Capítulo 23. "I'm sorry for the things that I did not say" (Akon)

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Eu deveria saber que ela não atenderia aos meus telefonemas, ou abriria a porta de sua casa, ou sacada, pra que eu entrasse, mas ainda assim eu tentei, tentei dia após dia, o tempo todo, era tudo o que eu conseguia fazer, tudo que ficava em minha mente nas três semanas posteriores àquele dia.

Procurei-a, enviei flores, cartas, ursos, e tudo isso estava sobre a minha cama, espalhado pelo chão do meu quarto, trazidos pela mesma pessoa que os levou: Jisoo.

Ela não queria me ver, nem saber o que eu tinha pra dizer, não lhe interessava e eu compreendia. Ela não queria se lembrar de mim e minha insistência a atrapalhava. Há apenas uma semana atrás eu tive uma resposta, a primeira e única.

Também foi a última vez que tentei recuperá-la, ou me explicar. Seu bilhete dizia, exatamente com estas palavras: Por favor, não volte a me procurar, se você sente qualquer consideração por mim, me deixe em paz, é tudo o que eu quero de você, distância. Obrigada.

Era muito fácil ignorar seu ódio e rancor, era muito fácil continuar tentando qualquer contato enquanto ela apenas se negava a aceitar qualquer coisa de mim, pois eu sabia que isso aconteceria ainda por um bom tempo até que ela estivesse aberta a respostas.

Mas aquele era um bilhete que eu não podia fingir não ter lido, eu não podia negar a ela a paz que ela me implorava. Lisa estava sofrendo e eu estava colaborando com isso a cada vez que tentava ser lembrado por ela.

Ela estava sofrendo tanto ou mais que eu e esse era um ponto de vista que eu não podia mais me esquivar. Eu não podia mais fazer isso, então minha prioridade foi dar a ela o tempo que ela precisava.

A primeira semana, ao contrário do que muitos pensam, não foi a mais difícil, nunca é. Embora eu não pensasse em outra coisa que não fosse me reconciliar com ela, eu ainda tinha esperanças que em uma das tentativas ela fosse abrir a porta pra mim, me deixar falar, contar-lhe tudo desde o começo.

O verdadeiro terror veio na semana seguinte, pois eu começava a deixar de acreditar que um dia ela fosse me perdoar.

Eu estava cansado de pensar em maneiras de me humilhar, eu só queria que ela se dispusesse a me ouvir, ela podia me dar um limite de tempo, podia ser por telefone, por carta, SMS, com limite de caracteres, mas eu precisava que ela quisesse conversar comigo.

Eu não merecia e eu estava ciente disso, esse fato me privava de fome, fazia com que o sono me abandonasse todas as vezes que eu ameaçava encostar a cabeça no travesseiro. Eu não me lembrava de como era chorar, havia um bom tempo que eu não tinha razões boas o suficiente pra isso.

Mas tive tempo pra reaprender e agora a prática me levava a fazer com mais frequência do que eu gostaria. Minha mãe estava preocupada, mas ela também tinha seus problemas com meu pai. Minha casa estava fora de ordem e a única pessoa que me faria sentir bem, não queria ouvir falar meu nome.

Os caras vieram me visitar frequentemente nos primeiros dias, tentando me fazer sair de casa, me convenceram uma vez. 9 doses de tequila e 1 de glicose. Quem sabe seja por isso eles não tenham tentado outra vez e passaram a me visitar muito pouco.

Talvez tenham, finalmente, percebido que eu preferia não me levantar da cama, pelo menos não até ter certeza de que não iria me embebedar e acabar chorando num hospital.

Eu também tinha meus limites, acreditem, descobri isso depois de ler, pela última vez, o bilhete de Lisa e decidir, de uma vez por todas, que eu não tinha valor pra contrariar sua vontade, nem direito. Era seu bem-estar que eu havia afetado, agora eu devia deixá-la ir e recuperar sua felicidade.

Esse foi o momento mais difícil daquelas três semanas sem Lisa.

- Filho... - A voz de minha mãe invadiu o cômodo, desviei meu rosto da minha mochila sobre a cama para examinar seu rosto - Jimin e Taehyung estão lá embaixo, te esperando.

Betting Her - LiskookOnde histórias criam vida. Descubra agora