Capítulo 16 - Sobre Liberdade

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19 de Outubro de 1991

"Sobre liberdade"

Harry podia dizer que o seu último mês foi extremamente conturbado e cansativo. O curto período de adaptação para os alunos novos já tinha passado, graças à chegada de outubro. As folhas das árvores mudando suas cores para tons de laranja, vermelho e amarelo e o salgueiro lutador se balançando o tempo inteiro para que suas folhas secas caíssem confirmavam que setembro tinha realmente ido embora.

E junto com setembro, a parte mais fácil da escola também se foi.

Eles já não precisavam mais das aulas de latim e os professores pareciam sentir um prazer estranho em mandar diversas atividades ao mesmo tempo para serem entregues em períodos curtos demais.

Harry nunca gostou muito da escola. Crunchen Hall era terrível em termos de educação e tia Petúnia nunca se esforçou muito para garantir que Harry fosse inteligente e esforçado. Na verdade ela adorava que Harry não soubesse das coisas, isso era mais um motivo para ela o xingar. Mas independente de não gostar do colégio no mundo trouxa, ele estava se esforçando para ir bem em Hogwarts.

Passava horas do seu dia escrevendo resumos em pergaminhos – tudo ficou bem mais fácil depois que ele aprendeu a usar a pena para escrever, depois de observar por muito tempo Draco escrevendo – a letra de Harry não era redonda e curva como a de Fawley e muito menos como a de Draco. A letra de Malfoy era fina, delicada, as perninhas das letras maiúsculas sempre tinham círculos e voltas muito bem feitas e ele não parecia fazer muito esforço para ser bom naquilo. A letra de Harry era garranchada, feia, simplesmente não conseguia seguir uma linha e acabava com o texto todo torto, suas palavras quase fazendo ondas no pergaminho.

Ele se recusava totalmente a entregar suas atividades e trabalhos daquele jeito.

Helena disse que estava tudo bem. Que era normal. Já que Harry ainda estava aprendo. Helena disse que apesar dele ser inteligente e ter facilidade em aprender coisas novas, ele ainda estava em processo de aprendizagem e prática. Ela o disse para escrever e ler mais, explicando que a prática leva a perfeição e que sua letra seria tão bonita como a de Fawley e até como a de Draco.

Harry achou aquilo uma completa mentira, mas fingiu que acreditou no que ela tinha lhe dito.

Os encontros com Helena se tornaram menos frequentes à medida que Harry foi progredindo quanto à sua aprendizagem. No começo, se encontravam todos os dias depois do almoço, depois os dias foram diminuindo aos poucos. Diminuindo até o ponto em que eles só se encontravam duas vezes por semana.

Harry destrinchou os contos de Beadle, o bardo. Letra por letra até eles serem sílabas, que se tornaram palavras; palavras que facilmente viraram frases; frases que em um estalar de dedos se tornaram parágrafos; Em um salto, parágrafos se tornaram páginas; Páginas que se tornaram capítulos.

Harry estava feliz. Ele tinha lido capítulos. No plural. Ele nunca tinha lido tantas coisas antes.

Ele não saberia dizer o quão satisfatório e até doloroso foi o acontecimento de devolver o livro para a biblioteca. Nunca tinha achado que fosse capaz de ficar tão apegado a um livro.

Helena o incentivou a devolvê-lo. Ela disse que Harry era um bom aluno e que eles podiam ler outros livros, Helena disse que mostraria universos inteiros e mundos incríveis por meio deles. Ela disse que Harry podia viver a vida que ele quisesse pelos livros.

Harry gostou daquela ideia.

Rony o incentivou indiretamente a devolver o livro. Mas só porque Harry acabou descobrindo que Weasley era completamente e totalmente viciado em Os contos de Beadle, o bardo. Quando ele disse da última vez que "já tinha lido algumas vezes", ele quis dizer que "leria todos os dias, para sempre, até o fim da sua vida". Rony estava xingando aos quatro ventos, para quem quisesse –ou não – ouvir, a pessoa que ainda não tinha devolvido o livro à biblioteca. Harry devolveu mais pela ideia de querer ler outras coisas. Viver outras vidas.

Full Moons - Primeiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora