As crianças passaram a tarde toda com ele lá, e ao anoitecer foram embora. Tive que dar uma saída também para tomar um banho, comer algo e voltar para o hospital.Eu ainda não havia entendido o que aconteceu com o Brooke e a namorada dele, mas tinha receio de perguntar. Quando cheguei no quarto ele estava assistindo TV, e ao me ver sorriu.
- Podemos conversar? Perguntei, fechando a porta devagar.
- Temos todo o tempo do mundo! Apoiou a mão na cama para que eu me sentasse. Me sentei ao lado dele na cama, e o olhei.
- O que aconteceu com você, e a sua namorada?
- Eu estava disposto a ir atrás de você logo quando você foi embora, mas aí ela veio com um papo de gravidez, e assim depois de um tempo descobri que era mentira, por isso sofri o acidente.
- Ah sim! Me levantei e andei pelo quarto, ele apenas me observava.
- Vai voltar para a Itália? Perguntou curioso não tirando seus olhos de mim.
- Não Brooke, vou ficar aqui, cuidando de você, até que volte a andar. Apoiei as mãos na cabeceira da cama.
- Eu posso nunca mais voltar a andar! Não quero que perca sua vida cuidando de mim.
- Eu tenho fé que vai voltar a andar... Sorri e ele sorriu de lado.- Confia em mim?
- Mais que tudo nessa vida! Seu sorriso era o mais sincero que eu já pude ver. Fui até ele e o abracei forte.
Dei a janta que a enfermeira trouxe a ele e esperei dormir, saí e fui para o terraço do hospital, fiquei pensando em tudo que já passei nesta vida, não havia perdoado Brooke, estava fazendo isso porque o amava, mas todas as pessoas erram, e acho que ele já está pagando pelos erros que cometeu.
- Me dê uma luz mãe, pai ou Deus. Me auxiliem em minha caminhada, preciso da ajuda de vocês. Sozinha eu não consigo. Passei as mãos no rosto e chorei baixo.
Fiquei ali tomando um ar por duas ou três horas e desci para o quarto, me sentei no sofá e acabei por cochilar.
Pela manhã acordei com o celular tocando, era o Guilherme. Saí do quarto e atendi.
- Você não deveria ter mentido Gui... Suspirei.
- Me perdoe, eu achei que assim eu poderia te ter para mim. E eu me arrependo, Brooke poderia ter morrido, mas Amanda, depois de tudo que ele fez você ainda vai continuar do lado dele? Não acredito que tenha o perdoado tão fácil...
- Eu não o perdoei, porém eu o amo. Quando a gente ama, a gente fica perto... Suspirei.
- E sua casa aqui? O que pretende fazer?
- Eu ainda não sei, só Deus sabe como será minha vida daqui para frente... Brooke está paraplégico.
- Mais gastos Amanda... Você tem dois filhos.
- Eu vou dar meu jeito. Bom dia! Desliguei o celular e suspirei.
***
Depois de uma semana fazendo exames todos os dias, Brooke começaria o tratamento de fisioterapia, o médico iria acompanhar tudo e veria se ele poderia voltar a andar.
- Vamos sair da cama? O olhei entusiasmada.
- Tenho medo. Suspirou e fechou os olhos jogando a cabeça para trás.
- Não tenha. Estou aqui com você. Apertei sua mão, o ajudei a sentar na cama e aproximei a cadeira de rodas. A enfermeira segurou a mesma e Brooke me abraçou, o puxei e o coloquei sentado na cadeira com cuidado.
A enfermeira foi o levando e eu fui atrás. Entramos no consultório, e a fisioterapeuta fez testes de toque com o mesmo. Nada adiandou.
- Amanhã começaremos o tratamento com choque, e veremos se há alguma reação por parte de suas pernas.
- Tenho chance de voltar a andar Doutora?
- Espero que sim! Sorriu e sai com ele da sala, o levei ao jardim do hospital. Os nossos filhos estavam lá esperando ele. Era uma surpresa.
- Papai! O Arthur veio correndo o abraçar e ele ficou surpreso e sorridente. Fui até os tios dele e peguei a Clara no colo.
- Que saudade filha. A abracei forte e fui até Brooke, a coloquei em seu colo e a mesma apoiou sua cabecinha no peito do pai.
- Mamãe! Arhur pediu colo e eu o peguei, o abracei forte e lhe dei um beijo na testa.- O que o papai tem?
- Ele só está um pouco doente, mas se você pedir para o papai do céu, ele vai curar seu papai. Sorri e ele me deu um beijo na bochecha.
Passamos o dia todo juntos, almoçamos e teve um momento que deixei Brooke sozinho com seus tios, eles precisavam conversar.
Ao cair da noite eles foram embora e os enfermeiros foram dar banho em Brooke, enquanto isso aproveitei para ir a casa de Laura para tomar um banho e trocar de roupa.
- Como foi a fisioterapia? Laura perguntou me seguindo até o quarto.
- Ele não reagiu aos toques amiga. Suspirei e a abracei.
- Tenho fé que ele irá reagir, uma hora irá. Semana que vem é o aniversário dele, não é? Já havia me esquecido do aniversário de Brooke, Jesus.
- Sim amiga, não lembrava disso... Passei as mãos no rosto e ela riu.
- Você está sobrecarregada, precisa descansar... Eu entendo que tenha esquecido, mas podemos fazer algo de diferente para ele.
- Uma festinha. Sorri.- Podemos pensar nisso amiga, peguei uma roupa e deixei sobre a cama.
- Vou planejar direitinho e depois eu te falo. Sorriu e beijou minha testa, saiu do quarto e eu fui para o banheiro, tomei um banho. Me vesti e voltei para o hospital, comi algo lá mesmo e fui para o quarto dele.
Entrei e Brooke dormia, me aproximei dele e fiz carinho em seu rosto, ele era tão lindo dormindo. Se aconchegou e abriu os olhos sorrindo para mim.
- Dorme aqui nessa cama comigo hoje? Pediu.
- Está louco? Ri.- A cama quebraria.
- Claro que não, por favor. Me olhou nos olhos. Tirei os sapatos e me deitei ao seu lado, ele me abraçou e acariciou meus cabelos.- Quero que me perdoe por tudo que fiz! Suspirou.
- Não vamos falar disso agora. O olhei.
- Posso não ter mais tempo depois. Acariciou meu rosto e suspirei.- Te suplico, pelo amor que sentes por mim. Me apertou.
- Isso com o tempo acontecerá! Me aconcheguei em seus braços e ele suspirou novamente, levantou meu queixo e me fez o olhar, foi se aproximando e selamos nossos lábios em um beijo doce.
Dormi ali em seus braços. Pensei que precisava ir à igreja e também ao túmulo de meus pais levar flores. Assim poderia os sentir mais próximos de mim.
***
No dia seguinte, a fisioterapeuta testou o exame de choques, e Brooke reagiu, foi mínimo o movimento, mas um de seus dedos do pé se moveu e a doutora disse que ainda há chances de ele voltar a andar. Faria esse procedimento, até ver melhora parcial de seus movimentos.
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O Padrasto
RomansaAmanda tinha apenas 10 anos quando vivenciou o Luto pela primeira vez. Após aos 18, levara uma vida pacata ao lado de sua mãe e padrasto, que até então eram noivos. Uma reviravolta acontece em sua vida e agora ela tenta driblar os obstáculos que ins...