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Psiu, você que tá começando agora, leia a epígrafe e o prólogo depois do capítulo 13 antes de começar. ❤

01. VENDA
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O estalo do chicote fez os ossos de Atsumu estremecerem. Nenhum grito se seguiu, o que significava que aquilo era apenas um aviso. Uma advertência para ir mais rápido. As correntes tilintaram mais quando a fila acelerou, seguindo o ritmo ditado.

Seus pés já estavam em carne viva de tanto caminhar, mas preferia isso a ir na carroça. A carroça era para quem não conseguia caminhar, para quem estava quebrado a tal ponto. Seus pulsos estavam no mesmo estado de seus pés por conta dos pesados grilhões. E a coleira em seu pescoço dificultava sua respiração. A corrente de ferro que ligava os três adereços o puxava para baixo.

Tão cansado. A jornada exaustiva até o próximo ponto de vendas era piorada pela ansiedade em não saber se seria comprado ou não. E pior, quem o compraria.

Atsumu já tinha passado na mão de madames que lhe incubiam de esquentar sua cama. Levando em conta como estava magro e desnutrido, não seria uma dessas mulheres sua nova mestra. Já tinha feito trabalho braçal e sido um depósito de porra. Já tinha sido entretenimento em festas de sádicos.

Em muitos desses momentos ameaçava quebrar além do conserto.

O que lhe mantinha vivo não era desejo de viver, de sobreviver. Era o fato de ter um nome. Quase nenhum híbrido tinha um. O fato de Atsumu ter, significava que tinha sido amado em algum momento. E apenas por isso não tinha sucumbido ainda.

O sol do meio-dia queimava sua cabeça, causando irritação em suas orelhas. Ele as encolheu, o que aumentou o ardor. Desistindo, tentou deixar elas relaxarem. Um estalo de chicote seguido de um grito de dor as pôs de pé novamente. Por instinto, encolheu a calda, a enrolando ao redor de sua perna.

A fila parou de andar. O híbrido punido devia ter caído devido a dor. Atsumu sentiu as costas e a parte interna e traseira das coxas doerem com a lembrança.

Logo, um dos carrascos gritou para o mestiço se levantar. Quando não aconteceu, brandiu o chicote novamente. Mais gritos, mais chicotadas. Uma sessão começou ali. Algumas pessoas pararam pra assistir o espetáculo.

Atsumu encolheu as orelhas, tentando suprimir os ruídos de carne sendo dilacerada, de Altimor's gritando castigos. Não deu certo, sua audição aprimorada continuou captando cada mínimo som.

Quando o carrasco se cansou, tirou o híbrido da fila e o jogou na carroça. Com mais um estalo de chicote, uma ordem muda, a fila voltou a andar.

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Atsumu se encolheu sob a sombra de um telhado. Sua cabeça estava pesada, os lábios secos, bile subia à sua garganta em razão do terrível fedor de mijo, vômito e carniça daquela parte da cidade.

Já tinha estado em lugares muito melhores. Em um teatro com uma redoma de vidro, um salão memorial e, até mesmo, catacumbas de puro-sangues. Nem mesmo a última tinha fedido tanto como este lugar.

Enquanto ouvia o maldito vendedor fechar um contrato, Atsumu refletiu sobre como aquilo era injusto.

Em seu reino, Haken, a supremacia Altimor reinava. Altimor's eram os superiores, criaturas com magia como puro-sangues, bruxos e demônios. A outra categoria era os Imo's, os inferiores, eram bastardos; na melhor das hipóteses, na pior, anomalias sem magia. O que era o caso de Atsumu.

Um de seus progenitores era um Altimor puro-sangue raposa. O outro um humano. Isso resultou em sua forma híbrida, com orelhas no topo da cabeça como o animal, uma cauda, e garras na ponta dos dedos. Estas tinham sido raspadas até sangrarem e não mais cresciam.

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora