Capítulo 11.

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A porta se encontrava aberta, encostada contra o batente, como se estivesse esperando sua chegada. Ela a empurrou lentamente, causando aquele rangido no assoalho de madeira, e se deparou com a entrada de um hall pequeno, quase que como um cômodo de três entradas. Ao seu lado direito, a porta que dava para a cozinha, completamente escura, do lado esquerdo o que devia ser a sala de estar também tinha as luzes apagadas, e mais a frente em um corredor que se dividia entre a escada e a parede, o terceiro cômodo também não podia ser visto pela falta de claridade.

Todo o primeiro andar da casa era engolido pelo breu das luzes apagadas, nenhuma luz podia ser vista pela entrada em que Maeve Griffin se encontrava. Achou estranho de primeira, Kate sequer ter aparecido para lhe abrir a porta e mandar uma simples mensagem de que poderia entrar que ela estaria a sua espera, mas que agora deixava claro que não estava em canto algum que seus olhos pudessem ver. Cuidadosamente a garota fechou a porta atrás de si, usando um pouco de força para causar barulho e quem sabe chamar a atenção de alguém que poderia estar escondido no escuro para recebê-la. Mas, nem mesmo com o baque da madeira, ou o barulho da maçaneta sendo puxada foi capaz de despertar qualquer outro som no ambiente, deixando tudo muito calmo até que demais.

— Sra. Holland? — chamou, com a voz alta ecoando pela casa silenciosa. — Cheguei.

Ela esperou, atentamente. Esticou um pouco da cabeça para dentro da cozinha a sua direita, esperando ver alguém, mas nada aparecia, e se não fosse pela mensagem que receberá logo que chegará na entrada, teria suspeitado que poderia ter entrado na casa errada. Com esse pensamento ganhando voz em sua cabeça, Maeve deu um passo para trás, recuando para voltar a porta e esperar do lado de fora, até que tivesse certeza de que ao menos seria recepcionada de maneira certa.

E dando seus passos para trás, com o celular ainda em uma das mãos, a garota sentiu o aparelho vibrar, e uma nova mensagem surgiu na tela, vinda do número de Kate, dando sequência à anterior de minutos atrás.

"Estou aqui em cima. Pode subir. Não precisa ter medo :)"

Maeve estranhou pela segunda vez. O que sua tutora estava aprontando? Porque todos aqueles enigmas em ser convidada para sua casa? Será que isso tudo poderia fazer parte de um teste terapêutico?

Agindo como foi ordenada, ela guardou o celular e se dirigiu até a escada em sua frente, esticando os pés e se posicionando nos degraus. Olhou para cima, buscando enxergar alguma luz que pudesse trazer um pouco de alívio em saber que não teria de vagar pelo escuro, e para sua sorte o corredor estava iluminado, recheando aquela parte que trazia um pouco de luz para os degraus acima na qual começava a subir.

O cheiro que impregnava o interior da casa não parecia muito gostoso. E estava longe de ser aperitivo para que sentisse vontade de comer. Era um odor forte e incômodo, fazendo com que tivesse de prender a respiração por alguns segundos e soltar o ar pela boca. Não gostava de dar palpites antes da hora, porém seu pressentimento dizia que Kate não era tão boa na cozinha quanto imaginou que fosse. E todo seu paladar começava a sumir com todo aquele mistério em ter de ficar vagando sozinha por sua casa como se estivesse atrás de algo.

Parando no meio do corredor após subir os últimos degraus, Maeve olhou para os dois lados que a dividam. Um corredor mais longo que tinha duas portas em suas paredes laterais e uma nos fundos, todas fechadas sem dar abertura para ver quais cômodos seriam, e o outro mais curto se comparado, tendo apenas uma porta ao final, entreaberta e com uma claridade mais reluzente que podia ser notada pela fresta abaixo. Sua intuição logo se aguçou de que deveria ser ali para que devesse seguir.

Entretanto, dar ouvidos a sua intuição não era lá a melhor das opções. Geralmente ela nunca estava certa sobre o que fazer, e as emoções soavam mais impulsivas do que racionais, e quase sempre Griffin se arrependia de suas escolhas. Contudo, por não ter alerta de perigo e ainda precisar encontrar a mulher, a garota seguiu com seus passos rastejantes, andando cautelosamente pelo carpete, com uma das mãos encostada na parede e se aproximando aos poucos da porta entreaberta.

Trust No One (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora