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"Ventos frios me chamando
Vejo o céu azul brilhar
As montanhas sussurrando
Que pra luz vão me levar
Vou correr
>>Vou voar<<
>>E o céu eu vou tocar<<"

(O Céu Eu Vou Tocar, Valente)

25. CRISE
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Levou um tempinho para Atsumu se acalmar. Claro que sua primeira reação foi ficar em completo silêncio e lentamente voltar a olhar para Sua Alteza. A segunda foi balbuciar coisas sem sentido, a terceira foi se virar com tudo, agarrar sua nova cauda e apertar até sentir dor. Então ele acreditou que aquilo era real.

Depois, Sua Alteza lhe explicou o motivo daquilo ter acontecido. O poder dos puro-sangues era diretamente refletido no tamanho de sua forma animal, mas havia casos, como das raposas, em que o poder se convertia em caudas. Era tão raro que haviam apenas dezesseis registros de raposas com mais de uma cauda. E apenas três estavam vivas.

Quatro, contando com Atsumu agora.

Reaprender a andar foi chato, mas infinitamente mais fácil e rápido com duas caudas do que na forma humana. E ter que explicar aos meninos quando apareceu no café da manhã foi constrangedor. Mas felizmente deu tudo certo.

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— Abaixe um pouco a cabeça — pediu Sua Alteza e Atsumu obedeceu. Uma touca azul clarinha foi colocada em sua cabeça. Ele moveu as orelhas, sentindo-as livres apesar de estarem envoltas no pano quentinho.

— Ai Céus, você tá tão fofo — comentou Oikawa dando pulinhos no lugar. Ushijima estava parado ao lado dele, a atenção voltada ao amante.

Os dois iriam acompanhar Atsumu e o príncipe hoje. Oikawa praticamente implorou para ir quando Atsumu comentou sobre, e Ushijima foi escolhido como escolta.

— Podemos ir em uma farasha[1]? Por favor, faz tempo tempo — choramingou Oikawa.

— O que é uma farasha? — perguntou Atsumu, enquanto Sua Alteza ajeitava o casaco pesado nele.

— É uma...

— Quer ver? — Sua Alteza cortou Oikawa. — Podemos ir por portas se não gostar.

Atsumu nem pensou muito antes de acenar que sim. Na verdade, estava prestando mais atenção a seus pés. Era a primeira vez que estava calçando sapatos e não podia ser uma experiência pior. Tudo bem que o tamanho servia perfeitamente, mas o fazia sentir preso. Como se houvessem grilhões em seus tornozelos novamente. Claro, sabia que não podia sair lá fora com suas meias.

Mas isso não o impedia de querer suas meias desesperadamente.

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Atsumu estava de braços dados com Oikawa, contando em mais detalhes sobre magia, quando ouviu um estalo de chicote. Seus ossos estremeceram e suas pernas falharam, o levando a se ajoelhar na neve. Ouvia a voz de Oikawa abafada, como se estivesse debaixo d'água. O estalo era nítido em sua mente e em suas orelhas, ele se repetia cada vez mais alto e mais próximo. Tão próximo que conseguia sentir em suas costas. Sentia o couro cortando a pele e vertendo sangue. Sentia a força de um puro-sangue lhe cortando até os ossos.

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Shoyo não tinha pensado. Tinha apenas reagido. O gelo avançou tão rápido quanto o vento para cortar aquilo que ameaçava sua raposa. Mas só depois a serpente percebeu que não era realmente uma ameaça.

Era só o medo de Atsumu.

Shoyo se ajoelhou a frente dele, sentindo o coração doer ao ver sua raposinha encolhido de forma a sua testa estar encostando no chão, tremendo incontrolavelmente e chorando. Com um entendimento tácito, Ushijima afastou Oikawa gentilmente. O coelho estava abraçado junto a Atsumu.

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora