Capítulo 17 - Temos nossos próprios planos para hoje

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Seher despertou com os beijos curtos e quentes que lhe eram salpicados no ombro, mas permaneceu algum tempo de olhos fechados, apenas saboreando aquela carícia, ainda entorpecida pelos eventos da noite anterior. Aos poucos percebeu que ainda estava parcialmente nua sob as cobertas, trajando apenas o que devia ser a camisa branca que Yaman vestia durante o jantar, e sentiu a pele cálida do marido colando-se à sua em pontos não cobertos pelo tecido, uma coxa grossa insinuando-se entre as suas em uma carícia lenta.

Suas bochechas queimaram conforme a mente ia preenchendo as lacunas do que haviam experimentado juntos e de como havia se segurado àquelas mesmas coxas durante a noite e apertou um pouco mais os olhos, mas o corpo já dava sinais de que pretendia repetir a mesma experiência, especialmente agora que o braço pesado de Yaman envolvia sua cintura, puxando-a delicadamente de encontro ao seu peito, enquanto o ar quente da respiração dele roçava sua nuca.

Inevitavelmente seus pensamentos foram atraídos até a noite passada, ao momento em que enfim foram um. Nunca em toda a sua vida sentira algo que se aproximasse minimamente do que havia acontecido. Havia se sentido amada de uma forma única, inigualável, e suspeitava que agora o amava de um jeito que jamais considerara possível. Talvez fosse assim, afinal, e o amor tivesse muitas camadas.

Se pudesse, memorizaria cada detalhe, cada cheiro e cada som... guardaria o som rouco da voz dele acariciando seus ouvidos, memorizaria inclusive o calor dos dedos, dos lábios e do corpo dele sobre o seu, amando-a com os toques, doando-se e preenchendo-a. E, depois de tudo, guardaria o momento em que enfim, ainda ofegantes e suados, se enlaçaram um no outro, ela em seu peito, ele acariciando-a e depositando mais beijos em sua pele, como se qualquer distância agora fosse inaceitável.

De volta ao presente, suspirou embevecida, sentindo aquele calor familiar se espalhar pelo ventre e, num gesto inconsciente, esfregou o rosto contra o braço em que sua cabeça repousava, fazendo com que o corpo atrás de si também reagisse e Yaman emitisse um grunhido quente próximo ao seu ouvido. Apesar da timidez, era mágico pensar que havia uma conexão entre os corpos que fazia com que o que afetasse um atingisse também o outro.

Ainda assim, ficou grata quando os cabelos caíram em seu rosto, ocultando parcialmente a face corada, pois se Yaman a encarasse agora provavelmente perceberia o desejo sob a camada de timidez que estava estampada em sua face. Permaneceram assim por um instante até que ele tirou as mechas que cobriam seu rosto, trazendo sua face até que pudesse olhar em seus olhos enquanto murmurava um bom dia rouco e apaixonado, que reverberava em seu corpo.

Em seguida, Yaman fez com que ela se virasse por completo sob as cobertas, até que ficassem frente a frente, encarando-se em silêncio. Ele estava ainda mais lindo do que antes, Seher constatou ao observar os cabelos desgrenhados, os olhos miúdos de sono, o amor estampado em cada pedaço daquele rosto, um conjunto que nesse momento revelava uma outra face dele, tão vulnerável quanto ela se sentia diante da imensidão do que experimentaram.

Além disso, olhar para a figura descomposta de Yaman era um lembrete de como havia se agarrado àqueles cabelos enquanto se amavam, o próprio corpo colando-se e arqueando-se contra o dele, como se tivesse vontade própria, e depois encontrando a libertação que só ele poderia oferecer naquele momento. Essas imagens fizeram-na esconder o rosto em seu peito, como se com isso pudesse ocultar a própria timidez. Mas Yaman levou a mão até seu queixo e fez com que ela o encarasse outra vez:

- Yaman... – disse, numa súplica, tentando mais uma vez desviar o olhar.

- Seher... – ele retrucou no mesmo tom, mas o olhar firmemente preso ao dela, por mais que ela tentasse se esquivar.

Depois de buscar a mão dela sob as cobertas, entrelaçou os dedos aos dela e os trouxe até os lábios, em um beijo cálido e terno, e só então completou:

Por trás do seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora