Prólogo.

770 44 157
                                    


A garota parada ao centro do quarto parecia estar profundamente irritada, ao mesmo tempo em que tentava esconder sua tristeza que aos poucos transparecia em seu tom de voz melancólico, embargando em um quase choro que poderia vir a existir a qualquer instante. Continuando a segurar as rédeas, ela se controlava, engolindo a saliva que descia cortando por sua garganta.

Aquele fim de noite tinha sido planejado para ser uma das melhores do ano. Toda a comemoração entorno da festa, os convidados que vieram se reuniram no ginásio do colégio, e até mesmo o discurso que tinha sido preparado, era o esquema perfeito para que tudo saísse como o acordo. Entretanto, não foi exatamente isso o que aconteceu naquele inicio de madrugada.

O casal de jovens entrou no carro, logo após ela dizer que não continuaria ali até que ele contasse a verdade. Com lágrimas nos olhos, a garota insistiu para ir embora, pois não queria chamar a atenção, e percebia que suas amigas já estavam reparando em seu comportamento estranho. Ele insistiu em tentar conversar, sugeriu que entrassem em uma das salas de aula daquele prédio e ter um momento a sós na qual poderia se explicar como tudo não passava de um mal entendido, mas ela não quis, recusando todas as propostas oferecidas. Até que então ele ofereceu uma carona para que fossem até sua casa e conversassem por lá com mais privacidade. Mas, o que tinha sido planejado não fora feito dessa exata maneira, visto que antes mesmo de saírem do ginásio sem se despedirem dos convidados, a irmã mais nova do rapaz reapareceu diante deles, visivelmente bêbada e tropeçando para os lados, demonstrando que não conseguiria se manter sozinha ali sem uma supervisão de responsabilidade, e agora precisava voltar com eles até a casa. E durante o trajeto no carro, colocada no banco traseiro e completamente desorientada do que acontecia, fingiu não reparar no clima esquisito que pairava entre o casal, apesar de estar alcoolizada demais para captar quaisquer detalhes, conseguiu notar que existia uma aversão entre ambos. O sono veio poucos minutos depois, e sem chamar a atenção deles, encostou a cabeça no banco e adormeceu, voltando a despertar só quando já tinham chegado até sua casa, na qual foi necessária a ajuda dos dois para carregá-la para dentro, enquanto a líder de torcida balbuciava palavras que não era identificada ao mesmo tempo em que se esforçava a dizer que estava bem e não precisava de todo aquele cuidado exagerado. Seu irmão a levou até o quarto, e ordenou para a namorada que ela o esperasse no seu, que logo voltaria para que pudesse finalmente ter a conversa.

Assim permaneceu, Maeve Griffin, com o rímel borrado ao redor dos olhos, a cara pálida e magricela, olhando o namorado andar em frente à janela do quarto, com as mãos na cabeça e olhos arregalados, parecendo pensar em alguma justificativa que pudesse dar para aquele caos que nunca imaginaria estar vivendo, principalmente quando se tratava de um dos momentos mais importantes na sua jornada escolar.

Os braços cruzados por cima do vestido azul brilhoso escondiam uma das mãos que segurava o celular que tinha a tela ainda aberta, onde a fotografia de uma captura de tela podia ser notada. Razão para toda aquela desavença que vinha se estendendo por quase duas horas, desde que recebeu a imagem de um número anônimo.

Era a festa de celebração pelo título de presidência do Corpo Estudantil, na qual seu namorado tinha ganhado e agora obtinha a chance de comemorar. Tudo por lá estava tão lindo e perfeitamente decorado, como um cenário de filme. Os jovens dançavam, gritavam e se divertiam, os professores também pareciam animados, se agitando no meio da pista de dança que tinha sido feita ao centro do ginásio, enquanto esqueciam por uma única noite de que eles eram seus supervisores. Toda a magia em fazer parte daquilo se desmanchou no segundo em que se sentou à mesa, junto de suas amigas, e por distração foi ler as últimas mensagens que receberá, encontrando então a mensagem privada de um número não salvo em sua lista.

Quando a imagem desfocada carregou, os olhos de Maeve se arregalaram, precisando ampliar o zoom para dar foco no único rosto que era exibido na captura preto e branco, mesmo que ainda borrado e a qualidade baixa, ela pôde reconhecê-lo, e seu estômago revirou. Suas mãos começaram a tremer, seu coração acelerou, e por um segundo achou que fosse cair no chão. Sua amiga, Vicki, chegou a questioná-la o que tinha acontecido, mas foi rápida em inventar a mentira de que só estava se sentindo enjoada pelas bebidas que ingeriu.

Trust No One (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora