22 - Meu Anjo

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Então, eu acredito esse está bem eletrizante!

Lembram que a Lauren estava sonhando com uma lembrança dela, e de repente tudo mudou? Então, vamos continuar desse momento, certo? Certo.

Divirtam-se!

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Camila

Depois que Helena se foi, Lehmann desapareceu, ele deve estar zanzando pelo hotel, revisitando lugares que lhe trazem boas lembranças. Carol, Danny e eu fomos para a frente da lareira, a menina estava com frio, mas isso se deve mais ao fato de ter se esforçado muito agora há pouco.

Ela estava tão cansada, pobrezinha, eu não queria que ela enfrentasse algo assim tão cedo, mas a decisão de me ajudar foi unicamente dela, estou orgulhosa da minha filha. Não tem mais jeito, eu já a considero assim, como eu poderia dizer que não, quando já amo tanto essa criança, a ponto de fazer qualquer coisa por ela?

Fomos até a cozinha e eu peguei o que sobrou do nosso almoço de ontem, e fiz um risoto de frango com legumes. Preparei tudo para pôr numa bandeja, para levar para Lauren, mas preferi que Carol comesse antes, ela precisava repor as energias, depois do grande esforço que fez. Danny saiu da cozinha dizendo que iria procurar o Lehmann, porque queria saber mais sobre ser um fantasma que vaga por aí, eu não aguento esse garoto.

– Agora você pode provar tudo pra mamãe, Camila. – Caroline sorriu levemente, seus olhinhos piscando.

– Eu posso. – ergui uma colher com minha mente e a deixei dentro do prato da menina. – Acha que ela está em condições de ver isso sem surtar?

– Não sei, mamãe anda tão confusa. – ela suspirou e comeu um pouco.

– E nós sabemos o que está a confundindo.

– Sim... Por que algumas pessoas são tão malvadas, Camila?

– Eu não sei, meu amor. – segurei sua mãozinha em cima da mesa. – Algumas pessoas sofreram muito a vida toda, e esse sofrimento todo as deixou confusas, e isso as leva a fazer bobagens.

– Como minha mãe, quando ela fazia coisa errada.

– Isso, como sua mãe quando bebia. Mas... algumas pessoas são simplesmente ruins, elas não tiveram problemas na vida, ou algo do tipo, ela só são assim. Não sei explicar porque isso acontece.

– Se não fosse por você, eu desejaria nunca ter vindo pra esse lugar.

– Nós vamos sair daqui, acredite. – Eu sorri e ela tentou retribuir, mas a menina estava cansada e um tanto pessimista. – Eu fiquei curiosa com algo.

– O quê?

– De onde tirou aquelas palavras lá no subsolo, maldito,  malvado?

– Ah, foi por causa de uma história que a vovó me contou. O conto de São Julião Hospitaleiro.

– E como era essa história?

– Bom, o Julião era um homem muito rico, mas muito malvado, matava os animais por diversão e era ruim para os pais, um dia ele matou um cervo que o chamou de malvado e maldito, e disse que ele faria coisas muito ruins, e que se arrependeria muito.

– E ele fez?

– No início não, porque ele ficou com medo do que o cervo disse, mas depois ele voltou a ser o mesmo malvado de sempre, até que, por culpa dele os pais morreram.

– Nossa. – Eu prestava atenção na história, ao menos a pobrezinha estava se distraindo um pouco.

– Então ele se arrependeu de verdade de todas as coisa ruins que ele fez e passou a viver com muito pouco, pedindo esmolas para os pobres. Um dia, depois de muitos anos, um mendigo doente bateu na porta da cabana dele, dizendo que estava com muito frio, ele abrigou o mendigo e o abraçou, para ele não morrer de frio. E, no final, ele descobriu que esse mendigo era Jesus, então Jesus o levou pro céu e Julião virou santo.

O Dom da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora