Capítulo 16. I

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NA MESMA NOITE

Elas foram colocadas juntas no banco traseiro de uma das viaturas, logo depois de serem atendidas pelos paramédicos que agilizaram em fazer um curativo no braço de April Mckenzie, após a líder de torcida revelar o corte que receberá em um ataque surpresa feito pelo assassino. Foram retiradas da casa em menos de meia-hora, quando a detetive Agatha Rogers reapareceu no quarto em que elas estavam escondidas e afirmou que já era seguro para que saíssem. Ela apresentava estar machucada, mancando um pouco e ofegante, e um corte na lateral de seu pescoço fazia com que o sangue jorrasse por toda sua jaqueta e manchasse a camiseta por dentro, no entanto ela não parecia se importar, e tão menos respondeu as perguntas invasivas das meninas que tentaram questioná-la sobre o que teria acontecido. Elas apenas foram levadas para fora da residência dos Murray, e permaneceram, dentro daquele veículo abafado, encostadas em uma das calçadas, observando a movimentação decorrer ao redor da casa, com viaturas e ambulâncias preenchendo o jardim, que chamava mais atenção dos vizinhos que não demoraram a cercar o ambiente, bisbilhotando para ver o que tinha acontecido.

Longos minutos de silêncio decorreram após a retirada do corpo, levado em um saco preto e colocado na parte traseira de uma das ambulâncias. As garotas na viatura apenas observaram aquilo acontecer, em quietude partilhada que sintonizava a mesma dor pela perca que tiveram. Quando o estalo veio diante de seus olhos, e a ficha finalmente caiu sobre o que significava e como tinha acontecido, April Mckenzie começou a chorar. Ela ergueu os joelhos e apoiou os pés no banco estofado, e se debruçou nos braços para chorar. Suas costas se curvavam de tanto que lacrimejava, soluçando e se tremendo pela dor em ter perdido sua única melhor amiga. Maeve tentou ajudá-la, mas a líder de torcida se recusou, pedindo para ter seu próprio tempo e que não queria ser acolhida.

Ela só precisava chorar.

E foi o que fez, por quase vinte minutos, sem uma pausa. April colocou para fora, toda sua tristeza, dor e luto. Não se limitou a nada. Precisava disso, mais do que ninguém. Afinal, Lydia Smith não tinha sido a primeira. Sierra quem deu início, e Vicki quem continuou, percas que fizeram a vida de Mckenzie virar de cabeça para baixo, quando se deu conta de quão profunda poderia ser a crueldade e insanidade de alguém, que só queria vingança.

E encostada com a cabeça no vidro da janela, observando a movimentação em frente a casa dos Murray, Maeve assistia Agatha ser atendida por um dos paramédicos, que fazia um curativo em seu pescoço, estancando o sangue e passando algum recado a ela que obrigava a mulher assentir com a cabeça e confirmar. Queria saber o que tinha acontecido com ela e o Estripador no andar debaixo, apenas ouviu os barulhos, e depois nada mais foi esclarecido. Não fazia ideia de como ele teria ido embora, ou se só fugirá, após ouvir o som das viaturas. Mas, sentia que não era o momento ideal para questioná-la sobre isso agora.

Na verdade, a maior duvida de Griffin era saber que horas iria embora dali, e ao menos a policia lhe deixaria em casa.

— Minha cabeça está começando a doer — encostando-se ao banco, abaixando as pernas e virando a cabeça para ela, April exibiu a maquiagem borrada.

— E como está seu braço?

— Parece que agora terei duas cicatrizes em cada um — ela mostrou o outro, que já fora machucado antes. — Meu Deus, odeio cicatrizes. É como se fosse uma dismorfia corporal. Sou totalmente contra.

— Eu tenho algumas também — Maeve disse. — Você vai sobreviver.

— Porque ele fez isso, Maevis? Porque foi atrás de nós?

Queria ter uma resposta ideal, uma correta que pudesse fazê-la entender, entretanto nem mesmo ela sabia. Toda vez que achava estar entendendo o jogo dele, as regras mudavam, e tudo se embaralhava para deixá-la perdida. Não havia dois dias desde a morte de Lucas e Lola Wilcox, e ela já estava presenciando outro homicídio.

Trust No One (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora