Capítulo 7. II

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Parada em cima do tapete de entrada na varanda, a detetive Agatha aguardava até que a porta em sua frente fosse aberta, enquanto se distraía de olhar para os lados e perceber que toda aquela vizinhança da Rua Forks se encontrava em repleto silêncio noturno. Nenhum carro avista, com seus faróis ligados que pudesse iluminar aquele pedaço de terra separado por vários cercados de madeira que dividiam as casas. Todas as residências pareciam estar adormecidas, mesmo que ainda fosse apenas sete e meia da noite.

Desde que chegará em Ambrose, notará essa solidão preencher os bairros quando o sol desaparecia, como se nada mais pudesse ficar vivo quando o anoitecer chegasse. E esse era um dos motivos pela qual se sentia tão desconfortável em ficar perambulando pelas ruas dali. Dava uma sensação de anseio, como se a qualquer instante tivesse que se preparar para uma aparição vinda da noite.

Ouvindo passos apressados pisarem pelo interior da casa, a mulher ajeitou a postura e ficou séria, escutando alguém destrancar as fechaduras, resmungando alguma coisa por estar tendo dificuldade em abrir.

Depois de quase dois minutos, a porta foi aberta, e Agatha olhou para o vazio que se dava como o hall da residência. Estranhou de primeira, não enxergando ninguém, mas só foi necessário que abaixasse o olhar para avistar o menino míudo vestido em seu pijama de astronauta, com os óculos tortos posicionado no rosto pálido, que lhe admirava sem muito conhecimento.

— Oi, meu nome é Luke — se apresentou, dando um aceno de mão. — Quem é você?

— Luke? — Agatha o cumprimentou, simpática. — Você está sozinho?

— Não. A mamãe está dormindo no sofá — ele se afastou da porta, e apontou na direção da sala, onde sua responsável podia ser vista despojada no assento, sonolenta e roncando. — Você é a fada do dente?

— Hm?

— Meu dente caiu — ele sorriu, mostrando o sorriso banguela sem um dos dentes da frente. — Maeve disse que a fada do dente me traria um presente. Só não achei que você fosse tão séria...

— Ah, não! — ela se agachou em frente a ele, tentando aperfeiçoar o semblante para que não se mostrasse tão carrancuda. — Desculpe, menino. Infelizmente não sou ela.

— Ainda bem.

Luke foi fechando a porta, como se a presença da detetive não fosse mais relevante. Rapidamente, Agatha impediu com a mão, bloqueando que ele fechasse.

— Estou atrás da Maeve. Ela está aqui?

— Não — balançou a cabeça. — Ela não voltou do colégio ainda.

Agatha compreendeu, desconfiada.

— E sabe onde ela poderia estar?

Ele negou, dando de ombros.

— Certo... E Damien? Ele está aqui?

— Também não. Os dos me deixaram para cuidar da mamãe.

Havia desapontamento em sua voz, por ter que se mostrar responsável, e Agatha imaginou o porque. Quando interrogou os irmãos Griffin, eles mencionaram por cima sobre como era suas rotinas dentro da casa, na qual sua mãe parecia ter alguns problemas com bebidas e não era tão presente como deveria — em função do luto que sentia, pela perca do marido que morreu alguns anos. A detetive não se aprofundou no assunto quando fora dito por eles, por achar que não era de sua curiosidade e também não fazia parte do caso. Entretanto, olhando para o menino e para as locações da casa que estavam em seu campo de visão, foi fácil de compreender porque ambos os irmãos se mostravam tão indiferentes.

Trust No One (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora