01 - Uma Chance

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Olá, queridos leitores! Aqui estou novamente!

Lhes apresento meu novo projeto! Um gênero sobre o qual nunca escrevi, terror, por isso peço que tenham um pouquinho de paciência comigo, estou me esforçando pra entregar o melhor na vocês!

Beijocas e divirtam-se!

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Camila

Caminhei lentamente pelos cômodos da casa de número 150, na rua Stovington, era fim de tarde e as luzes estavam apagadas, pois as lâmpadas estavam todas estouradas, os móveis fora do lugar, vasos e quadros quebrados, e dentre as janelas já não havia uma sequer com os vidros inteiros. Uma bela bagunça. E o responsável por ela eu já imaginava quem era.

– E então, senhorita Cabello, ouviu, viu alguma coisa? – a senhora magra de grandes óculos quadrados me olhava apreensiva, enquanto segurava forte no braço do marido.

– Tem que ter paciência, Sra. Miles. – Eu ainda tinha uma pontinha de esperança de sentir o conhecido cheiro de laranja, que sempre precede os acontecimentos com que lido desde criança, mas eu tinha quase certeza de que aqui, na casa dos Miles, eu não encontraria absolutamente nada.

– Nós já lidamos com isso há tempos, estamos cansados, senhorita. Deve compreender. – O Sr. Miles, um homem magro de grandes óculos quadrados falou com uma expressão penosa. Engraçado como ele parecia mais irmão da esposa do que marido, acho que pessoas que são casadas há muito tempo tendem a ficarem parecidas. Direcionei a lanterna para eles.

– Eu compreendo perfeitamente, lido com isso há muito tempo também. – nada, nem cheiro de laranja, ou sensação de estar caindo, muito menos sons. Eu tinha certeza absoluta agora, não havia nada naquela casa, a não ser... – Eu ouvi algo!

– O quê? O que está escutando?! – a senhora Miles tremeu, sua expressão de credulidade, tão assustada e ansiosa, quase me fazia sentir pena dos dois.

– Está na sala de jantar, acho melhor vocês ficarem bem aqui, pode ser perigoso!

– Tem certeza? A senhorita também não corre risco? – a preocupação do senhor Miles era comovente.

– Não se preocupem, como eu disse, lido com isso há muito tempo.

Deixei a sala de estar e fui em direção ao outro cômodo, mas antes levei a mala com meu “equipamento”. Não preciso de todas esses geringonças, mas os clientes parecem gostar delas e sentirem mais confiança no meu trabalho quando as veem, por esse motivo resolvi compra-las quando as vi numa loja que vende coisas esquisitas.

Eu era minha ferramenta. Minha percepção, meus sentidos, principalmente meu olfato. Quando o cheiro de laranja surgia do nada, mesmo que não houvesse nenhuma a vista, eu sabia que havia algo por perto, ou para acontecer, algo que ninguém mais veria ou saberia. Mas quando o cheiro era de laranja podre... Eu sabia que o algo terrível aconteceria, ou me rondava.

Só senti esse cheiro forte de laranja podre duas vezes na vida. Uma, quando meu pai morreu, outra, quando minha irmã mais nova se despediu de mim uma noite antes ir para a faculdade. Eu a fiz ficar em casa e nada aconteceu, talvez eu a tenha salvo de alguma coisa, eu nunca vou saber.

Sentei numa cadeira mais afastada da mesa de vidro, pus a maleta no chão e dei um tempo, talvez eu possa... Peguei um vaso de porcelana, não parecia caro, acho que não vão sentir falta desse, joguei com força na parede.

– Ai, Jesus misericordioso! – ouvi a voz trêmula e esganiçada da senhora Miles. – Você está bem?!

– Sim. – segurei o riso. – Não me atingiu, mas foi por pouco!

O Dom da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora