Capítulo 5. II

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O pedaço de estrada que se encontrava próxima da entrada do ferro-velho permanecia deserto. A escuridão da noite parecia ter um breu mais intenso naquela região, do que nas outras partes da cidade. Nenhum poste de luz preenchia o ambiente, e nada podia ser visto a quilômetros de distância. A estrada terminava diretamente nas grades daquele grande portão metálico, que também era coberto pelo anoitecer, sem nenhuma luz interna que pudesse ajudar o quarteto de jovens a se localizar de maneira fácil.

Ao redor, eles se viam cercados por algumas árvores que não tinham um caminho concluído, podendo serem levados de volta para o centro da cidade que cairia direto em uma das praças públicas, ou no pior dos casos terminariam perdidos no meio do bosque que os levariam para um labirinto no meio da floresta que tomava conta dos arredores. No entanto, não era de interesse de nenhum deles ir para aqueles lados, e por precaução se mantiveram bem afastados da beira da estrada, subindo na calçada de terra e encostando as bicicletas em moitas que contornavam o local. Conferiram três vezes para se certificarem de que não havia ninguém por perto, mas levando pela lógica, não faria sentido alguém estar escondido naquelas extremidades.

O grande portão metálico era dividido em dois, juntando as duas partes por uma corrente que os prendia por meio das fendas da grade, com um cadeado exposto para que qualquer um visse que estava bem trancado. Uma placa vermelha acima se dava para ler o escrito, como dono proprietário do local "Ferro-Velho do Ferrer. Aberto aos finais de semana." E isso gerou dúvidas nos jovens, que se questionaram mentalmente porque alguém visitaria aquele lugar para ver apenas latas velhas e uma grande quantidade de lixo amontoado.

Atrás das grades, nada muito diferente era visto. Vários carros empilhados um em cima do outro, peças de veículos espalhados pelo chão, e caminhos como entradas de labirintos que podiam ser levados a qualquer canto. Nenhum barulho vinha de lá, o que já causava um pouco de alívio entre eles, que se confirmaram mais uma vez de que o ferro-velho estava mesmo desprotegido.

E com o rosto próximo das grades, analisando as entradas por meio dos carros quebrados, Lucas observava em silêncio, enquanto ouvia o tagarelar dos três amigos atrás de si, que se dividiam entre estarem tensos, inquietos e nada excitados para a possível aventura de invasão.

— E se tiver outro cara ai dentro? Se esse Ferrer colocou mais um para ajudá-lo durante a vigia... — mesmo que tivesse aceitado fazer parte do plano, Harper não se cansava de reclamar e mostrar as infinitas possibilidades de como tudo poderia dar errado. Achava mesmo que se fosse convicta em suas palavras, convenceria os dois garotos e sua namorada a darem o fora dali, e ainda poderiam passar na delegacia e alertar a policia de que Wilcox era bom em hackear câmeras e os ajudariam a identificar a identidade do assassino. — Não quero ser pessimista, mas...

— Você já está sendo pessimista, Harper — Cameron resmungou, se direcionando a olhar para as duas garotas e para o garoto que ainda continuava com o rosto próximo das grades.

— Cam, porque veio de mochila? — notando que o amigo carregava uma mochila nas costas, Brooke se interessou, levantando os olhos e bisbilhotando.

— Para me precaver.

— Do quê?

— Coisas básicas... Trouxe kit de primeiros socorros, lanternas, repelentes... — ele pensa um pouco, analisando se não se esquecia de nada. — Ah! E uma arma.

Harper arregalou os olhos.

— Uma arma?!

— Spray de pimenta!

— Jesus, Cameron! Estamos invadindo um ferro-velho, não um banco — Brooke jogou as mãos para os ares.

— Nunca se sabe o que se pode encontrar em um lugar como esses — ele virou a cabeça novamente, agora mirando a fachada do local, que se tornava mais assustadora cada vez que a encarava.

Trust No One (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora