O ultrassom da mamãe

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    Quando cheguei em casa minha mãe já estava lá, e para meu azar Brooke também:

- Nossa saiu tão arrumada assim para ver somente faculdade mesmo filha?
- Claro mãe, temos que passar uma boa impressão até em nossa instituição de ensino.

- E acharam algo que gostassem? Insistiu nas perguntas.

- Não mãe, iremos continuar a procurar outro dia. Subi para meu quarto correndo para que ela não continuasse perguntando. Tranquei a porta e tirei aquela roupa, sentia um vazio enorme dentro de mim, e ao mesmo tempo felicidade, por ter visto o Gui.

    Me deitei na cama, e chorei um tanto, estava tudo tão preso dentro de mim, meu pai... eu sentia falta dele. Suspirei profundamente e cai no sono, sonhei com o neném que minha mãe esperava, era um menino e nasceria com muita saúde. Mas uma sombra preta apareceu naquele momento e eu acordei assustada.

    Já era noite, olhei no relógio e havia passado umas duas horas dormindo, me sentei na cama e passei a mão sobre os cabelos logo descendo para o rosto, olhei pela janela e uma das estrelas que iluminara o céu se destacava, amanhã eu iria ao cemitério. Precisava conversar com o papai.

    Peguei minha toalha e fui ate o banheiro enrolada na mesma, entrei e tranquei a porta. Tomei um banho que relaxou completamente meus nervos, em seguida, me sequei e fui para meu quarto. Coloquei um short curto e uma regata, pois estava uma noite quente. Penteei meus longos cabelos e desci para a sala, não havia ninguém lá. Estavam na cozinha, o cheiro estava muito bom.

    Fui até lá e Brooke estava na mesa e minha mãe na pia, os dois me olharam e eu parei na porta e comecei a rir.

- O que foi? Olhei para eles.

- Nada filha. Riu. - Senta! Amanhã tenho ultrassom. Disse cortando alguma coisa. - Queria muito que você fosse. Sorriu.

- O Brooke já não vai? Tentei não ser grossa.

- Sim filha, mas eu gostaria que você fosse. Abaixou a cabeça. Cossei meus cabelos sem saber o que responder.

- Amanhã tinha um compromisso, mas ok eu vou.

- Que compromisso? Retrucou.

- Ia visitar o papai... Senti o Brooke colocar sua mão por cima da minha e aperta-la. Tirei minha mão dali e o olhei, ele me olhava feio, extremamente enfurecido.

- Ok filha então, vá vizita-lo... Falou triste.

- Que horas é a consulta?

- A tarde, 16h. respondeu Brooke.

- Então eu vou no cemitério de manhã e a tarde eu vou ao médico com vocês, pode ser? Me aproximei da mamãe e a abracei forte.

- Ta bom filha, eu amo você. Me deu um beijo na testa, me sentei no balcão e fiquei esperando a janta ficar pronta, era frango no molho.

    Coloquei a mesa para mamãe e nós três jantamos juntos e em silêncio. Assim que acabamos, Brooke lavou e eu sequei a louça. Dei boa noite para os dois e subi, escovei meus dentes e fui para meu quarto. Me deitei e fiquei trocando mensagem com o Gui pelo celular até cair no sono.

***

    No dia seguinte me levantei cedo para ir ao cemitério, tomei um banho e coloquei uma calça preta, uma regata também preta e meu all-star. Penteei meus cabelos e os deixei soltos mesmo. Desci e tomei meu café, bem reforçado com direito a tudo. Parecia até que eu nem tinha jantado.

    Sai de casa por volta das 09h00 e peguei o ônibus, esperei por mais ou menos 30 minutos e logo estava eu, à frente do cemitério. Entrei e comprei algumas flores ali mesmo onde às vendiam, andei entre os túmulos e cheguei em frente ao de meu pai, lá havia seu nome e sua foto, passei a mão sobre eles e sorri emocionada, me sentei sobre o tumulo e ali depositei as flores.

- Papai, você não sabe o quanto sinto sua falta, do seu abraço, de seus carinhos, eu daria tudo pra lhe ver novamente, a vida foi tão injusta com o senhor. Comecei a chorar ao ver que várias lembranças surgiram em minha cabeça.
Fiquei ali por mais um tempo e depois fui para casa.

    Ao chegar, fui diretamente para o banheiro tomar banho para tirar as bactérias de cemitério. Sai e coloquei um vestido soltinho, desci as escadas e fui para a cozinha, Brooke e a mamãe já almoçavam.

- Boa tarde filha, como foi lá? Me olhou comendo.

- Foi bem. Sorri desanimada e beijei sua testa, me sentei à mesa com os dois e almoçamos todos juntos.

    A tarde fomos ao médico, fazer o ultrassom da mamãe, ela estava muito animada e feliz, queria ver o bebê mexer na barriga dela.

    Chegamos lá e o médico já nos atendeu, entramos na sala e ele fez diversas perguntas a minha mãe e também lhe passou várias recomendações. Mamãe deitou-se sobre a maca e o médico começou a acariciar a barriga da mesma, Brooke olhava feio e eu só dava risada. O médico passou um óleo na barriga e passou um aparelho por cima, mostrando dentro da barriga da mamãe em um grande televisor na parede.

    Ela estava tão emocionada que começou a chorar e Brooke ficou ao seu lado para segurar sua mão, peguei o celular e fotografei os dois.

     O médico disse que o bebê estava ótimo e que mamãe estava com dois meses de gravidez.

***

- Vamos para onde agora? Perguntei.

- Para casa ué. Respondeu Brooke.

- Vamos passar numa loja de roupas para crianças primeiro amor, por favor! Insistiu minha mãe.

    Fomos então para essa loja de bebê e minha mãe comprou várias roupas, a maioria delas branca por não sabermos o sexo do bebê.

     Jantamos na rua mesmo por já estar tarde e logo depois fomos para casa. Dei boa noite a todos e subi, coloquei um pijama e coloquei um filme na televisão, o Gui me ligou mas não conversamos por muito tempo. Quando o sono bateu desliguei a TV virei pars canto e tentei dormir. Depois de um tempo enfim, consegui.

O PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora