Uma pontada, forte, quando retomei a consciência. Uma ainda mais aguda quando abri meus olhos, e quando me sentei, senti que minha cabeça podia estourar a qualquer instante. As batidas na porta se mantiveram, era como se estivessem dentro de mim, mais especificamente em meu crânio.
Levantei da cama e, sem o menor entusiasmo, fui atender. Lisa estava parada no corredor, com sua pasta em mãos, vez ou outra os papéis escorregavam e seguiam uma corrente de ar, aterrissando no carpete cor de vinho.
Encostei-me ao batente e sorri fraco, me esquecendo, por um momento, de todos os mal entendidos e do que havia acontecido na noite anterior. Notei a pouca maquiagem, o penteado delicado, sofisticado e a roupa tão séria.
Não achei que fosse combinar com ela. Eu estava enganado. E ela, linda.
- Você pode me ajudar? – Perguntou ela, inclinando-se desajeitadamente dentro de sua saia justa para recolher alguns papéis, fiz o mesmo, com maior facilidade, e quando endireitei minha coluna, senti uma fisgada quase insuportável na minha cabeça, apertei os olhos, respirando fundo para não soltar um palavrão – Obrigada.
- De nada – Respondi, empilhando novamente as folhas dentro de sua pasta.
- Pelo jeito você não vai sair desse quarto hoje, não é? – Disse ela, e eu senti um rastro de decepção em sua voz.
- Claro que sim, que horas é sua apresentação? – Perguntei, já rezando pra que não fosse a primeira, ou eu teria que correr.
- Às 11, depois do primeiro coffee break – Respondeu, crispando os lábios em seguida.
- Estarei lá.
- Ok, eu estou indo, preciso me organizar ainda – Eu sabia que ela já estava com tudo pronto, mas sua ansiedade não permitia que ela também se desse conta disto.
- Certo, eu vou tomar um banho – Resmunguei, já pensando no frio que eu iria passar.
- Faça isso – Seu sorriso foi divertido enquanto me olhava de cima a baixo, semicerrei meus olhos em uma expressão irônica.
- Tchau, Lisa.
Ouvi sua risada gostosa invadir o corredor pouco antes de ter a porta fechada em sua cara. Não contive um sorriso, era estranho essas nossas mudanças repentinas de humor e comportamento.
Mas talvez a noite anterior tenha me mostrado que merecíamos uma trégua, cedendo ao seu pedido de tornar a viagem menos ruim... Mesmo sem me lembrar conscientemente de seu pedido naquele momento.
Abri minha mala e me perguntei se eu deveria usar uma camisa, talvez um blazer... Mas desisti quando descobri que eu não tinha nada do tipo ali comigo. Deixei separado sobre a cama um jeans de lavagem preta, uma camiseta branca e um casaco grosso marrom acinzentado.
Escolhi uma boxer branca qualquer e me arrastei até o banheiro, quase desistindo. Se eu não soubesse que iria me ajudar a curar a ressaca, talvez eu tivesse mesmo deixado passar. Meu banho não durou mais que 15 minutos. O frio não ajudava em nada.
Eu poderia passar mais de meia hora sob o chuveiro em outra situação. Sequei meu cabelo e pensei em fazer a barba, mas a vontade passou rápido. Borrifei um pouco do anti transpirante e saí do banheiro, quase correndo.
Me vesti o mais rápido que consegui diante da tremedeira da ressaca. Meu estômago roncava alto, e eu precisava de uma aspirina antes que minha cabeça explodisse. Tirei meu óculos de sol da mochila, o aviador marrom, já que o outro o Jimin fez o favor de sentar em cima.
Minha mãe ficou contente, não gostava muito dele. Calcei meu tênis e coloquei minha carteira no bolso. Fechei meu casaco a caminho da porta do quarto. O corredor estava tão vazio quanto o restaurante, pude escolher uma mesa do lado de fora, aproveitar o pouco sol.
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Betting Her - Liskook
Hayran Kurgu[CONCLUÍDA] Ele era o membro de uma banda pop, ela era membro do clube de teatro. Ele sabia colar, ela era a cola perfeita. Ele não sabia a quantia de garotas com quem dormira, ela não sabia o significado de "dormir" com alguém. Ele tinha amigos, co...