08 - Primeiros Socorros

703 77 57
                                    

Hello! Estou aqui novamente! Espero que gostem desse capítulo!

Beijocas, divirtam-se!

____________________________________

Camila

Passar o dia consertando o telhado com alguém pareceria uma tarefa horrível pra mim há alguns meses atrás, mas fazer isso com Lauren me deixou feliz de uma forma que eu não imaginava. Nós rimos e conversamos, falamos sobre filmes, desenhos, sobre a Carol, e eu me sentia cada vez mais parte do mundinho delas.

Não só pelo fato da menina e eu sermos iguais, mas por começar a compreender esse universo familiar de um ponto de vista diferente. Antes eu era sempre a filha, e, mesmo depois, quando Lilian e eu nos casamos, eu ainda não conseguia nos imaginar como uma família, e pensei que era porque ainda não tínhamos filhos, mas não era isso.

A verdade era que Lili e eu nunca tivemos a cumplicidade que começo a desenvolver com Lauren e Carol. Nos conhecemos ainda crianças, namoramos, e pensamos que o casamento era o caminho inevitável. Hoje eu vejo que há tantas escolhas que podemos fazer, e nem sempre a mais óbvia é a mais acertada.

O dia terminou leve, jantamos e eu convidei Lauren para ver outro filme comigo, mas Carol ficou estranha depois que comemos, ela estava aérea, olhando pros lados, falando sozinha, tentei me comunicar com ela, mas a menina se fechou em copas, e não pareceu proposital, ela estava perdida dentro de si, e por mais que eu tentasse, não consegui encontra-la antes de Lauren colocá-la para dormir.

Deitei inquieta naquela noite, preocupada com Carol, e também pensando em Lauren e no que houve uns dias atrás, quando ela tentou consertar o telhado sozinha. O cheiro de laranja ficou evidente quando a levei para dentro, e eu percebi que estava mentindo quando disse que apenas escorregou numa telha solta.

Mas o que eu iria dizer? Sei que está mentindo, o cheiro de laranja me denunciou que teve uma experiência sobrenatural. Ela iria achar que sou maluca, ainda mais por ser tão cética. Lauren disse com tanta convicção que fantasmas não existem, quando estávamos no telhado, que eu nem tive coragem de questionar.

Me remexi um pouco na cama, tentando parar de pensar nem que fosse por uns instantes, para poder pegar no sono, mas tudo passava pela minha cabeça de uma vez, eu não conseguiria fechar os olhos por muito tempo, então resolvi ver um episódio de uma série qualquer. Será que Lauren ainda está acordada? Talvez ela bata na minha porta para ver aquele filme...

Deixe de sonhar, Camila, o bem estar da Carol vem em primeiro lugar, além disso, Lauren deve estar cansada, e você também está, deveria estar dormindo agora, e não vendo essa série sem pé nem cabeça, que não entendeu nem uma vírgula ainda.

Me virei para pegar o controle remoto da TV, quando um vulto escuro passou do meu quarto para o banheiro, o cheiro de laranja se tornou forte de repente, e eu sabia que tinha alguém ali, mas será que consigo me comunicar sem chamar a atenção das pessoas do outro lado do corredor? Se for um hostil não vai ser fácil.

Levantei e fui até o banheiro, mas parei do meio do caminho, não queria ser precipitada.

"Quem está aqui?" esperei alguns momentos, e para minha surpresa a resposta veio rápido.

"E-eu, eu preciso ir embora..."

"Mariza?"

"Sim, eu quero ir embora, seja para onde for, não aguento mais ficar aqui, as lembranças..." ela soou aflita. Ótimo, mudou de ideia, só preciso ser cautelosa agora.

"Eu posso te guiar, Mariza, é só aceitar que tudo acabou."

"Acabou... É tão difícil."

O Dom da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora