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14. NEGADO
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Devia ter algo errado com Atsumu. Seu coração estava batendo tão rápido que chegava a ser doloroso. Seu próprio peito estava apertado. Seus olhos não se desviavam da cena á frente. Tinha um gosto amargo em sua boca. Mas o pior era o cheiro.

Cheiro de raposa. E vinha da garota nos braços de Sua Alteza. Ela era uma puro-sangue raposa.

— Perdão, o que disse, Vossa Alteza? — indagou o mesmo soldado de antes.

— Você ousa me fazer repetir minhas palavras?

Que sensação de déjà-vu.

— Perdão, Alteza, mas nós realmente precisamos levar a lady de volta.

— Para onde? O quartinho escuro onde vocês planejavam estuprá-la?

Atsumu ergueu os olhos para a garota nos braços do príncipe, reparando em detalhes que não tinha percebido. Os cabelos estavam desarrumados, as roupas estavam fora de lugar e ela estava obviamente desesperada.

— Vossa Alteza, por favor, não diga...

— Calúnias? Você ia mesmo dizer isso? — O soldado travou. — Você ousa tentar mentir na minha presença?

O capitão pareceu ficar incerto se deveria ou não continuar falando, mas ele não precisava. O príncipe leria todos os seus pensamentos.

— Você tem três opções — disse Sua Alteza. — A primeira; você e seus homens saem do meu palácio sem causar problemas, reportam ao seu príncipe e deixam ele lidar com as consequências. A segunda; vocês podem tentar levar a garota a força, mas isso significa me atacar.

— E a terceira opção?

— Eu me canso de esperar e mato todos vocês. Agora escolham.

Atsumu piscou diante daquele tom, frio e desinteressado. Exatamente como na primeira vez em que se encontraram. A raposa não tinha percebido, não tinha notado, como o príncipe era carinhoso, atencioso e gentil consigo.

Os soldados ficaram inquietos, olhando um para o outro sem se falarem. Sua Alteza suspirou.

— Então está bem.

Onze dos doze soldados, incluindo o capitão, foram transformados em gelo da cabeça aos pés. Um vento forte passou e derrubou aquelas estátuas de soldados, as quebrando em pedacinhos. Apenas um foi poupado, um rapaz jovem que estava no fundo.

— Vá — disse Sua Alteza Hinata. — Reporte ao seu príncipe, meu irmão, com todas as letras sobre o que aconteceu aqui. E não se esqueça de dizer que eu agradeço pela lady.

Sem precisar de mais incentivo, o jovem soldado saiu correndo. Quanto aos pedaços que antes eram seus companheiros, ele não dignou um olhar. Um vento forte veio e levou cada um dos pedaços, por aquela mesma porta que originou tudo. Então o portal desapareceu.

— Ah.

Quem soltou a pequena exclamação foi a garota loira. Ela pareceu amolecer e perder a força das próprias pernas, apenas evitando de cair por causa do príncipe que ainda a segurava.

O cheiro de raposa que emanava dela estava deixando Atsumu enjoado, com raiva e na defensiva. Sem perceber, suas orelhas estavam dobradas para trás.

— Como se chama? — perguntou o príncipe. Uma cadeira de gelo foi feita pelo seu poder e ele a colocou sentada ali.

— Hi-Hitoka. Hitoka Yachi — respondeu tremula.

— Bem, Hitoka, pode me contar o que aconteceu?

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora