Capítulo 40. "Eu sou um acidente em câmera lenta" (Hear Me Out - Frou Frou)

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A disposição me tomou logo pela manhã, quando me recordei da mensagem de Jennie. A curiosidade sempre me deixava elétrico, e mesmo com tudo o que estava acontecendo, não foi diferente.

Levantei e tomei um banho mais demorado do que de costume, estava calor, apesar da chuva que se estendeu por toda a madrugada.

Me vesti e desci até a cozinha, deixei o café da manhã preparado sobre o balcão da cozinha, minha nova meta era não mimar mais minha mãe, ela iria levantar e descer se quisesse comer, e eu tinha plena certeza de que ela iria fazer o possível pra melhorar.

Jisoo desceu em seguida, já arrumada para ir trabalhar.

- Eu ainda não consegui entender porque ele levou meu carro – Eu dizia, inconformado com tal fato, Jisoo bebericou seu suco e rolou os olhos.

- Sei lá, Jungoo, isso é o de menos.

- De menos? A gente poderia trocar por um mais barato e guardar o dinheiro caso precisássemos – Me defendi, deixando os ovos mexidos escorregarem da frigideira para meu prato – Mas tanto faz, nós só precisamos nos concentrar e fazer dar certo.

- Sim, tenta ser simpático pra ganhar gorjeta das velhas – Jisoo zombou, gargalhei, dando um tapa em minha própria bunda.

- Sou sexy por natureza, as velhas me adoram.

- Entretanto, a única velha que pode te abraçar e dormir com você, sou eu – Olhei para trás e vi mamãe adentrar a cozinha, envolvida em seu hobbie cor de rosa.

- Mas é claro, mamãe – Ri, vendo-a se acercar com um sorriso tímido e o rosto inchado – Senta, você quer ovos?

- Não, filho, obrigada, vou ficar com as torradas.

- 'Tá, tudo bem, então eu vou indo, preciso pegar o metrô – Mamãe pareceu entristecer-se com esse fato – Estou contente em voltar aos velhos tempos de pegar metrô, além do mais, faltam apenas alguns meses.

- É, você 'tá precisando mesmo de umas aventuras, 'tá virando meio nerd – Jisoo disparou e eu sorri com sarcasmo.

- Tchau, qualquer coisa que precisarem, me liguem.

Dei um beijo na cabeça de mamãe e abracei Jisoo me direcionando a porta, ao que passei por ela pude ver o Maverick estacionado do outro lado da rua.

Angie estava encostada nele, com um cigarro preso entre os dedos finos e pálidos, seus cabelos parcialmente presos de um jeito desarrumado e os olhos semi-abertos, pareciam não suportar a claridade.

Andei até ela, segurando a mochila em meu ombro.

- Bom dia, menino – Disse, soprando a fumaça do cigarro praticamente em meu rosto, balancei a cabeça num cumprimento.

- Bom dia – Respondi, ainda confuso por vê-la ali.

- Quer uma carona até o colégio? – Olhei de seu rosto, para seu carro, e depois para a estação de metrô na outra esquina.

- Vou aceitar – Sorri, me virando para ela que já estava dentro do carro, dei a volta e ocupei o lugar ao seu lado.

- Como está sua mãe? – Ela quis saber, tranquei o cinto de segurança e deixei minha mochila em meus pés.

- Está melhor, hoje ela desceu pra comer com a gente, acho que em breve ela estará recuperada – Angie concordou com a cabeça, parecendo satisfeita com minha resposta.

Ficamos em silêncio, os dois, o resto do caminho, apenas a voz de Mick Jagger preenchia o carro que, apesar de muito conservado, fedia a nicotina. Angie não parecia se importar com isso, pois da minha casa até o colégio ela havia tragado mais dois cigarros, sem parecer esforçar-se pra isso.

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