim passava por sua espinha quando se lembrava que Hogwarts estava "preparada" para seu... problema. Em Crunchem Hall eles tinham jaulas e correntes de ferro pesadas, por mais que Harry tivesse a mínima noção que ele não ficava tão grande assim quando virava aquilo. Não se lembrava de muita coisa que acontecia em suas luas cheias, mas acordava todo machucado com cicatrizes que nunca saíam.
Um dia ele decidiu escrever um diário sobre como suas transformações eram, mas demoraria mais tempo que o necessário para escrever e ele não tinha a mínima paciência de soletrar palavra por palavra até formar uma frase coerente. Harry tinha um vasto vocabulário, adquirido ao longo do tempo.
Não pelos Dursley, claro. Eles não eram lá muito inteligentes, Duda quase reprovou de ano na escola por três anos seguidos. E em Crunchem Hall o ensino era péssimo, não tinham livros ou salas de aulas decentes. Os professores apareciam de vez em quando.
O seu vocabulário foi aprendido durante suas fugas para o vilarejo, onde ouvia as pessoas conversando entre si e aprendia palavras novas, e para não as esquecer, conversava. Bem... "conversava" entre várias aspas. Não tinha ninguém para conversar, então criava situações em sua cabeça e falava sozinho, fingindo que tinha outra pessoa no quarto.
Mas isso foi antes de Darius aparecer e mostrar várias palavras novas a Harry, apelidadas de "palavras do dia", eles escolhiam três ou quatro palavras e tinham que as usar em várias situações até o outro dia chegar.
Darius fez a diferença. Só não conseguiu ensinar o Harry a ler porquê... bem, ele também não sabia ler a língua dos humanos.
— Erus – Harry ouviu a voz arrastada de Darius e colocou sua atenção em seu amigo, enrolado em seu braço — Porque está tão agitado? Seu coração está batendo rápido – Ele piscou os olhos lentamente, passeando pelo pulso de Potter.
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Full Moons - Primeiro Livro
FanfictionMonstro. Harry se habituou a ser chamado assim, ouviu tantas vezes que era até fácil assumir que ele realmente era um. Sanguinário, monstro, desprezível, e asqueroso. Algo sobre a força que aquelas palavras tão ásperas, e que já não tinham o efeito...