Capítulo 46. " I said, for you I'm a better man" (Better Man - James Morrison)

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Meu coração parecia inchar, batendo com uma força e rapidez alucinante, meus dentes trincados e meus punhos fechados não me permitiam disfarçar a raiva. Eu podia sentir aquela mágoa pulsar em minhas veias, o mesmo rancor que eu senti quando Hector destruiu meu barco de brinquedo quando eu tinha sete anos.

O mesmo asco que tive ao ver James com Lisa desfalecida em seus braços. O mesmo ódio que surtiu ao que vi minha mãe naquela cama de hospital. Multiplicado.

Ainda não tem nome para o que eu senti ao ver meu pai descer da Tucson para falar com o frentista. Ele estava tão... Bem. Estava mais magro, corado, seus cabelos mais escuros e um sorriso cheio de uma saúde que eu não via em minha mãe.

Ah, é! Ele tirou isso dela.

Eu dei um passo em direção à porta de saída da loja de conveniência, mas a mão de Angie me impediu de continuar. Ela tinha outro plano, e deveria ser seguido, mas eu não podia suportar a gana de rodear seu pescoço com as minhas mãos e fazê-lo se desculpar antes de ficar completamente roxo.

Eu queria bater nele, tanto quanto queria ir embora e nunca mais ter que olhar pra cara dele novamente.

- Jk, tenta se acalmar, ok? – Angie pediu, daquele jeito que faz parecer fácil – Eu sei que você quer matar ele, eu sei disso, mas nós precisamos usar a cabeça, ok?

- Posso dar uma cabeçada nele, também – Respondi automaticamente, sem deixar de olhar para aquele que se dizia meu pai, Angie soltou uma risadinha e me abraçou por trás, segurando meus punhos e acariciando-os, era como mágica, ela sabia me desmontar.

- Pode fazer o que quiser quando descobrirmos onde ele está morando, mas agora, nesse minuto, você vai ficar bem aqui, comigo, sendo paciente – Bufei, rolando os olhos e me voltando pra ela – Não é?

- É – Rolei os olhos.

- Então ok, prepare-se, ele tá entrando no carro, vamos segui-lo.

Foi o que fizemos. Entramos no carro de Angie e avançamos logo atrás da Tucson. Não levou muito tempo até ele estacionar o carro em frente a uma casa bege. Não era grande, dois andares, janelas extensas, uma varanda aconchegante e um jardim vivo.

Um cachorro, grande e peludo, se aproximou de meu pai assim que ele desceu do carro, abanando a droga do rabo. Logo uma mulher, jovem e bonita, saiu pela porta, com um short mais curto que minha paciência e cabelos na cintura.

Vê-la beijá-lo na boca encheu a minha de uma amarguidão estranha, como se eu fosse vomitar. Senti a mão de Angie sobre a minha, que estava agarrada fortemente à minha calça jeans, eu tremia dos pés a cabeça.

Nunca me senti tão mal pela felicidade alheia... Mas naquele dia, eu desejei ter uma bomba.

- Posso descer agora? – Pedi, me virando para Angie, que sorria com carinho, seus dedos massagearam minha bochecha de maneira confortável, fechei meus olhos por um instante e foi como se tudo estivesse bem, mas a sensação foi mais breve do que eu gostaria.

- Vai lá, e me faz um favor? – Assenti devagar – Tire toda essa merda de raiva de dentro de você, acabe com ele, mas não com você mesmo.

Acatei ao pedido de Angie como um "vai lá e quebra ele ao meio". Desci do carro e comecei a caminhar em direção ao jardim, tão bem cuidado. Só quando eu estava bastante próximo eles se deram conta da minha presença.

Meu pai empalideceu, e a menina, sim, era só uma menina, pareceu não saber quem eu era.

- Entre, Marrie – Pediu meu pai.

- Por quê? – Quis saber.

- Olá, Marrie, sou Jungkook, tudo bem? – Estendi minha mão em sua direção, ela me sorriu de maneira simpática e me cumprimentou – Então é você, minha nova madrasta? – A piada pareceu não ter humor pra nenhum de nós.

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