Capítulo 8

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As diferenças entre elas, Camila concluiu objetivamente, eram mais uma questão de estilo do que de aparência. Diferente da sofisticação clássica de Lauren, Rachel optara por uma aparência mais relaxada. Ela vestia um casaco de aviador de couro marrom com as mangas arregaçadas, uma blusa branca de tricô, botas e a calça jeans que acelerara o coração de Camila. Ela só podia esperar que Rachel não causasse o mesmo efeito na figura esbelta de Lauren.

— Você deve ser Rocky — disse ela, calmamente. Sorrindo, ela balançou a cabeça.

— Certo. E você, eu espero sinceramente, é a arma contratada.

Antes de Camila responder, Lauren voltou. Ela logo viu que suas esperanças foram vãs. Vestindo calça jeans, uma camisa de gola alta creme e uma jaqueta jeans azul-clara, Lauren parecia o sonho de uma universitária sexy que todo mundo tem.

A única forma de impedir que ela chamasse a atenção, Camila pensou, implacável, seria enrolá-la em um cobertor da cabeça aos pés.

Ela retirou do bolso um bipe pequeno, especialmente projetado.

— Tome, prenda em sua roupa e certifique-se de mantê-lo ao alcance das mãos o tempo todo.

Franzindo o cenho, ela virou a pequena caixa preta na mão.

— O que é isso?

— É um dispositivo de rastreamento e sinalização de emergência.

— E como funciona? Não vejo nenhum botão para apertar.

— Não há botões. Se você precisar de mim, pegue-o e aperte. A pressão e o calor da palma da sua mão enviam um sinal pulsante para minha unidade.

Ela mexeu no bipe.

— No restante do tempo, o dispositivo emite um sinal contínuo codificado para uma freqüência especial que somente minha unidade pode pegar.

Com as mãos paradas, ela olhou para Camila.

— Contínuo?

— Para que eu possa rastreá-la a todo momento, durante o dia e à noite.

— Eu ouvi falar destes dispositivos — disse Rocky. — Eles foram inicialmente desenvolvidos pelos militares, mas agora as pessoas os compram para rastrear seus cachorros — ela acrescentou, sorrindo para a irmã.

A expressão de Lauren era de desgosto.

— Não sei se gosto da idéia de ter uma coleira, como um poodle.

— Faz parte do pacote de segurança.

O tom brusco de Camila mostrou claramente que ela devia levar o pacote inteiro ou desistir dele. Lauren não perdeu as entrelinhas. Apertando os lábios, ela levantou o clipe e prendeu na parte interna de seu bolso.

— Vamos — disse ela, brevemente. — Estamos atrasadas.

Vinte minutos depois, Camila entrou no acesso ao aeroporto e dirigiu até o hangar particular indicado por Lauren. Ela dissera que alguns membros da equipe local viajariam com elas no pequeno jato fretado. Ela não se importou em mencionar que metade da população de Minneapolis estaria na rua para vê-la.

Camila saiu do carro alugado, ressabiando-se quando uma figura saiu do meio da multidão e foi na direção delas. Camila relaxou apenas parcialmente quando viu que era uma adolescente.

— Olá, Lauren! Ouvimos dizer que você partiria esta manhã. Pode assinar minha camiseta?

Antes que Camila conseguisse se colocar entre a cliente e a menina, a porta do carona foi aberta e Lauren saiu.

— Claro. Você tem uma caneta?

— Tenho algumas fotos novas para meu book — disse timidamente uma outra menina de pernas longas, ao se aproximar delas. — Você pode olhar?

Em alguns momentos, Lauren estava cercada por um bando de meninas jovens e altas. Aspirantes a modelo, presumiu Camila, todas pressionando Lauren para dar dicas, conselhos ou autógrafos. O restante da multidão parecia ser principalmente de homens de macacão com logomarcas de diferentes companhias aéreas nos bolsos. Eles observavam a cena com ávido interesse. Ocasionalmente, um poderia dar uma cotovelada na costela do outro e fazer um comentário que resultaria em um sorriso lascivo.

Camila apertou os lábios diante das expressões deles, mas Lauren parecia impenetrável às reações que causava entre os admiradores do sexo masculino. Sorrindo e respondendo às perguntas apimentadas das meninas, ela se dirigiu ao hangar. Os homens se afastaram para deixá-la passar. Quando ela chegou à porta lateral, Camila virou para procurar o representante da agência de aluguel de carros entre a multidão.

Naquele momento, Lauren deu um gritinho.

Camila girou exatamente quando um braço envolvia o pescoço dela e a arrastava pela porta.

Camila quebrou a porta do hangar e se atirou contra o homem que atacou Lauren.

Segundos depois, ela estava se levantando do chão, engasgada. Seu agressor estava deitado com o rosto no chão, com um dos braços virado entre o ombro e a omoplata e o joelho de Camila plantado em suas costas. Quando ele soltou um palavrão e tentou desalojar o peso que o mantinha deitado, Camila levantou ainda mais o braço dele.

— Ai! — O grito do rapaz atingiu o teto alto do hangar.

— Quebre o outro braço, se você quiser, mas este, não. Ele não consegue fotografar com a mão esquerda.

A voz rouca e baixa penetrou na consciência tomada de adrenalina de Camila no mesmo instante em que Lauren protestou, ofegante.

— Camila! Este é... Dominic. O fotógrafo!

O nariz do rapaz arranhou no concreto quando se virou na direção da voz dela. Só então Camila notou os cabelos dele. Ou a falta deles. O lado esquerdo de sua cabeça era raspado e reluzia de tão branco. No lado direito, brotavam cachos negros. O efeito era tão assustador naquela manhã quanto fora na primeira vez em que Camila o vira, na noite anterior, na festa. Ela soltou o pulso do homem, mas levou um certo tempo para tirar o joelho.

—Tire-a... de mim!

— Camila, por favor! Este é Dominic Avendez. Ele é meu fotógrafo.

Quando o homem finalmente se levantou, esfregou o pulso e fitou sua agressora. Camila viu o exato momento em que o fotógrafo notara as cicatrizes. O olhar dele parou no nível do queixo da guarda-costas e ele engoliu a seco visivelmente. Virando-se para Lauren, pediu uma explicação.

— Quem é esta figura?

— Ela é...

— Meu nome é Cabello — respondeu Camila, deliberadamente. — Camila Cabello. Sou a guarda-costas da Srta. Jauregui.

— Guarda-costas? Desde quando ela precisa de guarda-costas?

Lançando um aviso silencioso para Camila, Lauren continuou.

— Foi idéia de Michael, Dom. Com tanta coisa envolvida nessa campanha publicitária, ele queria um pouco mais de segurança.

— Segurança? Diabos, o ensaio todo quase foi por água abaixo por causa dela.

— Você está bem?

— Não. — Franzindo as sobrancelhas, ele girou o ombro machucado.

Lauren foi para o lado dele.

— Vamos, vamos entrar no avião.

No que agora Camila sabia tratar-se de um gesto natural, o rapaz começou a abraçar o pescoço de Lauren com o braço bom. Ele se recompôs a tempo e lançou a guarda-costas um olhar desconfiado. Seu mau humor aumentou quando ele viu a expressão do rosto de Camila, mas ele entrelaçou o braço ao braço de Lauren, em vez de abraçar seu pescoço.

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