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Há seis anos...

Eu ouço uma voz persistente, mas a ignoro. Ninguém nesta escola disse uma palavra para mim. Pelo menos não na minha cara. Com um puxão na minha camisa, sou forçada a me virar e encarar um garoto. Um garoto que é quase um homem. Ele não tem cara de bebê, e posso dizer que ele faz a barba, mas há uma gentileza nele que o faz parecer jovem. E simpático. O que é algo que não sinto nos últimos dois anos.
— O que você está fazendo? — Ele me pergunta e minha testa franze.
Eu levanto o lápis no ar e aponto para o quadro-negro na aula de Ciências, enquanto digo: — É chamado de anotações.
O bonitão ri, uma risada áspera que me obriga a sorrir. A felicidade de algumas pessoas é simplesmente contagiosa.
— Não, quero dizer a noite.
Não me preocupo em responder além de dar de ombros. Eu faço a mesma coisa todas as noites. Nada. Minha vida não é nada.
— Meus irmãos e eu estamos dando uma festinha.
— Eu realmente não vou a festas. — digo honestamente. Eu realmente não sinto vontade de fazer nada. Cada dia é apenas uma data em um calendário. Isso é tudo o que eles fazem há muito tempo.
Encolhendo os ombros, ele diz. — Podemos fazer outra coisa.
— Eu realmente não festejo nada. — digo a ele honestamente. Eu realmente não sinto vontade de fazer nada. Cada dia é apenas uma data em um calendário. Isso é tudo o que tem sido há muito tempo agora.
— E a tarefa para a aula de Artes? Nós poderíamos tirar algumas fotos para o projeto de fotografia? — Levo um momento para situá-lo, mas agora que ele mencionou, acho que o vi na última fila ontem na aula de Artes.
— Não é meu dia para a câmara. — O orçamento para o departamento de Arte é pequeno, por isso precisamos revezar o controle do equipamento.
— Eu tenho uma que podemos usar... bem, é do meu irmão.
— Seu irmão?
— Sim, o nome dele é Alfonso — Tudo clica quando ele diz o nome do irmão. Eu o vi. Deve ser ele. Vi como esse garoto com quem estou conversando espera do lado de fora na entrada da escola e outro garoto o pega. Exceto que ele não é um garoto. Não há dúvida sobre isso. Alfonso é um homem e levou apenas um vislumbre dele para que eu o procurasse toda vez que a campainha tocava e eu estivesse esperando na fila pelo ônibus.
— Agora eu sei o nome do seu irmão, mas não sei o seu.
— É Tyler. — Repito seu nome suavemente e quando olho para ele, vejo vestígios de seu irmão mais velho. Mas onde Alfonso tem uma vantagem para ele, Tyler é acolhedor e convidativo.
— Eu sou Anahi.
— Então, o que você acha, Anahi?
— Eu acho que parece divertido. Eu não estava fazendo nada de
qualquer maneira.
Talvez o destino soubesse que eu não seria capaz de manter Tyler. Ele iria tirá-lo de mim. Por isso, Alfonso me impediu de amar Tyler demais. Não sei ao certo e não adianta especular. Tudo o que sei com certeza é que Alfonso vai me consumir, me mastigar e me cuspir fora.
Eu preciso terminar isso antes de me machucar... bem, antes que piore do que já está.

Possessive - Anahi e Poncho (Adaptada) AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora