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— Já faz muito tempo, não é? — Pergunta a voz do meu irmão do outro lado do telefone.
Meus olhos se fecham enquanto tento diminuir a irritação. Hoje, a Madison Street está movimentada na cidade tranquila. Os carros passam e eu posso ouvir o zumbido e o barulho com as janelas abertas na lanchonete enquanto me recosto no estande. As cobertas de vinil protestam quando eu me inclino para a frente e aceno para a garçonete antes que ela possa me oferecer outra xícara de café.
— Nós passamos por isso há poucos meses, Carter. — Eu fecho meus olhos novamente enquanto continuo. — Você realmente quer ter a mesma conversa novamente?
Do outro lado da rua é um café. E dentro dele, Anahi. Ela está debruçada no canto com o laptop em uma pequena mesa circular enquanto se senta de pernas cruzadas em uma cadeira. Algumas coisas nunca mudam. Eu a observo de longe na segurança da lanchonete. Estou à vista; ela poderia me ver se quisesse. Mas é isso que acontece com Anahi. Ela nunca quis me ver.
— Quanto tempo você vai continuar com isso? — Carter me pergunta. Ele é mais velho que eu um ano, nascemos quase na mesma época. Gêmeos irlandeses, por assim dizer. Não me preocupo em responder e lembro dos detalhes do endereço dela que Marcus me deu. Engraçado como ele não pode aparecer para entregar o pacote aos Romanos. Mas uma mensagem criptografada minha para ele com o número da placa de Anahi gera interesse suficiente para ele responder.
Suponho que ele não esqueceu. Marcus tem uma boa memória.
— Tanto faz, eu só preciso do pacote. — Carter suspira do outro lado do telefone. — Eu preciso saber no que estamos nos metendo antes de decidirmos...
Ele não continua, mas eu sei o que ele está dizendo. É melhor não falar aquelas coisas que os outros possam ouvir.
— Ele vai aparecer. Você sabe como ele é.
— Ele é uma pedra no meu sapato.
O canto do meu lábio levanta com seu comentário. — Tantas coisas são uma pedra no seu sapato, Carter. É difícil acreditar que você pode se sentar sem estremecer, — brinco enquanto observo Anahi tomar um gole grande de sua xícara de café. É o tamanho mais alto da loja e parece que ela está terminando.
— Você é hilário, sabia disso? — Eu rio do comentário de Carter, mesmo que ele diga isso com desdém. Ele dirige os negócios da família agora. O que começou como uma maneira de meu pai ganhar dinheiro extra se tornou um império formado por táticas cruéis e implacáveis. Carter é o cabeça, mas eu faço o que ele pede, mais por uma vaga obrigação porque somos do mesmo sangue.
— Você volta para casa depois disso? Assim que este pacote chegar? Não há motivo para você ficar longe e precisamos de você aqui.
O nome dela está na ponta da minha língua. Anahi.
Posso lidar com o vício, mas ela é o único vício que já tive e o único que desejo.

Possessive - Anahi e Poncho (Adaptada) AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora