Capítulo 20

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Lauren ainda estava sentada no meio da cama com o telefone em uma das mãos e o bipe na outra, quando Camila entrou devagar, com uma arma em cada mão. Se as obscenidades que Lauren se forçara a ouvir já não a tivessem abalado bastante, a entrada dramática de sua guarda-costas resolveria o problema. Usando calça jeans e uma camisa aberta mostrando o sutiã que obviamente vestira às pressas, ela era todo enxuta, gostosa, com o abdôme amostra e muita frieza. Lauren se encolheu quando a arma da mão dela dançou em um arco curto e fatal. Camila procurou pelas sombras, então apalpou os travesseiros dela com um olhar cerrado.

— O que está havendo? — perguntou, retesada. Com as mãos tremendo, Lauren  pegou o instrumento. O bip-bip-bip e a mensagem gravada avisando que o receptor tinha desligado o telefone ressonou no silêncio tenso do quarto.

— Era... — Ela passou a língua pelos lábios. — Era ele. Eu ouvi... Tentei mantê-lo aqui, mas... ele desligou. Camila abaixou a arma e pegou o telefone. Ela parecia não querer passar o telefone para ela.

— Vamos, Laur — disse ela, gentilmente. — Deixe-me ver isso.

— Eu... — Ela olhou com desamparo para o instrumento em sua mão. Eu...Praguejando, Camila colocou a arma na mesa-de-cabeceira.

— Está tudo bem — murmurou, destravando os dedos. — Está tudo bem. Estou aqui. Ele não vai machucá-la. Ela foi tomada por tremores, um seguido do outro.

— Ele não quer me machucar. Foi o que disse. Não... a menos que seja necessário. Praguejando mais um pouco, Camila arrancou o bipe do pulso dela e colocou na mesinha. Depois, ela a abraçou.Tremendo de forma incontrolável, Lauren se apertou contra a parede rígida do peito  de Camila. Ela não choraria. Não daria essa satisfação ao pervertido. Mas não conseguia parar de tremer. Envolveu Camila com as mãos desejando, precisando de um alicerce. Ela compreendeu a necessidade da de olhos verdes. Colocando-a no colo, abraçou-a com força, com o braço em volta de sua cintura. Sua outra mão acariciava a parte de trás da cabeça dela. O nariz dela encontrou a junção do pescoço e do ombro de camila, acessível pela camisa aberta. Com um som que era meio choramingo e meio alívio, ela enterrou o rosto na pele macia e quente dela. Camila a embalou, como uma mãe faria com uma criança pequena.

— Está tudo bem, Lo. Estou aqui. Quando ela trocou um pouco de posição, ela a agarrou em pânico.— Não vou a lugar nenhum —  garantiu. — Ainda não. Só quero ligar para o operador do hotel. Espere um pouco, querida. Com as mãos enroscadas na camisa dela, Lauren manteve-se unida a  Camila enquanto ela pegava o telefone.

— A Srta. Jauregui  acabou de receber uma ligação. Você pode me dizer se ela veio do hotel ou é externa?A voz de Camila era um ruído baixo no ouvido dela. Lauren fechou os olhos e tentou se concentrar nas batidas erráticas do coração dela contra o peito, em vez de se ater a sua própria aceleração cardíaca.— Tem como saber se foi local ou de longa distância? Ela sentiu, mais do que ouviu, o pequeno grunhido de desapontamento dela.— Sim, bem, obrigado.— Eles... eles não podem dizer de onde vem?— Só que veio de fora do Rancho Tremayo.

— Ótimo — ela murmurou contra a clavícula dela. Camila passava a mão pelos cabelos dela, forte e infinitamente confortante.

— Você terá que me dizer o que ele falou. Ela se arrepiou.

— Agora não. Por favor. Ainda não posso falar sobre isso.

— Quando você puder, querida. Lauren não tinha certeza se conseguiria. Ela não queria nem pensar, menos ainda repetir, as frases que prometiam transformarem um ataque obsceno e assustador algo que deveria ser... deveria ser lindo. E caloroso. E lentamente e sensualmente invasivo. Como o ritmo do coração de Camila contra o dela. A sensação dos braços da de olhos castanhos em torno dela. Aos poucos, os tremores deram lugar a arrepios. Lentamente, o perfume de Camila substituiu o gosto amargo do medo, mudando o foco dos sentidos dela. A camisa dela tinha sido levemente engomada. Sua pele insinuava uma cobertura amarrotada e a noite fria, de forma que onde a respiração dela batia, a superfície flexível ficava umedecida. Lauren sentiu uma forte necessidade detocar a ponta de sua língua na prega do pescoço dela. Ela ficou tão surpresa quanto Camila, quando resolveu sanar sua necessidade. A mão que estava acariciando seus cabelos paralisou. Os músculos sob as mãos dela ficaram tensos.

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