Capítulo 12. I

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3 DIAS DEPOIS

Podia-se dizer que Ambrose prevaleceu no caos que vinha se acumulando das últimas semanas. Como se fosse necessário apenas uma faísca para acender novamente a chama de tormenta que todos eles vinham esperando, desde que as coisas se acalmaram.

O festival foi o ápice para isso, quando os moradores que estavam presentes no evento realizado pela cidade, acabaram tendo de assistirem gratuitamente uma cena grotesca recheada de sangue e um novo cadáver exposto, que foi largado no meio do palco de apresentações, manchando uma jovem que teve sua imagem estampada nos jornais durante os últimos dias. E depois do relato que duas vítimas tinham sido encontradas em suas casas, após a suposta invasão domiciliar completada por homicídio, havia ficado mais do que nítido de que algo estava realmente acontecendo, entretanto nenhum deles imaginava que seria tão promissor e direto a ponto de atormentar cada um que morava no lugar.

Nenhuma matéria ou veículos de mídia ainda estavam relatando o óbvio, mas já era mais do que nítido para eles que a verdade não demoraria a ser exposta, de que o Estripador de Ambrose, teria retornado para um segundo ato de carnificina.

Sua terceira vítima foi encontrada — com o pouco que restará de si — depois de um balde de sangue ser virado, e sua cabeça ser exposta para que todos assistissem. Tratava-se de um rapaz, um dos estudantes de Penhallow High, atual radialista do colégio, que teve seu fim depois de passar quase três dias desaparecido, sem deixar relatos. Cameron Miller foi a ponta do iceberg para deixá-los assombrados sobre o pior que estaria por vir, o garoto de dezessete anos teve sua vida ceifada após uma decapitação fatal que separou sua cabeça de seu corpo — que ainda continuava desaparecido — e mesmo que as investigações estivessem a todo o vapor para entender o que teria acontecido, as peças do quebra-cabeça só se embaralhavam ainda mais naquele jogo doentio feito por um psicopata.

Na delegacia, as coisas não corriam nada bem, como o esperado.

Os telefones não paravam de tocar, uma bagunça se alastrava pelo prédio, com todos os oficiais tendo novos trabalhos a serem feito que se vinculasse a investigação e aos três casos de assassinato. Tudo se tornava altamente estressante, com o clima pesado e carregado, em discussões que podiam ser ouvidas em cada sala fechada, levando as pessoas ao nível extremo de irritação.

E não muito diferente dos outros, o trio de autoritários se encontravam dentro da sala fechada, cada um deles tomando uma posição diante do recinto. A delegada, Michelle Smith não saía do telefone fixo por nada, visto que a cada cinco segundos recebia uma nova ligação de alguma empresa jornalística que queria fazer cobertura dos novos casos, e dava sua oferta em dinheiro para que pudessem se aliar a eles, mas tudo que ouvia era uma longa bronca massiva da mulher impaciente que ameaçava processá-los se caso retornassem a ligá-la, alegando que nada das investigações seria levado a tona para exposição a público. Em outro canto, o policial Gabe fingia estar despreocupado, encostado contra um dos armários, de pernas cruzadas e mexendo no celular, não muito focado no falatório alto da delegada, ou sequer dando importância. E parada de frente para o mural que tinha feito semanas atrás, quando decidirá abrir o caso envolvendo Trevor Morgan e os suspeitos de seu assassinato, a detetive Agatha Rogers alisava o queixo, e fingia não ligar para o peso que caía em seus ombros, mesmo que isso já pudesse ser visível para qualquer um que a encarasse de perto.

— O que está procurando exatamente? — vendo que a mulher estava parada em frente ao mural há quase dez minutos, Gabe bufou, guardando o celular e indo até o lado dela.

— Qualquer coisa — revelou. — Qualquer coisa que me mostre em como estou cega de não enxergar a verdade diante dos meus olhos.

— Olha, você tem que cair a ficha de que talvez não seja nenhum deles — puxando a foto de Trevor Morgan, o policial fitou o garoto loiro. — Eles são mais vítimas do que suspeitos. Use Jeremy Shelton como referência. Um completo desconhecido.

Trust No One (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora