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Há cinco anos...

Cada pequeno movimento torna a dor mais profunda. Eu não deveria ter chamado ele de bêbado. Eu não deveria ter gritado quando meu pai gritou comigo. Eu sou melhor. Eu trouxe isso comigo mesmo. Soltei uma respiração profunda, mas até a respiração dói. Carter vai me cobrir. Ele sempre faz. Engulo em seco quando ouço passos pesados chegando à minha porta e meu coração bate por um momento, pensando que é ele. Pensando que eu estraguei alguma coisa.
Como fiz ontem à noite, perdendo milhares de dólares. Milhares e milhares de dinheiro e mercadorias se foram. Roubados do caminhão. E a culpa é minha. Fui eu quem o abriu, pegando o maldito CD de Anahi deixado lá e não me lembrando de trancá-lo novamente. Isso é tudo por causa dela.
Há um pouco de alívio quando ouço Tyler gritar meu nome quando ele bate na porta.
Eu luto para colocar minha camisa de volta, mas faço isso com os dentes cerrados enquanto estremeço. Era apenas um cinto, eu acho que sou patético. Que eu mereço tudo isso e muito mais.
Abro a porta sem pensar nos cortes nas minhas costas e a dor queimando em mim.
— Por que você tem que ser tão idiota o tempo todo?
A pergunta de Tyler não me diz nada. Nem uma única emoção que eu possa dar a ele.
— Você não precisa fazê-la sentir que não é bem-vinda.

A raiva me faz engolir em seco. Eu ainda não respondo.
Nunca direi a ele como me sinto por ela, mas pelo menos agora sei como ela se sente a meu respeito.
— Você vai dizer alguma coisa?
Meus lábios se separam e eu quero dar a ele alguma coisa, qualquer coisa. Mas o fato de eu ter saído do meu caminho por ela ontem à noite... talvez seja por isso. Talvez ela saiba que eu a quero. A ideia me atinge e rouba minhas palavras.
— Ela é uma boa pessoa. — Tyler me diz como se fosse por isso que fico longe dela.
— Eu amo você, Tyler. Deus sabe disso. Mas você é um idiota.
Eu deveria ter ficado de boca fechada, mas todo mundo tem seus limites.
— Ela me ama e não vai a lugar nenhum. — ele me diz com uma confiança que eu nunca vi em meu irmão mais novo.
Meu irmãozinhoque não sabe o que realmente somos e o que acontece aqui.
Meu irmãozinho que nunca foi atingido pelo meu pai.
Meu irmãozinho perfeito, que quer fazer todos ao seu redor sorrirem, porque ele nunca conheceu a dor como eu.
— Ela só ama você porque ela não tem mais ninguém que a ame. — Meu olhar o fixa onde ele está, enquanto eu digo as palavras. — Lembre-se disso.

A solidão é uma pílula amarga para engolir. Eu sei que trouxe isso para mim, mas ainda assim. Um bufo sarcástico e sem humor me deixa quando pego a garrafa de uísque e tomo um gole. Deve ser karma.
Deixei Anahi na sua solidão para poder sobreviver.

Possessive - Anahi e Poncho (Adaptada) AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora