Agora ela está me deixando na minha para me arruinar.
Touché, amorzinho.
O uísque queima enquanto tomo outra bebida pesada. E com isso todas as possibilidades de onde eu a perdi brilham em minha mente. Os tempos em que éramos mais jovens e eu me escondia tanto, até momentos atrás em que não escondia nada.
Eu lambo meu lábio inferior e depois pego a garrafa de volta, mas uma batida tímida me impede de tomar mais do líquido âmbar.
— Alfonso— ouço a voz de Anahi do outro lado da porta. A esperança pisca profundamente dentro de mim, flertando com uma escuridão que quase me consumiu.
Meu coração faz uma pausa. Meus pulmões também. É só quando eu a ouço novamente que os dois decidem funcionar novamente. Ela está aqui. Ela veio até mim.
Meu sangue vibra quando me levanto e faço o meu caminho para a porta da frente. Enquanto eu ando até à porta, o álcool entra e a ouço gritar novamente.
— Por favor, abra a porta, Alfonso.
Ela está no meio do movimento de bater novamente com a boca aberta e mais a dizer quando eu abro a porta. Ela parece chocada e até recua um pouco.
— Alfonso— ela diz meu nome com uma pitada de surpresa, mas rapidamente sua expressão e tom mudam.— Eu queria explicar.
E é por isso que não deixei essa esperança crescer. A frieza no meu peito apaga a pequena chama. É difícil educar minha expressão. É difícil esconder isso dela. Mas uma parte de mim está gritando para não fazê-lo. Deixá-la ver o que está fazendo comigo.
Para ter certeza de que ela sabe que está me destruindo pouco a pouco.
— Explicar? — A pergunta sai com um pouco de raiva e eu tenho que reajustar meu aperto na porta e desviar o olhar dela por um momento.
— Você não me deve nada, Anahi— digo a ela e me viro para andar pelo corredor, mas deixo a porta aberta. Eu a deixei vir a mim de bom grado.
Quando ouço a porta se fechar e ela me seguindo para dentro, um sorriso se forma lentamente no meu rosto. É apenas um traço de felicidade genuína. Mas pelo menos eu sei que ela não pode me deixar ir tão facilmente quanto ela pensa que pode.
— Alfonso, por favor. — diz ela enquanto me alcança na sala, segurando minha camisa e me fazendo virar para encará-la.
— O que é que você quer explicar? — Pergunto a ela e quase a chamo de amor. Quase.
— Eu não achei que você queria nada além de uma boa transa. — Deus, ela faz algo comigo quando fala assim. Quando palavrões e as palavras sujas saem de sua boca pequena e linda.
Meus próprios pensamentos indecentes me impedem de responder rápido o suficiente. Então, ela se aproxima da cadeira de couro no canto da sala e senta-se com raiva, cruzando as pernas e depois os braços.
Claro que foi o que ela pensou. É como isso começou. Mas ela está se enganando se acha que o que temos pode ser algo tão superficial. Até eu posso admitir.
— Eu não vou embora até que você fale comigo. — ela exige e é bonitinho. Ela é tão adorável que pensa que pode fazer exigências como essa. Meus pés descalços afundam no tapete enquanto caminho para a cadeira oposta à dela.
Com as persianas fechadas, a única luz na sala é a do abajur alto no canto.
— Fala alguma coisa por favor. Eu me sinto horrível. Eu não esperava que você reagisse da maneira que reagiu. — Ela se inclina para a frente e segura os braços da cadeira. — A última coisa que eu queria era machucá-lo. — ela confessa e eu sei que ela está dizendo a verdade.
Anahi não é uma mentirosa.
E isso me dá esperança.
— Eu não sei o que quero, além de você. — Minha voz sai rouca quando me inclino para a frente e coloco os cotovelos nos joelhos para que eu possa descer até o nível dos olhos dela.
— O que isso significa? — Ela pergunta sem fôlego. Seu peito sobe e desce como se minha resposta fosse tudo o que ela sempre precisou. A única coisa que ela já desejou.
Lambendo meu lábio inferior, olho nos olhos dela, mas as palavras não vêm. Não sei mais o que dizer. Eu quero ela. Eu quero que ela seja minha. É tudo que eu sempre quis.
Não apenas na minha cama. Quero seus toques, beijos, intenções. Avançando, eu quero cada pedaço dela. Cada pedacinho. Eu quero todos eles.
Mais do que isso, quero que ela se entregue para mim.
As suas palavras giram caoticamente, assim como suas emoções.
— Eu preciso de algo para segurar, Alfonso, e isso é intenso, avassalador e emocional...
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Possessive - Anahi e Poncho (Adaptada) AyA
FanfictionAlguns homens nascem com um coração negro e uma alma contaminada. Eu nunca quis admitir isso naquela época. Pensei que poderia superar quem eu sou e mentir para mim mesmo. Mas aceito a verdade agora. Está no meu sangue e nos meus ossos. Em cada pens...