Sua irmã gêmea sempre dizia que podia afirmar o momento em que Lauren decidia fazer algo que colocaria as duas em apuros. Normalmente, ela tentava dissuadir Lauren, explicando as conseqüências horrendas que poderiam ocorrer. Então ela sorria e se unia à irmã na mesma hora. No entanto, Rocky não estava ali para dar qualquer advertência e Lauren se plantou bem em frente a Camila.
Ao menos esperava que ela diminuísse o passo. O máximo que aconteceria era ela bater nela. Só não esperava o ímpeto acelerado de um corpo sólido como pedra. Camila foi de encontro a ela antes de conseguir parar. Assustada, Lauren tentou se desembaraçar. Ela deu um pulo desajeitado para trás, os pés de Camila atados aos dela. Então as duas caíram.
Girando no ar, Camila suavizou a queda dela com seu corpo. Lauren aterrissou em cima dela com um "Opa" e os braços de Camila a envolveram com uma força que acabaram com o resto do ar de seus pulmões.
— Nunca mais tente... algo tão estúpido — esbravejou Camila, deixando a camiseta cair sobre os dedos estatelados dela. — Eu podia ter machucado você.
Lauren engasgou e tentou recuperar o ar em seus pulmões secos.
—Eu... você...
— O quê?
Ela meneou desesperadamente e empurrou o peito dela com as palmas das mãos.
—Eu...
— O que, droga?
— Eu... não consigo... respirar! — ela berrou, expirando o resto de oxigênio no processo.
Aos poucos, ela afrouxou os braços. Apenas o bastante para Lauren engolir grandes lufadas do ar da manhã do Novo México. Ela sentiu-se aliviada e seu corpo rígido ficou sem energia. Inclinando a testa até o ombro de Camila, ela ficou estatelada em cima dela por longos segundos.
Gradualmente, a pulsação dela diminuiu e seus pulmões pararam de bombear como foles sobrecarregados. Quando sentiu que poderia falar com razoável coerência,
levantou a cabeça.
— Desculpe, eu não queria atropelar você.
Uma sobrancelha negra foi erguida em descrença.
— Não queria — ela insistiu, ainda ofegante.
Lauren se agitou novamente, com a intenção de sair de cima do peito dela. Estava achando muito difícil recuperar as idéias e ainda ter que pedir desculpas com o quadril roçando o de Camila. Para sua surpresa, ela não a largou. Ela olhou para baixo, na direção do rosto de Camila, e viu que os olhos dela se estreitavam em duas fendas por trás de uma cobertura pífia de cílios.
— Está certo — disse ela, de repente com menos ar ainda. — Admito que não foi boa idéia parar na sua frente enquanto você corria a passadas largas. É que eu sei como um músculo pode doer quando fica retesado assim.
Um brilho perverso foi emitido por aqueles olhos castanhos.
— Sabe?
Lauren não teve dificuldades em interpretar aquele brilho. Nenhuma mulher teria. A mulher era tão sutil quanto uma locomotiva percorrendo os trilhos. Ela resolveu bater de frente com o trem.
— Sim, sei. E não tente distorcer minhas palavras. Você sabe muito bem que eu falava de sua câimbra.
Camila se moveu sob ela. Os dedos de Lauren foram enterrados na blusa dela enquanto ele levantava uma perna, apertando a coxa dela contra a rigidez da sua.
— Que câimbra?
Ela virou os olhos.
— Eu deveria saber me comunicar com mais sensibilidade com uma mulher de calça de moletom e tênis roxos.
Ela sorriu de uma forma lenta e irônica, fazendo com que o coração de Lauren parasse, voltando a bater sobressaltado depois.
— Você notou os sapatos, não?
— Seria difícil não notá-los — ela retrucou, tentando não rir. — Eles são um pouco avant-gardes para o meu gosto, mas combinam com sua gravata. Camila riu ainda mais, e Lauren não conseguiu evitar, derretendo-se contra ela. A rigidez de suas pernas diminuiu e elas se entrelaçaram às dela. A respiração de Lauren ficou mais lenta, enterrando sua barriga contra o tórax dela. E os braços que ela forçava contra o peito de Camila de repente desmoronaram. Por baixo da roupa apertada, seus seios se apertaram ainda mais. Seus mamilos arrepiaram em protesto, ou talvez em resposta ao pequeno grunhido que começou baixo no diafragma dela e foi aumentando.
— Ah, Lauren... Essa provavelmente foi a coisa mais estúpida que já fiz na vida.
Lauren não tinha certeza se ela se referia aos tênis roxos, à corrida interrompida ou à forma como ela a apertou contra si. Antes que pudesse concluir, Camila a beijou. Um dos braços soltou a cintura dela, uma mão grande envolveu seu pescoço e então Camila trouxe o rosto dela para perto e a beijou.
Lauren já tinha sido beijada antes. Um respeitável número de vezes, na realidade. Mas nunca enquanto estava esparramada sobre alguem suado, no meio de uma estrada empoeirada. Ela não ouvia violinos ou sentia o cheiro de rosas no cenário. Não viu luzes suaves ou sentiu o borbulhar de um bom champanhe. Havia apenas uma mulher rude, de repente ansiosa, que começou provando-a e logo passou a devorá-la. Ela não sabia quem tinha aprofundado o beijo, mas não se importava.
No entanto, se importou quando ela finalizou o beijo. Muito. Mais do que muito. Estremecendo, ela respirou fundo e abriu os
olhos.
— Eu estava certa — disse ela, balançando a cabeça dela.
Lauren fingiu não ter compreendido. O arrependimento nos olhos de Camila não dava espaço à incompreensão.
— Estúpida, hein? — ela perguntou, suavemente.
— Muito.
— Mas... bom.
Os dedos dela tocaram a cabeça de Camila.
— Muito.
Ela balançou a cabeça vagarosamente, então apoiou um dos joelhos no chão e se afastou do peito dela. Quando as duas estavam se levantando, Lauren se forçou a encará-la.
— Olhe, não vou considerar isso fora de contexto. Nós simplesmente fomos levadas pela — ela fez um movimento com as mãos para abranger a estrada poeirenta — sujeira — concluiu, de maneira inábil.
Camila levantou uma das mãos e fez um carinho na bochecha dela, assim como fizera na noite anterior. Lauren se policiou para não aninhar seu rosto na mão dela.
— Eu fui levada por mais do que isso. Você é uma mulher linda, Lauren.
Ela esperava que isso fosse um elogio. Lauren Também compreendia as pessoas se rendiam a beleza dela, que poucas mulheres compartilhariam sua necessidade irracional de ser vista por Camila não apenas como a imagem física que passara a vida adulta toda aperfeiçoando.
Compreendia tudo isso, mas um desapontamento ainda afetava de leve as reminiscências de seu prazer prolongado. Ela ensaiou um sorriso.
— Obrigada. Infelizmente, tenho que ficar ainda mais linda e não tenho muito tempo para isso. Sua perna está bem?
Camila sentiu o recolhimento dela. Foi sutil como o encrespamento de uma rosa para escapar do frio. Parte dela queria evitar a retirada de Lauren. Queria enterrar os dedos naquele rabo-de-cavalo frouxo e arrastá-la novamente para seus braços beijando-a até que suas bochechas ruborizassem de calor novamente e seus olhos perdessem aquela distância fria.
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A modelos e a Guarda costas
FanfictionAo ser ameaçada por um fã maníaco e desconhecido, a modelo Lauren Jauregui passa a contar com a proteção de Camila Cabello uma ex-mercenária contratada para ser sua guarda-costas. Enquanto protege a bela, Camila percebe que o maior perigo é justame...