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46. PAZES
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Atsumu achou que não fosse capaz de levantar da cama. Ele achou que todo o impacto do dia anterior iria lhe transformar em um vegetal. Quase teve uma crise ao acordar de um pesadelo e encontrar a cama vazia, sem sinal de Sua Alteza. Mas ele tinha apenas ido até a cozinha, pegar chocolate.

Foi só depois de sentir o frio reconfortante do corpo dele que conseguiu dormir o restante da madrugada. E ainda estava lá quando acordou. Pelo carinho em seus cabelos, já estava acordado há bastante tempo. Tempo suficiente para desfazer os nós do cabelo da raposa.

— Acordou? — perguntou o príncipe, suavemente.

— Não — respondeu de maneira manhosa, se encolhendo e enterrando seu rosto no peito de Sua Alteza.

Ele riu. Atsumu sentiu dois pesos de movendo em suas costas, mas as mãos de Sua Alteza continuavam em seus cabelos.

— Suya? Siyo?

Patinhas correram pelas suas costas, então um par de não-olhos reluzentes estava lhe encarando. Uma cauda pequena e preta, espiralada por sombras e contornos roxos, se pendurou na sua testa.

"Como você está, Mestre?", perguntou Suya.

— Estou bem.

Atsumu estendeu a mão e acariciou Suya, então procurou Siyo, não a achando.

— Ela está no meu ombro — disse o príncipe.

A raposa arrastou seu braço até lá, esbarrando em algo no caminho. Era duro e pequeno, mas não deu importância. Sua Alteza inspirou fundo e soltou um arzinho gelado nas orelhas de Atsumu.

— Quer ficar na cama hoje?

Atsumu pensou a respeito enquanto se ajeitava depois de fazer carinho em Siyo, que se enrolou perto dos cabelos de Sua Alteza.

Quando eles voltaram para o palácio no dia anterior, a raposa não quis ver nem falar com ninguém. Ele sabia que estava sendo fraco, mas também tinha consciência que precisava desse tempo sozinho. Sozinho com Sua Alteza.

Mas ele não tinha ideia de como se sentiria covarde no dia seguinte. Como não iria se sentir capaz de levantar da cama e enfrentar o dia.

— O modo como está se sentindo — começou o príncipe —, é como me sinto todos os dias. Todo maldito dia eu sinto vontade de simplesmente desaparecer, ir para um lugar muito escuro e só... Dormir.

— E como você lida com isso?

— Eu me obrigo a lembrar daquilo que estaria perdendo. O que você estaria perdendo ao ficar na cama hoje, Raposinha?

— Eu... — o "não sei" travou em sua língua. Sabia sim. — Eu estaria perdendo eu mesmo, meu ímpeto em continuar melhorando. Porque esse dia iria passar, o amanhã chegaria e eu permaneceria na cama de novo.

Sua Alteza não lhe disse nada. Não disse se estava certo ou errado. Apenas lhe deu um beijo na testa. Atsumu aproveitou um pouco mais o frio dele antes levantar, deixando um beijo na bochecha do príncipe, e correr para o banheiro.

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A cama estava arrumada quando Atsumu voltou, mas Sua Alteza continuava estirado sobre ela, brincando com os gatos. As luzes do quarto estavam mais fortes, o que indicava que as flores de káike deviam ter sido trocadas.

A raposa não gostava de estar no escuro, então as luzes nunca eram completamente cobertas.

— Sua Alteza arrumou minha cama?

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora