Despedida temporária

60.2K 2.9K 413
                                    



    Ao chegar no hotel, o Guilherme me esperava, não conseguia nem o olhar. Ele me abraçou forte e eu sei lá, quis dar meu máximo, retribuir tudo aquilo que ele sentia por mim.

    Tomei um banho e resolvi falar com ele na hora de dormir, jantamos e colocamos as crianças para dormir.

- Amor, está inquieta, aconteceu algo? Passou a mão em meu rosto e me olhou, segurei em sua mão e apertei.

- Você precisa voltar para a Itália. Beijei sua mão.

- Não amor, não vou deixar você sozinha aqui. Me abraçou.

- Não é questão de me deixar sozinha. Você tem uma vida lá, precisa ir. Apertei seu corpo no meu.

- Fala, o que aconteceu? Me olhou.

- Eu fiquei com Brooke, não sou digna do seu amor, ele me encontrou e eu não estava em um spa, eu estava com ele. Eu só te peço uma coisa: me perdoa, eu não vou conseguir ficar com essa culpa dentro de mim.

    A unica coisa que ele fez foi me abraçar o que me fez sentir mais culpa ainda. Eu retribui e chorei em seu ombro.

- Não chora! Eu sabia que isso poderia acontecer... Quando comeamos a namorar você disse que o amava! Acariciou meu cabelo. Tirei a aliança do dedo e coloquei em sua mão.

- Fica. Me devolveu.- Eu sei que você vai voltar. Sorriu e piscou.- Vou me arrumar e vou para o aeroporto, mas estarei te esperando lá na Itália.

    Se levantou e foi arrumar suas coisas, eu peguei a aliança e fiquei um bom tempo olhando para ela. Coloquei ela em meu dedo novamente e fiquei pensando na vida.

    Logo apareceu arrumado e com a mala. Se sentou ao meu lado e me olhou sorrindo. Retribui o sorriso de uma maneira mais leve e ele me abraçou, logo me beijando, eu o beijei também e o abracei de volta. Iria sentir sua falta, de seus abraços, conselhos....

    Ele foi embora naquela noite mesmo e agora éramos somente eu e as crianças, meu bem mais precioso. Naquela noite não preguei o olho. Não sentia sono e logo amanheceu.

    Quando estava coxilando na cama, ouvi o interfone tocar, acordei assustada e me levantei, o recepcionista disse que tinha um cara lá em baixo dizendo que queria falar algo comigo à respeito das crianças, então deixei subir.

    Coloquei um roupão e bateram na porta, cocei os olhos e a abri. Era Brooke, não podia ser... O que ele estava fazendo aqui?!

- O que está fazendo aqui? Tentei fechar a porta, mas ele me impediu.

- Quero falar com o Guilherme, chama ele para mim. Tentou olhar por tras do meu corpo.

- Ele não está! Voltou para Itália. Me compus em sua frente.

- Então me deixe ver meus filhos?! Me olhou nos olhos.

- Vai embora antes que eu chame a policia. Tentei novamente fechar a porta.

- Eles também são meus filhos Amanda! Deu um soco de leve na porta.

- Mamãe! Olhei para trás e era Arthur em pé na porta, coçando os olhos.- Papai! Sorriu e veio correndo abraça-lo. Revirei os olhos e fui obrigada a abrir a porta, ao contrário de Brooke pensava, eu nunca privei o Arthur de saber quem era seu pai, sempre falava de Brooke para não ter o risco de ele confundir o Guilherme com seu pai. Brooke o abraçou e pegou o mesmo no colo, enchendo-o de de beijos.

- Como cresceu! Beijou a testa dele e se sentou no sofá. Fechei a porta e suspirei. Ouvi a Clara chorar e fui para o quaro, a peguei no colo e comecei a amamenta-la. Fui para sala e me sentei ao lado de Brooke. Ele a olhou e sorriu.

- Me deixe pega-la. Sentou Arthur em nosso meio e pegou em Clara.

- Ela ainda não terminou de se alimentar... Não adiantou nada ter dito, ele a pegou no colo e a posicionou de frente para ele, ela passou a lingua nos lábios e abriu os olhinhos devagar.

- Como você é linda! Beijou a testa dela e a deitou em seus braços, ela fechou os olhos e voltou a dormir em seu colo, toda encolhida.

- Já ta na hora de você ir! O olhei.

- Eu só quero um tempo com eles. Me olhou com cara de cachorro sem dono.

- Mas não tem! Peguei Clara de seu colo e ela voltou a chorar. Voltei a lhe amamentar e Brooke ficou me olhando.

- Sobre ontem... Passou o dedo sobre meu seio que estava a mostra e percorreu por todo o rosto de Clara.

- Ontem não aconteceu nada Brooke! Me levantei e ele também, deu um beijo na testa de Arthur, suspirou e saiu do quarto.

    Fechei a porta e me sentei no sofá, não havia acontecido nada mesmo, pelo menos para mim não havia acontecido nada. O Arthur se ajoelhou e acariciou a cabecinha da Clara.

    Pela tarde o advogado apareceu no hotel. Eu teria de assinar alguns papeis, e ele iria conversar comigo.

- Bem, você disse que queria metade do apartamento né, eu entrei com um processo de investigação e uma grande parte do apartamento é sua., e as coisas de dentro dele também, por direito. Brooke e sua mãe não chegaram a casar, então não há comunhão de bens nesse meio.

- Como assim, grande parte? Lhe dei o café que havia preparado.

- Pois Brooke, só gastou uma parte do dinheiro dele para pagar o apartamento, vamos se dizer que 80%  de todo o dinheiro que foi gasto lá, foi da sua casa, e 20% dele, entendeu?

- Mas eu não quero as coisas que estão lá dentro, será que não teria como ele me dar o dinheiro das coisas também?

- No caso se ele desse o dinheiro, ao invés de devolver os móveis, daria a quantidade de 100% do que foi gasto para comprar o apartamento. Ele teria que lhe dar 200 mil reais.

- É muito dinheiro. Coloquei as mãos na boca.

- Claro que o juíz pode parcelar essa entrega em 2x. Ele te paga 100 mil e no mês próximo lhe paga os 100 mil restantes.

- O senhor acha que é uma causa justa?

- Eu acho que sim. Como a senhorita me contou ele está com uma mulher, se caso eles casarem, pode complicar um pouco.

- Então vamos em frente com isso! Falei decidida. Ele me deu alguns papeis que eu assinei, e também outros papeis com o processo das crianças.

- O Juiz já declarou que Clara pode ficar com você. Me deu o papel da guarda.- Mas que o pai tem que vê-la 10 vezes no ano. E sobre o Arthur, a audiência será daqui uma semana. Me passou o endereço e o horário. Se levantou, despediu-se e foi embora.

    Eu estava morta de sono, tomei um banho e fiquei na sala com as crianças, deitei no sofá e acho que ali mesmo adormeci.

    Acordei de madrugada com a Clara chorando, devia ser fome, e meu celular tocou. Olhei na tela e era o Guilherme, eram 5 horas da manhã, atendi:

- Liguei só para avisar que cheguei. Estava dormindo?

- Que bom Gui. Não a esfomeadinha acabou de acordar com fome. Ri.

- Cuida bem dos pequenos, e volta assim que puder.

- Pode deixar. Sim, eu estava disposta a voltar para a Itália, não queria ficar perto de Brooke. Já estava na cara que ele não queria mais nada comigo. Na verdade, nem sei por que fui para a cama com ele.

    Terminei de amamentar Clarinha e troquei sua fralda, ela como sempre voltou a dormir e eu também. Meu sono ainda não havia passado. Só de pensar que semana que vem eu teria de lutar pelo meu bebê, já ficava com uma sensação ruim. Mas eu lutaria com todas as minhas forças. Abracei Arthur e Clara e voltei a dormir.

O PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora