Meu coração parecia inchar, batendo com uma força e rapidez alucinante, meus dentes trincados e meus punhos fechados não me permitiam disfarçar a raiva. Eu podia sentir aquela mágoa pulsar em minhas veias, o mesmo rancor que eu senti quando Hector destruiu meu barco de brinquedo quando eu tinha sete anos.
O mesmo asco que tive ao ver James com Lisa desfalecida em seus braços. O mesmo ódio que surtiu ao que vi minha mãe naquela cama de hospital. Multiplicado.
Ainda não tem nome para o que eu senti ao ver meu pai descer da Tucson para falar com o frentista. Ele estava tão... Bem. Estava mais magro, corado, seus cabelos mais escuros e um sorriso cheio de uma saúde que eu não via em minha mãe.
Ah, é! Ele tirou isso dela.
Eu dei um passo em direção à porta de saída da loja de conveniência, mas a mão de Angie me impediu de continuar. Ela tinha outro plano, e deveria ser seguido, mas eu não podia suportar a gana de rodear seu pescoço com as minhas mãos e fazê-lo se desculpar antes de ficar completamente roxo.
Eu queria bater nele, tanto quanto queria ir embora e nunca mais ter que olhar pra cara dele novamente.
- Jk, tenta se acalmar, ok? – Angie pediu, daquele jeito que faz parecer fácil – Eu sei que você quer matar ele, eu sei disso, mas nós precisamos usar a cabeça, ok?
- Posso dar uma cabeçada nele, também – Respondi automaticamente, sem deixar de olhar para aquele que se dizia meu pai, Angie soltou uma risadinha e me abraçou por trás, segurando meus punhos e acariciando-os, era como mágica, ela sabia me desmontar.
- Pode fazer o que quiser quando descobrirmos onde ele está morando, mas agora, nesse minuto, você vai ficar bem aqui, comigo, sendo paciente – Bufei, rolando os olhos e me voltando pra ela – Não é?
- É – Rolei os olhos.
- Então ok, prepare-se, ele tá entrando no carro, vamos segui-lo.
Foi o que fizemos. Entramos no carro de Angie e avançamos logo atrás da Tucson. Não levou muito tempo até ele estacionar o carro em frente a uma casa bege. Não era grande, dois andares, janelas extensas, uma varanda aconchegante e um jardim vivo.
Um cachorro, grande e peludo, se aproximou de meu pai assim que ele desceu do carro, abanando a droga do rabo. Logo uma mulher, jovem e bonita, saiu pela porta, com um short mais curto que minha paciência e cabelos na cintura.
Vê-la beijá-lo na boca encheu a minha de uma amarguidão estranha, como se eu fosse vomitar. Senti a mão de Angie sobre a minha, que estava agarrada fortemente à minha calça jeans, eu tremia dos pés a cabeça.
Nunca me senti tão mal pela felicidade alheia... Mas naquele dia, eu desejei ter uma bomba.
- Posso descer agora? – Pedi, me virando para Angie, que sorria com carinho, seus dedos massagearam minha bochecha de maneira confortável, fechei meus olhos por um instante e foi como se tudo estivesse bem, mas a sensação foi mais breve do que eu gostaria.
- Vai lá, e me faz um favor? – Assenti devagar – Tire toda essa merda de raiva de dentro de você, acabe com ele, mas não com você mesmo.
Acatei ao pedido de Angie como um "vai lá e quebra ele ao meio". Desci do carro e comecei a caminhar em direção ao jardim, tão bem cuidado. Só quando eu estava bastante próximo eles se deram conta da minha presença.
Meu pai empalideceu, e a menina, sim, era só uma menina, pareceu não saber quem eu era.
- Entre, Marrie – Pediu meu pai.
- Por quê? – Quis saber.
- Olá, Marrie, sou Jungkook, tudo bem? – Estendi minha mão em sua direção, ela me sorriu de maneira simpática e me cumprimentou – Então é você, minha nova madrasta? – A piada pareceu não ter humor pra nenhum de nós.
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Betting Her - Liskook
Fanfic[CONCLUÍDA] Ele era o membro de uma banda pop, ela era membro do clube de teatro. Ele sabia colar, ela era a cola perfeita. Ele não sabia a quantia de garotas com quem dormira, ela não sabia o significado de "dormir" com alguém. Ele tinha amigos, co...