DOIS DIAS DEPOIS
AMBROSE
Eles estavam sentados no sofá, atentos aos noticiários que passavam no canal aberto da televisão em um daqueles programas de jornais matinais que relatavam as noticias que ocorreram nas últimas vinte e quatro horas. E não só eles, como provável toda a população da cidade de Ambrose vinha criando aquele vínculo curioso com a emissora que se mostrava a porta-voz dos acontecimentos horripilantes que assombravam o vilarejo amaldiçoado. Todos queriam saber como estava sendo o estado grave da delegada, Michelle Smith, que foi baleada duas vezes no estacionamento da delegacia a três noites. Pelo que se era dito por meio daqueles portais de comunicação, a cirurgia para a retirada das balas tinha sido bem executada, durando menos que cinco horas de uma madrugada que manteve todos acordados em suas casas, atualizando qualquer nova informação que era soltada pelos jornalistas que acampavam em frente ao hospital. Entretanto, o pós-cirúrgico era o verdadeiro problema, visto que um dos tiros acertaram um dos rins da mulher, levando-a para um estado altamente grave e de risco, o que a induziu ficar em coma na UTI, respirando por aparelhos e tendo checagem de pulso a cada meia hora para saber quanto tempo aquilo iria durar. Mesmo que não dissessem em voz alta, era nítido que as chances que ela tinha em sair viva daquilo eram mínimas, contudo todos optavam por acreditar no melhor, considerando que ela era o símbolo de Ambrose, e o encorajamento de seus oficiais para a procura do alvo principal de quem havia feito aquilo; O Estripador.
Não precisou se criar teorias ou suposições sobre o acusado de ter deixado a delegada em coma. Fora mais do que óbvio aquela armação em encurralá-la em um momento desprevenido, e sumido sem deixar rastros. Não era a primeira vez que isso acontecia, considerando os severos assassinatos largados pela cidade que o assassino mascarado vinha cometendo, o último deles foi um dos policiais, queimado vivo atrás de um posto de gasolina, com seu corpo encontrado já em estado carbonizado. Parecia que ele tinha se cansado de brincar apenas com os adolescentes e agora se divertia em meio às autoridades, jogando suas apostas por debaixo de seus narizes, acreditando na possibilidade de que nunca seria descoberto. E isso, começava a deixar todos assustados, em acreditar que o mascarado pudesse estar certo.
Com as autoridades em alerta, e o caos instalado, era apenas aguardo para que uma nova quarentena surgisse nos subúrbios. Visto que, um comunicado oficial estava prestes a sair pela imprensa que trabalhava no departamento de polícia. Não se dava mais para manter os outros em perigo, a quantidade de corpos e vítimas ia se crescendo conforme os dias se passavam, todos sentiam medo quando a noite se instalava e a madrugada rendia gritos e desesperos. Pesadelos e terror noturno daqueles que se sentiam em ameaça dentro de suas próprias casas, com medo que um ceifador invadisse suas residências e exterminasse uma família.
E mantendo os mesmos olhares preocupantes nos rostos, o trio de jovens se revezam em comer o cereal, com a tigela sendo passada entre eles, em olhos tão fissurados na tela de televisão, que nem mesmo percebiam a boca parada sem mastigar, prolongando ainda mais o café da manhã e quase estendendo a hora para um possível atraso nas aulas.
— Ele vai acabar com Ambrose — falou Damien, sentado na beirada do sofá, que dividia com sua irmã e a melhor amiga na outra ponta, ambas vestidas em pijamas e meias combinadas. — Isso vai ficar insano.
— Não temos mais para onde fugir — murmurou Maeve, levemente incomodada em assistir ao noticiário. Nunca se sentiria a vontade em ter mais noticias a respeito de um serial-killer que tinha ela como sua peça favorita. — Ele conseguiu.
— Chega de vermos isso. Vamos ficar loucos — pegando o controle remoto, Brooke mudou o canal, escolhendo por outro que passava desenho animado. — Estou tendo meus dias de folga desse desgraçado. Depois de ter corrido uma maratona por aquele cemitério, e ter sido enterrada viva, preciso mesmo desse hiatus de assassino mascarado.
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Trust No One (Finalizada)
Misterio / SuspensoQuando o presidente do Corpo Estudantil é encontrado morto em praça pública, os moradores de Ambrose se veem presos em uma grande armadilha feita por um serial-killer que se esconde entre os jovens próximos a vítima. A detetive Agatha chega a cidade...