Prelúdio.

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NOITE DO BAILE

Trevor Morgan nunca acreditou em superstições. Mas, ele acreditava na morte. E naquela tarde, uma sensação esquisita tinha acordado junto de si, como um sopro na nuca que não o deixava em paz.

Estava no quarto de seu melhor amigo, Tyson Richmond, que desfilava de cueca enquanto caçava suas roupas para o baile que aconteceria em menos de três horas. Ele dizia algo que o presidente do Corpo Estudantil não prestava muito atenção, ou ao menos se esforçava a ouvir. Parecia reclamar em como sua namorada vinha o evitando há dias, e parecia querer arranjar alguma briga para que ela estivesse certa. E apesar de concordar que Sierra era daquele tipo, uma garota soberba e persuasiva que tentava manipular todos ao seu redor, Trevor não saiu em sua defesa, mais preocupado em arrumar a gravata envolta do pescoço enquanto se olhava no espelho preso a parede.

O cheiro do ambiente exalava a odor masculino de perfume caro e maconha. Tyson costumava usar quando tinha festas para ir ou estava estressado demais. Dizia que era seu calmante para segurar as pontas. Chegou a oferecer ao amigo, quando percebeu que ele aparentava estar mais tenso do que o normal, mas o loiro recusou, preferindo se manter sóbrio até a hora de seu discurso, na qual dizia estar pronto para impressionar todos aqueles que duvidaram de sua capacidade em comandar a presidência estudantil de Penhallow High.

Sabia que sua vitória como presidente trouxe atritos entre os alunos que não se mostraram a favor de sua eleição, principalmente por eles terem tido preferência a presidência da outra aluna candidata, Harper Marrin, que havia perdido em uma porcentagem considerável de votos. Eles não quiseram o garoto eleito, ainda mais depois que sua rival expôs as propostas corruptas que não iria favorecer em nada para o colégio, além de seu próprio benefício de seu grupo de populares. Contudo, Morgan não deu a mínima, e conseguiu ganhar. Mas, ter a vitória não significava que havia ganhado de verdade. Ele não podia comandar um lugar em que as pessoas fossem contra si, e por causa disso tinha a noção de que precisava fazer o falso protesto de que iria ouvir a todos.

E pensando nisso enquanto se arrumava, mais uma vez sentia aquela sensação esquisita que aos poucos se tornava como um peso em seus ombros. Ele tentou ignorá-la, presumindo que fosse apenas a ansiedade querendo deixá-lo assustado e nervoso.

Vestindo as calças, Tyson se sentou na cama, pegando o celular e vendo se alguma nova mensagem tinha chegado.

— Duke está planejando batizar as bebidas — disse, rindo enquanto lia a mensagem do amigo. — Espero que não nos dê problema.

— Ele quer embebedar a professora de inglês para comer ela mais tarde — falou Trevor, com a gravata pronta. Ele voltou a se encarar no espelho, mas não se sentiu a vontade. — Acha que eu deva levar flores para a Maeve?

Fazendo uma careta, Tyson arqueou as sobrancelhas.

— E porque faria isso?

— Ela é meu par. Quero parecer romântico.

— Não acredito que vai continuar com essa garota — Tyson suspirou, largando o celular e voltando a se levantar da cama. — Ela é tão estranha. Não se encaixa com nós.

Não era de agora que percebia o tratamento grosseiro que o amigo tinha com sua namorada, na qual fazia de tudo para deixá-la excluída das reuniões de grupo que se tinha entre eles e Sierra, que também era melhor amiga dela. Trevor preferia pensar que era apenas um ciúme afetado do Quarterback, considerando que Maeve era sua primeira namorada e a única que pôde mantê-lo em um relacionamento de verdade, e isso fez com que acabasse se afastando um pouco de suas antigas relações.

Trust No One (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora