Ela não correu nem provou o prato misterioso pela manhã. Ela e Camila estavam apenas começando a aquecer para a corrida na manhã seguinte, quando o telefone tocou. Lauren gelou,com a bochecha direita apoiada na panturrilha esquerda. Antes de se desdobrar, Camila entrou no quarto. Com a extensão na mão, Camila sinalizou para ela atender o telefone na sala de estar. Lauren engoliu em seco e pegou o fone no mesmo instante em que Camila o fez. Antes de ela o levar até a orelha, foi possível ouvir claramente a voz de Dom.
— Você viu este nascer de sol? É inacreditável! Quero você do lado de fora em vinte minutos.
— Dom, não estou vestida.
— Não preciso que você se vista. Use um bendito lençol, se preferir. Não, coloque algo preto. Não importa o que seja, só quero seus olhos. Corra, Laur. Ela estremeceu quando ele desligou o telefone. Colocando seu fone no gancho com um pouco mais de cuidado, ela sorriu de lado para Camila.
— É melhor você tomar um café e alguns desses chula-sei-lá-o-quê enquanto dá tempo. Se eu não estiver enganada, o mundo vai desabar em cerca de dez minutos. Toya e Stephanie e todo o resto da equipe de produção desceram até a cabana dela em minutos. Assim como Lauren, cada um deles estava sem uma ou outra roupa. Diferente da modelo, eles não estavam contentes em acordar para aproveitar o espetacular amanhecer do Novo México. Em uma rajada de escovas e cremes e observações sobre fotógrafos sarcásticos que queriam o impossível, eles começaram a trabalhar.Vinte minutos depois, Camila apoiava um ombro em uma arcada, bebericando uns goles de café e observando Avendez posicionar Lauren. Envolvida em um xale preto que Toya encontrou milagrosamente em alguma fonte inespecífica, ela virou o rosto para o pico da montanha do oeste. Atrás dela, cores resplendorosas irradiavam pelo céu do leste. Era o tipo de nascer do sol que somente o Novo México poderia produzir. Relutantemente, Camila admitiu que a agonia que aquele ar rarefeito provocava nela durante as corridas matinais com Lauren poderia ser um preço pequeno a pagar por algo que só podia ser classificado como uma das maravilhas do mundo natural. No entanto, a pergunta que ainda exigia uma resposta em sua mente era por que Avendez acordara tão cedo para se deparar com aquela vista em particular. Se tivesse acordado às cinco, estaria acordado também às duas, quando Lauren recebeu a ligação?Era uma possibilidade limitada. O homem dirigia a si mesmo com a mesma rigidez que dirigia as outras pessoas. Ele se trancava em seu centro de processamento portátil por horas depois de cada ensaio, atormentando seus assistentes quando eles revelavam as folhas de contato e consultando os diretores de arte. Sempre voltava ao centro depois das sessões de revisão noturnas com Lauren para trabalhar. Camila verificara a unidade de processamento no primeiro dia de ensaio. O lugar era independente e limpo, como se esperasse inspeções matinais de sábado. Os produtos químicos eram armazenados em recipientes claramente identificados e os suprimentos de filmes e equipamentos eram mantidos separados. Havia uma sala escura na metade traseira da instalação. A metade dianteira funcionava como escritório e unidade de criação, dotada com alguns computadores e, Camila lembrou, um telefone. Sobressaltada, ela olhou para o bando de pessoas em volta de Lauren. Então, colocou a mão no bolso do colete e foi na direção da unidade de processamento. Com o ensaio começando a pegar fogo, ninguém notaria quando ela entrasse furtivamente. O telefone portátil ficava em um estojo preto de couro. Alimentado por uma bateria recarregável, emitiu um ruído baixo quando Camila o tirou do gancho. Para que um telefone móvel funcionasse, ele devia estar conectado a um serviço local. Ou a um serviço nacional que acusasse que ele estava em roaming, ou seja, fora de sua área local. Se alguém tivesse ligado para Lauren daquele telefone cerca de duas e vinte da manhã, haveria um registro disso. Apertando os lábios, Camila anotou o número em um pedaço de papel. Para verificar os registros de chamadas de um telefone, era necessário apenas recorrer a alguns amigos ou entrar em contato com a polícia. Colocando o papel com o número do telefone no bolso, Camila fez uma inspeção rápida no centro de processamento. Nada mudara desde a sua primeira visita, exceto...Ela abriu o painel esquerdo de uma placa de exibição montada na parede e sentiu falta de ar. Fotos de Lauren cobriam a superfície. Centenas de fotos, ampliadas e reduzidas, coloridas e em preto-e-branco. Lauren sorrindo para a câmera. Lauren olhando sonhadora para o horizonte. Lauren com o queixo inclinado e os lábios curvados e os olhos telegrafando com uma postura fascinante, capaz de pôr fogo em cada hormônio de Camila. Ela olhou para o painel, atônita. Fascinada. Estupefata pelo efeito artístico gerado por luz e sombra, cor e textura. Então ela abriu o painel da direita e a estupefação virou fúria. Mais fotografias preenchiam a metade do painel. Todas tinham tido o rosto da modelo cortado. Algumas traziam Xs em cima do assunto. Outras tinham a palavra "censurado" rabiscada do início ao fim. Uma em particular chamou a atenção de Camila. De acordo com a palavra que ocultava o sorriso travesso de Lauren, somente um tolo gostaria daquele rosto, ou compraria os cosméticos que ela estava anunciando para o povo. Camila ainda olhava para a fotografia, quando ouviu a porta da unidade de processamento ser aberta. Virando, ela viu um dos assistentes de Avendez entrando. Philips, Camila reconheceu na hora. Jerry Philips. Um aluno da Universidade do Texas que estava fazendo um estágio de fotografia no verão com Avendez. O rapaz fazia questão de passar uma imagem fora do comum. Magro, com ombros curvados e nervoso, ele invariavelmente vestia bermudas abaixo do joelho, uma camiseta laranja da universidade bem maior do que o seu tamanho e um boné. Ele pulava como um gato assustado sempre que o Zebra gritava com ele, o que ocorria freqüentemente, e gaguejava todas as vezes que Lauren tentava acalmá-lo. Quando ele viu Camila no centro de processamento, quase perdeu a voz.
— O-o que você está fazendo aqui?— Olhando. — Oh, o Sr. Avendez não gosta que as pessoas entrem aqui sem a permissão dele.
— Eu não preciso da permissão dele — respondeu Camila, diretamente.
— Oh. — Philips olhou para ela por alguns instantes até lembrar-se de sua missão.
— Tenho que pegar alguns filmes.
Camila ficou parada enquanto o assistente corria e inseria uma chave em um dos armários de suprimentos trancado eclimatizado. Ele retirou uma bandeja de pacotes lacrados de lâminas e estava se dirigindo à porta, quando Camila balançou acabeça na direção das fotos.
— Este é um mural e tanto. Você ajudou a organizar as fotos?Os olhos do rapaz examinaram superficialmente a montagem.
— Não, o Sr. Avendez fez isso. Ele faz a montagem das fotos que gostou ou não para avaliá-las. Quando está de bom humor, nos fala o que está certo ou errado na composição. Camila deu um tapinha no mural com um olhar malicioso.
— Ele falou o que há de errado com esta aqui?— Nem precisava — respondeu o estagiário com um suspiro.— Qualquer fotógrafo iniciante saberia que mantivemos o refletor no ângulo errado. As luzes do sol também estouraram o rosto dela. Passando a bandeja para a outra mão, ele passou as costas de sua mão no nariz e analisou a foto com olhar crítico.
— Se eu tivesse participando do ensaio, usaria o polarizador para suavizar um pouco o plano de fundo. Focaria mais a boca de lauren. Deus, que boca!
Camila estreitou os olhos diante da característica reverente dessas últimas palavras. Pelo visto, ela poderia acrescentar o estagiário à lista de homens apaixonados, ou pelo menos que desejavam Lauren. O Viking, o Zebra, o Charuto e, agora, o Descolado. Pensando nas possíveis implicações disso, Camila examinou o rapaz. Correção, o homem. Mesmo com aquele bermudão e comos ombros curvados, Philips devia ter cerca de 25 anos. E mais, ele tinha acesso à unidade de processamento... e ao telefonemóvel.
— Bem, tenho que levar estes filmes para o Sr. Avendez. Até mais.
— Até mais — respondeu Camila. Camila saiu alguns momentos depois e correu para sua cabana para fazer uma rápida ligação. Já tinha avisado ao detetive da polícia de Nova York encarregado do caso de Lauren sobre a ligação daquela manhã. Agora,forneceria um número específico para ser examinado. O detetive prometeu rastrear o serviço de telefone móvel e verificar seus registros para aquele número específico. Poderia levar alguns dias, ele avisou. A explosão de telefones celulares e a falta de regulamentação das empresas de telefonia complicaram consideravelmente o processo. Camila voltou para o ensaio. O nascer do sol espetacular, agora mais azul e dourado do que roxo e vermelho, não justificou sequer uma olhada da modelo da parte dela. O foco total agora era na mulher envolvida de preto e no homem com metade da cabeça de cabelos negros esvoaçantes agachado diante dela, cujo rosto era obscurecido pela câmera. A ligação da noite anterior poderia ter vindo de qualquer lugar, ou de apenas alguns metros de distância . Poderia ter sido feita por qualquer pessoa, por Avendez, seu estagiário ou qualquer um que entrasse e saísse da unidade de processamento durante o dia. Até receber uma resposta da polícia, Camila apenas especulava. Mas ela sabia que deveria contar a Lauren sobre suas suspeitas. Também sabia que ela não gostaria de ouvi-las. Sem querer perturbá-la durante o ensaio, ela esperou até que a equipe retornasse, suja e cansada, de um dia exaustivo. Camila tomou um banho rápido e percorreu a pequena distância até a cabana dela, só para descobrir que ela não estava lá. Nenhum dos membros da equipe, incluindo Avendez, sabia onde ela estava.
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A modelos e a Guarda costas
FanfictionAo ser ameaçada por um fã maníaco e desconhecido, a modelo Lauren Jauregui passa a contar com a proteção de Camila Cabello uma ex-mercenária contratada para ser sua guarda-costas. Enquanto protege a bela, Camila percebe que o maior perigo é justame...