Capítulo 12

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Camila seria a primeira a admitir que seu conhecimento sobre moda fora adquirido depois que ela folheara a edição de praia da revista Sports Illustrated. Ela logo aprendeu que a impressão que tinha das mulheres sorrindo e jogando água do mar para o alto enquanto os fotógrafos as clicavam a duzentos quilômetros por hora estava longe da realidade.

Era trabalho. Um maldito trabalho duro. E exigia um nível tão alto de disciplina e tolerância que a deixou atônita.

Como previsto, o primeiro dia do ensaio começou às cinco horas. Camila pulou da cama, acordou instantaneamente, mas não estava particularmente feliz com isso. Considerações de segurança à parte, esse passeio no campo tão cedo estava fora de sua lista de coisas divertidas a fazer. Ela podia correr bastante quando a situação demandava, o que ocorreu mais de uma vez. Mas podendo escolher os métodos de exercício, preferia uma bicicleta ergométrica... com Lauren na bicicleta e ela observando.

Depois de passar rapidamente pelo banheiro, ela vestiu o agasalho cinza que comprara na loja do resort na noite anterior. Felizmente, a loja também tinha tênis no estoque. Infelizmente, o único par do tamanho de camiL era exclusivo, e tinha ziguezagues pretos e roxos. Ela levantou e bateu com os pés. Para seu alívio, a calça cobria a parte superior de seus pés. Ela alongou um pouco os joelhos e colocou sua arma Smith & Wesson no coldre. Momentos depois, caminhou sob o amanhecer frio até a cabana vizinha.

A esperança de que Lauren tivesse reconsiderado essa história de corrida foi por água abaixo quando Luren abriu a porta, depois que ela bateu. Ela parou, emoldurada pela luz do amanhecer que entrava pela sala de estar, e Camila engoliu em seco. Com dificuldade. Ela usava os cabelos presos em um rabo-de-cavalo frouxo, calçava tênis surrados e vestia um conjunto verde-claro cintilante bem justo.

— Bom dia — disse ela, saindo do quarto.

Ela se virou para trancar a porta, permitindo que Camila tivesse uma ampla visão da curvatura de suas costas e da firmeza de suas nádegas. Ela apertou os dedos com força.

— Bom dia — murmurou.

Ela colocou a chave em uma bolsa rasa presa com velcro ao quadril. Pelo volume da bolsa, Camila supôs que ali também estava o bipe. Não havia outro local na roupa dela para escondê-lo.

Apoiando um dos pés contra a parede, ela pressionou a bochecha contra a canela. No processo, sua roupa ficou ainda mais apertada e a capacidade respiratória de Camila foi ao limite. Ela deve ter emitido algum som inarticulado, pois Lauren olhou para ela de forma curiosa.

— Não gosta de acordar cedo?

— Não faço nada sem ter algumas doses de cafeína correndo pelo sangue — ela admitiu, com a voz ríspida.

Ela colocou a outra perna na parede e um dos tendões de Camila se contraiu em protesto.

— Bem, tem uma cafeteira no meu quarto, mas não temos tempo agora, se formos correr. Hoje é o primeiro dia do ensaio, e temos que...

— Cumprir o horário. Eu sei.

Ela trocou a perna novamente e Camila sentiu os dentes de trás rangerem. O rabo-de-cavalo dela se agitou quando ela virou para olhar para ela.

— Você não precisa alongar?

Precisava. Com certeza, precisava. Mas se contorcer sobre os músculos retesados não traria bons resultados.

— Eu alonguei um pouco no quarto. Vou economizar o resto da minha energia para o que interessa.

— Tem certeza?

— Sim.

Ela olhou em dúvida, mas abaixou a perna e saiu pelo corredor.

— Está certo. Você quer definir as passadas?

— É seu programa de exercício. Você define. Eu a avisarei, caso não consiga manter o ritmo.

Camila ainda se recuperava do susto provocado pela visão do conjunto verde-claro quando ela provocou . Logo ficou claro que, quando a moça dizia que corria de manhã, ela queria dizer que corria. Ela começou trotando levemente pelo corredor de terracota. Depois que saíram pelo portão de madeira, ela acelerou. Momentos depois, ela corria rápido. Então, a estreita estrada de terra que levava à estrada principal ficou reta e ela acertou o passo.

Em cinco minutos, gotas de suor escorriam pelo pescoço de Camila. Em dez, seu pulmão ardia como se estivesse em chamas. Rangendo os dentes, camila se concentrou em colocar um pé na frente do outro e percorrer o terreno em intervalos regulares.

Com as narinas ardendo, camila se arrastava pelo odor forte da resina dos pinheiros trazido da montanha pela corrente de vento da manhã. Se tivesse energia ou fôlego, ela teria apreciado a grandeza do mundo ao seu redor. Lauren olhou sobre os ombros algumas vezes para ver como camil estava. Ela tinha acabado de decidir que pediria a ela para diminuir a velocidade, quando ela moderou as passadas e se posicionou ao lado dela.

— Você está bem?

Camila sequer considerou agir como forte. Não seria de muita utilidade para a cliente se suas pernas desmoronassem, o que aconteceria se elas não voltassem logo.

—Não.

Ela esperava um sorriso. Ou que pelo menos ela erguesse uma das sobrancelhas. Em vez disso, ela lançou um meio sorriso pelo qual Camila estava prestes a implorar, assim como uma viciada em chocolate roga por M&Ms.

— A altitude está me afetando também. Quer voltar?

— Sim.

Ela virou e seguiu o próprio rastro. Seguindo com dificuldade os passos dela, Camila nao podia deixar de notar a musculatura macia e retesada de suas costas e nádegas sob a veste verde cintilante. Também reparou que nenhuma gota de suor brotara dela. Suspeitando que a altitude não a atingira como a si, ela se concentrou e calculou a distância até os portões do resort.

Não conseguiria.

Talvez.

Ela podia... se sua perna esquerda não escolhesse aquele momento para uma câimbra. Uma dor martirizante envolveu sua coxa como uma prensa. Camila vacilou a passada e então inclinou-se para o lado. Ela parou por um momento e a dor ficou mais intensa. Gemendo, Camila se forçou a controlar o movimento espasmódico.

Ao som do gemido atrás dela, Lauren virou. Ela já se mantivera em inúmeras posições não naturais por muitas horas, por isso reconhecia instantaneamente os sinais de uma clássica dor muscular. Ela voltou correndo para Camila, falando com a voz ofegante provocada pela mistura de pouco ar e esforço.

— Pare um pouco. Deixe-me massagear sua perna. Com os lábios apertados, ela balançou a cabeça.

— Ela pára sozinha.

Ela dançou em volta dela.

— Camila, por Deus! Pare!

— Eu me sinto melhor — ela falava entre os dentes — se continuar me movimentando.

Podia sentir-se melhor no momento, mas Lauren sabia, por experiência própria, que uma pressão constante em um músculo contraído podia levar a uma séria lesão. Sua boca se afinara em uma linha apertada e seus olhos brilharam de uma forma que Rocky reconheceria instantaneamente.

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